terça-feira, junho 03, 2008

Um NÃO que poderia ter sido dito. Poderá ainda?

Recebi por mail e já vi que o Ramiro Marques divulgou. Também não resisto a transcrever.

Hoje, o menino pintor foi à minha escola. Em vez da tela, levou pequenos autocolantes com o cravo de Maio, o lacinho preto e um NÃO. Explicou aos professores o seu sonho e todos aceitaram colocar a flor ao peito, conscientes do seu significado: não integrar nenhuma lista para o Conselho Geral, nem votar em nenhuma candidatura que, eventualmente, possa surgir. Em abono da verdade, devo dizer que não foram bem todos: um colega, pertencente ao Conselho Executivo, teve a amabilidade de declinar a oferta. Compreende-se, não é verdade? Dos restantes, o menino já nem sequer se abeirou. Mas, ao fim da manhã, a escola parecia um campo florido, em pleno mês de Abril. Que espectáculo tão belo!
O sonho desse menino é tão lindo, a sua crença é tão grande, que eu penso ser capaz de contagiar este pequeno país, de lés a lés. Por isso, mandei fazer pins com o mesmo símbolo, para que todos os meus colegas possam ostentá-lo com orgulho, transmitindo assim, constantemente, mensagens de solidariedade e reforço do espírito colectivo. Esse cravo ao peito será, diariamente, um sinal de esperança, a convicção reforçada numa vitória merecida. Esse cravo lembrará a cada professor que não está só, que pode contar com todos os seus colegas, pois todos o trarão ao peito, enquanto a causa durar.
Gostaria que todos os professores do meu país, aqueles que têm esta mesma dor e esta mesma paixão que me tritura, se unissem num amplexo nacional capaz de suplantar todas as manifestações, todas as organizações sindicais: o NÃO de cada um. Cada um de nós diz NÃO e não há força capaz de nos deter. O NÃO de cada um — acreditem — é mais forte do que o grito de cem mil. Tenham a ousadia de experimentar. Podem, se não tiverem melhor, retirar esta imagem do meu blogue (desculpem, mas eu escrevo “blogue” com as cores do meu país). Depois… ponham o milagre a funcionar. Vão ver que não dói nada!

Luís Costa

P.S. – Façam-me o favor de entregar esta mensagem a Mercúrio, o mensageiro dos deuses, para que ele a leve, num instante, a todos os cantinhos deste país cheio de defeitos, mas que tanto amamos.
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Adenda

PETIÇÃO
Seguindo o link, a petição pode ser lida e assinada.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

A escola situada é muito previsível. Hoje vi concretizar-se um processo eleitoral para o conselho geral transitório. Foi um dia muito triste! ... E por aqui me fico :(

IC disse...

Miguel, eu não tive esse dia muito triste só porque já não estou na escola. A minha ex-escola foi das primeiras a concretizar o processo. Aliás, nem seria um dia muito triste, pois, como dizes, era previsível, é o que já se esperava.
Só gostava que os que sempre criticam os sindicatos - melhor dizendo, as direcções sindicais, pois sindicatos são todos os sindicalizados - apresentassem propostas de acção concretas, as tais que não estejam ultrapassadas, sejam imaginativas e sejam oportunas. No caso do NÃO aos cgt os professores não tinham que fazer nem greves, nem manifs, nem nada - era só isso: não fazerem nada, não concorrerem, não votarem. Não consigo imaginar forma de luta mais fácil e cómoda. Quanto à razão (ou razões) de não aderirem... bem... também por aqui me fico.

Enfim... É importante não termos ilusões, mas também é importante não abandonarmos as nossas utopias. Haverá sempre os que lutam toda a vida...