domingo, outubro 23, 2005

domingo com jogos

Até foi uma tarde divertida. Eles brincaram sem pedir para irem para "aquelas" máquinas, também participei pois houve partida de bowling, e na hora do "tenho fome", "eu também", nem insistiram em ir ao McDonald's. Assim, foi só um nadinha pelos jogos e muito mais pelo post aqui, de Suzana Toscano, no blog Quarta República , que me lembrei de um texto que recebi há uns meses no mail (desses que correm de mail em mail, autoria perdida). Transcrevo-o, não tanto pela descrição - impossível de ser hoje real e impossível de não ser hoje insensatamente perigosa -, mas pela sua frase final.

"Será que nasceste nos anos 60 ou 70 ?
Como conseguiste sobreviver?
Os carros não tinham cinto de segurança, nem apoio de cabeça nem seguramente airbags.
No banco de trás era a festa, era divertido e não era perigoso.
As barras das camas e os brinquedos eram multicolores ou pelo menos envernizadas e com tintas contendo chumbo ou outros produtos tóxicos.
Não havia protecção infantil nas tomadas eléctricas, portas das viaturas, medicamentos e outros produtos químicos de limpeza.
Podia-se andar de bicicleta sem capacete.
Bebia-se água da mangueira de rega, num chafariz ou não importa qualquer outro sítio, sem que fosse água mineral saída de uma garrafa estéril.
Fazíamos carros com caixas de sabão e aqueles que tinham a sorte de ter uma rua asfaltada inclinada junto de casa podiam tentar bater records de velocidade e aperceberem-se, tarde demais, que os travões tinham sido esquecidos... Após alguns acidentes, o problema era normalmente resolvido!
Tínhamos o direito a brincar na rua com uma única condição: estar de volta antes de anoitecer. E não havia telemóvel e ninguém sabia onde estávamos nem o que fazíamos... Incrível!
A escola fechava ao meio-dia para almoço, podíamos ir comer a casa.
Arranjávamos feridas, fracturas e às vezes até partíamos os dentes, mas ninguém era levado a tribunal por isso. Mesmo quando havia grande bagunça, ninguém era culpado excepto nós mesmos.
Podíamos engolir toneladas de doces, torradas com toneladas de manteiga e beber bebidas com Açúcar de verdade, mas ninguém tinha excesso de peso, porque nos fartávamos de correr na rua.
Podíamos partilhar uma limonada com a mesma garrafa sem receio de contágio.
Não tínhamos Playstation, Nintendo 64, X-Box, jogos vídeo, 99 programas de TV por cabo ou satélite , nem vídeo, nem Dolby surround , nem GSM , nem computador , nem chat na internet , mas nós tínhamos.... amigos !
Podíamos sair, a pé ou de bicicleta para ir a casa de um colega, mesmo se ele morasse a alguns km , bater à porta ou simplesmente entrar em casa dele e sair para brincarmos juntos. Na rua, sim na rua no mundo cruel! Sem vigilância! Como é que isso era possível?

Jogávamos futebol só com uma baliza e se um de nós não era seleccionado uma vez, não havia traumas psicológicos, nem era o fim do mundo!
Por vezes um aluno talvez um pouco menos bom que os outros tinha que repetir. Ninguém era enviado ao psicólogo ou ao pedopsiquiatra. Ninguém era disléxico, hiperactivo nem tinha " problemas de concentração". O ano era repetido e pronto, cada um tinha as mesmas oportunidades que os outros.

Nós tínhamos liberdades, erros, sucessos, deveres e tarefas ... e aprendíamos a viver e a conviver com tudo isso.
A pergunta é então: mas como conseguimos sobreviver ? Como pudemos desenvolver a nossa personalidade ?
Será que tu também és desta geração?

Se sim, envia esta descrição aos teus contemporâneos, mas também aos teus filhos sobrinhos e sobrinhas, etc. para que eles vejam como era, naquele tempo!

Eles vão achar que a nossa época era aborrecida .... ah, mas como éramos felizes !"


2 comentários:

AnaCristina disse...

Já conhecia.

A propósito, sabes o que descobri num hipermercado? Uma colecção do Verão Azul, uma série espanhola que dava quando eu era miuda... Que saudades de ver telvisão à tarde e depois ir brincar para a rua e cair das arvores, como aconteceu tanta vez! Chegava a casa e ainda levava um estalo porque não tinha nada que ser maria-rapaz... Mas riamos à brava, brincávamos e, no nosso grupo, somos todos adultos saudáveis, sem traumas...

Mudam-se os tempos...

:D

IC disse...

Ana Cristina, sabes o que mais lembro além das brincadeiras na rua (e da queda na tal rua inclinada que me deixou uma pequena cicatriz na sobrancelha - mas disfarça-se bem lol)? É do 1º dia de férias, desde que aprendi a ler, férias que inaugurava estendendo-me numa cadeira comprida que tinha no quarto com um livro de histórias, a pensar: que bom, vou poder ficar aqui a ler todo o tempo que quiser!
Esse gosto e esses hábitos de leitura perderam-se e quanta falta fazem aos putos de hoje!