Deixo só a canção...
Ah... pensando melhor, tem que ser também na voz de John Lennon, e aproveito para um vídeo de recordações...
Inté... Volto no próximo ano... ;)
Van Gogh (1890). Roses et Anémones
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(O primeiro da Páscoa não era só para a Matemática, pedi perguntas a outros professores)
Bem... agora viria o relato das decepções que eles teriam se eu não tivesse outra turma - só nesta havia concorrentes, mas ao menos o concurso funcionou com vencedores todos os meses, e até houve envio de uma ou duas curiosidades, por iniciativa de alunos da mesma. E não foi porque a página não estivesse divulgada, mas até na minha escola os colegas de disciplina se limitaram a manifestar contentamento porque "já temos uma página de Matemática", e depois, quanto aos alunos... ponto final. :(
Adenda
Acrescentei esta referência porque passou então a ser frequente alunos fraquitos acertarem e tornarem-se muito assíduos a concorrer, enquanto acontecia bons alunos errarem. E, no último ano em que funcionou, o primeiro dos três vencedores do ano (também havia esse apuramento) foi um dos meus alunos mais fraquitos, que teve um sorriso de orelha a orelha quando recebeu as palmas da turma.
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Adenda 2
A propósito da nota de rodapé (alusiva à construção de uma página pessoal por um dos alunos), lembrei-me de que o meu neto, agora também a iniciar o 9º ano, criou um blogue há uns meses atrás sem precisar de ajuda, pois agora basta seguir os passos indicados e ele surge quase automaticamente. Mas disse-me, passado pouco tempo, que o abandonara porque não sabia o que escrever nele. Decerto não dirão o mesmo os adolescentes e jovens que tenham passado por experiências tais como as conduzidas pela 3za - como se pode ver aqui e aqui -, ou pelo Pedro - referidas aqui e aqui.
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P.S.:
Já tinha entrado em fim de semana, mas o artigo de Carlos Ceia no Público de hoje (só acessível online a assinantes) relativo ao regime jurídico da habilitação profissional para a docência faz-me transcrever um excerto, no qual consta o endereço para documento mais completo do mesmo autor.
«(...)Já expliquei em longo documento técnico os vários problemas que o decreto-lei levanta (ver www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/Educacao/que_profs_formar.pdf). Este parecer, o do Conselho Nacional de Educação, e todos os que as universidades e politécnicos enviaram foram ignorados até à data. Este decreto-lei não tem uma filosofia, uma literatura, uma bibliografia ou uma ciência a apoiá-lo ou a justificar as suas opções, logo o debate parece ser inútil. Mas as consequências graves que transporta para o futuro da formação inicial de professores, hipotecando a qualidade da formação das próximas gerações e afastando-se de todas as tendências internacionais nesta área, obrigam-nos a continuar o protesto. (...)»
Thomas Moran (1909)
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ADENDA
E, já agora, deixo um artigo do Público de hoje (clicar no excerto para leitura do texto integral).
«(...)
Sobre a ideia consequente apontada de falta de estruturas pessoais que definam os indivíduos para as metas da competitividade laboral, sobre esta obsessão pela máquina liberal, como professor, defino como minha prioridade absoluta a formação dos indivíduos como seres pensantes e capazes de actuar em sociedade, de se reconhecerem pessoal e humanamente (e daí também como seres capazes de se integrarem na organização social e profissional). A primeira linha da competitividade na formação dos jovens é o conhecimento nas suas mais diversas vertentes. Os padrões económicos são uma necessidade de sobrevivência, não uma necessidade de essência do ser humano. (...)»
Jorge Silva, professor
Braga
... deixo um quadro de Chagall (1887-1985), pois hoje seria seu aniversário - agradeço à Amélia Pais ter lembrado.
Marc Chagall (1974). L’Ange du Jugement.
«(...)
E aqui reside o grande drama em que, de todos os tempos, se tem debatido a humanidade - condenada a só poder evolucionar e progredir sob a acção vivificadora e fecunda de alguns dos seus indivíduos, ela vê-se ao mesmo tempo impotente para impedir que esses indivíduos se tranformem em seus verdugos. Ela assiste, incapaz de o evitar, à criação das castas que são como outras tantas sanguessugas sobre o seu corpo, sem, ao menos, lhe restar a solução de as eliminar, porque isso equivaleria à sua morte no pântano estéril da incapacidade.
Encarada sob este ângulo, a História da Humanidade aparece-nos como uma gigantesca luta, gigantesca no espaço e no tempo, entre o indivídual e o colectivo. Luta gigantesca, e trágica, e sangrenta, em que transparece um domínio quase permanente do individual sobre o colectivo e, de longe em longe, um estremecimento do grande corpo mortificado, um movimento de revolta, um triunfo efémero do colectivo, que logo cai sob outro ou o mesmo jogo pela sua incapacidade de se reconhecer e dirigir.
E esse grande corpo, curvado ao peso dos seus donos, segue o seu caminho sem parar, cai aqui, levanta-se além e aspira, aspira sempre a qualquer coisa de melhor. Mas esse «qualquer coisa» é vago e impreciso e, por isso mesmo que o é, leva a todos os desvios e todos os erros, pressurosamente amparados e com cuidado mantidos, precisamente por aqueles - o princípio individual em acção - a quem uma consciência colectiva forte ameaçaria no seu poderio egoísta.
(...)
A vitória duma ideia revolucionária significa, na época em que se dá, um acontecimento momentaneamente estável, mais perfeito que o anterior, entre as forças em presença; significa que se deu um novo passo no sentido de subtrair o colectivo à tirania do individual; sentem-no bem as massas, que, nessas épocas de comoção dos fundamentos da sociedade, se lançam, num explosão de entusiasmo, ao assalto do corpo decrépito e parasitário que sobre elas vive.
Mas a sua falta de preparação cultural, o não reconhecimento de si mesmas como um vasto organismo vivo e uno, torna-as incapazes de levar a sua obra mais além da destruição do passado; impossibilita-as de proceder à construção da ordem nova que a sua revolta preparou.
(...)
Passa algum tempo e começa nova diferenciação - os interesses egoístas dos dirigentes sobrepõem-se aos interesses gerais, são novos elementos individuais que começam a exercer opressão sobre a colectividade (...)
Tudo recomeça, disse acima, mas seria vão pretender-se que recomeça exactamente nas mesmas bases. Não; da etapa anterior, alguma coisa, às vezes muito, ficou definitivamente adquirido.
(...)»
(Escolho esse último parágrafo para terminar este post com um pensamento de algum conforto. Haverá um terceiro post com excertos da parte final da mesma conferência.)
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* Bento de Jesus Caraça. A Cultura Integral do Indivíduo-Problema Central do Nosso Tempo. Conferência proferida em 1933.
In Cultura e Emancipação (seguir link)
É difícil escolher, entre muitas maravilhas, um número tão reduzido - mesmo para mim que alargo pouco as minhas visitas na blogosfera por condicionamentos de tempo. Mas não quero deixar de corresponder ao desafio, pelo que aqui vão as minhas nomeações, por ordem alfabética.
Da crítica da Educação à Educação Crítica
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In Álvaro Gomes (2006). Blues pelo Humanismo Educacional?. Edições Flumen.
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P.S.:
A variação de estado de espírito entre os meus três posts de hoje tem a ver com a dificuldade em corresponder (mas eu até queria alinhar) à proposta da Idalina Jorge, que pode ser recordada aqui (A semana do dizer bem), e que é uma proposta muito saudável mas, nas presentes circunstâncias, deveras difícil de concretizar!