terça-feira, janeiro 02, 2007

Nota sobre isto do "sonho" e da "esperança"

O meu 1º post do ano fala de sonhos. Outros também já falaram, por palavras minhas ou de poetas que sabem exprimir-se como eu não sei, de sonhos, utopias e esperança. Talvez quem me tenha lido fique admirado por eu esclarecer agora que nunca fui, e continuo a não ser, uma pessoa sonhadora no sentido mais usual do termo. E também não tenho nenhumas ilusões sobre a natureza humana, em que convivem boas e más (ou racionais e irracionais?) tendências, facilmente vencendo as más, sobretudo pela atracção do poder de qualquer tipo.

O post anterior fala em portadores de sonhos, não em sonhos que sonham pessoas em repouso, embora acordadas, pensando em coisas felizes na imaginação para enganarem ou esquecerem a realidade que muito pouco provavelmente lhes permitirá realizá-los. Sonho, para mim, é motor, é o que moveu e move homens e mulheres para a acção, e para a luta (quantos sabendo que não iam ou não vão chegar a usufruir da vitória, quantos arriscando vida ou liberdade, quantos fazendo do seu tempo um grão de contributo pela realização de sonhos da humanidade).

Também esperança não é, para mim, mera crença. Esperança é não desistir enquanto a razão perceber que ainda há argumentos para a não desistência. E a minha razão, felizmente, funciona constantemente com uma perspectiva dialéctica sem a qual eu há muito nada entenderia de evoluções e mudanças, sem a qual me restaria alienar-me para não pensar ou, quem sabe, desistir de ter esperança, e como não sou dada ao conformismo, não encontrar sentido para nada.


Eu gosto muito dos versos de António Gedeão que dizem "Sempre que o homem sonha o mundo pula e avança........", mas porque eles me lembram os homens (homens e mulheres) para quem o sonho é como disse acima: motor, motor, motor!

No conformismo pode haver "sonhadores", mas passivos, sonhando em repouso; no conformismo não há portadores de sonhos (os portadores movem-se) e então o caminho fica todo aberto aos pregoeiros de fatalismos, de irreversibilidades ou do "tarde demais para serem possíveis alternativas".

3 comentários:

tsiwari disse...

conformados, não.

como muito bem dizia o Ary, poeta castrado, não!!!


bjo ***

Teresa Martinho Marques disse...

Tão verdade o que dizes.Sonho com gesto de caminhar até lá: o melhor.
Beijinhos

«« disse...

Isabel antes de tudo que este seja o teu melhor ano. O teu texto leva-me para mim (desculpa o egocentrismo) confesso-me cansado e acho que nunca fui sujeito passivo, mas estou cansado e só levo 42 anos de vida, estou cansado e ainda hoje escrevi no educar da mesma forma que escrevia no intermitencias, por isso, provavelmente trerá o mesmo fim... cada vez mais melhor entendo os que desistem, acredita, contra tanta estupidez, não há argumento que resista...desculpa e beijinhos