quarta-feira, setembro 08, 2010

Não sei se espero, mas desejo que poucos professores pensem assim...

Acabo de ler um comentário num blogue. Nada interessa qual o blogue e nadinha interessa quem fez o comentário. Porque este será irrelevante se for isolado. O que me pergunto é se há significativo número de professores que o subscreveriam. Desejo que não - caso contrário, ficaria desesperada.

"... aponta para um ensino diferenciado. Muito difícil, senhor professor, com turmas numerosas e outras variantes que tão bem conhecemos. Não vale a pena ir por aí, infelizmente." (Acentuado meu)

Tive imensas turmas numerosas, toda a vida fiz "ensino diferenciado" e não tive nenhum esgotamento nem nada que se pareça.

Mas esclareçamos o que é e o que não é (ou não tem que ser) 'ensino diferenciado'. E até começo por dizer o que, de facto, tornaria impossível que o fosse. Impossível seria se se ensinasse para toda a turma com se todos os alunos fossem um só - o aluno médio - a quem se expõe matéria na maior parte do tempo. Mas deixemos essa impossibilidade porque não acredito que haja algum professor que (ainda) proceda assim.

Ensino diferenciado não é ensino individual nem tem que ser ensino individualizado.

Ensino diferenciado começa pela noção (que todos têm - não duvido) de que os alunos não são iguais e, portanto, precisam de tratamentos diferentes. «Enquanto não lidarmos conscientemente com as diferenças de que os alunos são portadores, tal como com as suas semelhanças, temos tudo a perder.» (Tomlinson e Allan, 2002:8)
"Diferenciar é não dedicar a todos a mesma atenção, o mesmo tempo, a mesma energia.» (Perrenoud, 2001:44) - ainda que de modo variável, consoante as necessidades dos alunos em cada momento, acrescento eu.
Diferenciar é planificar algumas aulas ou uma parte das mesmas de modo a que, enquanto uns alunos realizam trabalho autónomo, o professor se detém mais junto de outros (ou de um grupo) a quem são dadas propostas de trabalho ou tarefas adequadas, por exemplo, a recuperação em lacunas ou à ultrapassagem de dificuldades.
Diferenciar é também, por estranho que pareça, usar métodos cooperativos com grupos heterogéneos, o que gera a ajuda e a entre-ajuda.

Condições necessárias para ensino diferenciado: Aulas activas, centradas nos alunos, e movimentação do professor na sala de aula.

Nota: Antes de me acusarem disso de "eduquês", corrijam os disparates que se dizem e escrevem por cá sobre o significado de "ensino centrado no aluno".

2 comentários:

Isabel Preto disse...

Só assim, podemos ir ao encontro de cada um e ter algum sucesso!
Beijinhos.

Madalena disse...

Claro que o que tu dizes é o que é. Obrigada pelo contributo sempre esclarecido e sábio para a nossa reflexão necessária. Beijinho grande, Isabel!