sexta-feira, julho 23, 2010

Um poema no momento da reunião dos países da CPLP

Com o agradecimento à Amélia Pais.


A vigilia do pescador



Na praia o vulto do pescador

É mais denso que a noite...


E enquanto espera

A sua ânsia solidifica em concha

E sonoriza os ventos livres do mar.


E enquanto espera

A sua ânsia descobre

os passos da maré na praia

e o sono do borco das canoas.


É manhã

e o pescador

ainda espera


e enquanto o mar

Não lhe devolve o seu corpo de sonhos

Num lençol branco de escamas


Um torpor de baixa-mar

Denuncia algas nos seus ombros.



Arnaldo Santos (Poeta angolano)

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