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segunda-feira, setembro 05, 2011

Será que...?

"Será que cada um tem apenas direito ao tipo de cultura que pode comprar?"

Esta é a pergunta com que termina o comentário do Fred ao meu último post. Mais do que um comentário, é um texto como que "irmão" do meu, e que trago para aqui.


«Fico, às vezes a olhar a estante com não sei já numerar que geração de livros, dado que os mais antigos repousam encaixotados na cave, imprestáveis, à espera da minha coragem de os selecionar para enviar doação a um país de expressão oficial portuguesa, sempre a pensar comigo, egoisticamente, “será que os vão tratar bem?”
Livros que a minha filha não quis levar quando casou e a minha neta não quer ler porque tem mais o que fazer. Tristes, defendidos da poeira mas não do amarelar do tempo, um ou outro obsoleto, desprezados, humilhados e, contudo, sei que basta abrir um caixote para que saltem de novo à minha mão, como cães alegres com o regresso dos donos.
Já soube encontrar neles as imagens de que precisei em determinada altura. Hoje apenas sei dizer “esse já li há muitos anos”. Tenho na memória o título e o autor, se algo me despertar esse meandro cerebral onde arquivei tanta coisa que me ensinaram. Por isso hesito em dá-los. Devia fazê-lo para lhes dar uma nova vida e tenho pena de o fazer, porque ninguém deita fora um amigo e até talvez se riam por os ver tão simples, tão “de bolso”, tão pouco encadernados, tão velhos.
Talvez seja só preguiça. Na estante, por trás de mim, alinham-se os últimos que comprei e ainda muitos das velhas gerações que eu reli ou planeei reler e que, de certa maneira, ainda me consolam apenas com a visão da lombada e a recordação imediata do essencial do seu conteúdo. Os pormenores, a localização de trechos, perderam-se há muito nas teias de aranha que a idade vai tecendo à volta das recordações.
De vez em quando, tiro um da prateleira, procuro com dificuldade algo que sei estar lá e leio para a minha neta, na esperança que ela me peça para o levar. Debalde. Decididamente, os livros já não fazem parte da vida das pessoas; contudo, nunca vi publicar tantos livros como agora, disponíveis nos escaparates dos supermercados, sobre todos os assuntos, muitas vezes valendo-se de um nome que os meios de comunicação elegeram por motivos pouco intelectuais. Será que se vendem? Pergunto-me. Mas se não se vendessem, não se publicariam, por certo.
O que será que se pode aprender com a vida íntima de uma princesa, a experiência de balneário de um futebolista, o golpe maquiavélico de um burlão ou o crime passional de um maluco qualquer? Também há alguns livros sérios, com esplêndidas encadernações e ilustrações, a preços proibitivos, claro. Será que cada um tem apenas direito ao tipo de cultura que pode comprar?»

Frederico

sexta-feira, agosto 26, 2011

Os livros... Outrora?

Ontem tive pinturas na minha casa. O pintor, que é meu conhecido e amigo, às tantas perguntou-me:
_ Não quer fazer mudanças? Esta estante podia sair daqui!
Isto porque tenho a estante a ocupar toda uma parede da minha sala de trabalho e estar, e o televisor que uso é o mais pequeno cá de casa, pois só cabe mesmo à medida num espaço mais alto da dita estante. Ora, estou em vias de substituir um outro pelo que era da minha mãe, bem grande e mais moderno, que poderia pôr ao pé de mim na parede, se tivesse espaço.
Respondi:
_Ah, isso nem pensar! Os livros são uma companhia, gosto muito de os ter aqui ao meu lado.
E perguntou ele:
_Leu estes livros todos?
_ Alguns são para consulta, os outros li, sim, e boa parte quando era adolescente e jovem adulta (respondi eu, que tenho os livros menos antigos e os recentes no quarto, uns arrumados, outros empilhados à espera de prateleiras).
Seria difícil explicar ao meu amigo pintor por que é que os livros da minha salinha de estar são uma companhia, como que viva, quando a minha memória de galinha não consegue descrever os seus conteúdos. Mas, aqui, posso explicar...
Não é por já não conseguir descrever os conteúdos que os livros me são menos familiares. Conheço-os todos, seja por ideias essenciais - algumas marcantes -, seja por emoções, seja pela memória de encantamentos. Todos fazem parte da minha vida, e são sobretudo os de leitura mais longínqua que são companhia mais viva. Porque eu sei que, sem os ter lido, seria uma pessoa diferente, uma pessoa mais pobre interiormente - sem dúvida.

Naquele tempo, quando casei, para mobília o dinheiro só dava para aquela estritamente indispensável, mas a estante não era dispensável e, então, era improvisada com uns cubos  abertos e sobrepostos. E o valor do recheio da casa era criado só pelos livros para os quais os salários tinham que esticar (no meu caso, também com a coleção de clássicos do meu avô paterno, que não conheci).
Hoje, os netos não lhes atribuem o valor que lhes dávamos (e que as minhas filhas ainda deram também). Não estou a pensar que os jovens de hoje vão ser interiormente mais pobres - eles têm agora outros meios de formação e comunicação. Nem penso que isso tenha a ver com serem criados com grandes estantes em casa e com estímulos à leitura, pois conheço bem um parzinho querido de irmãos - ele (17 anos) pouco mais leu que os livros obrigados pela escola, e ela (13 anos) é mais receptiva ao estímulo mas, mesmo assim, demora a ler um livro o tempo que a mãe (e a avó) levava a devorar vários.

Isto não é um escrito saudosista, é só uma constatação de tempos tão aceleradamente novos, embora sem deixar de conter um ponto de interrogação. De qualquer modo, este é um blogue de memórias...

Contraste numa casa do 'antigamente'

sábado, abril 24, 2010

Maravilhosa Biblioteca Itinerante

Não há carros? Muito menos novas tecnologias? Mas as crianças adquirem gosto e hábitos de leitura...



Com o meu agradecimento ao Francisco

segunda-feira, abril 12, 2010

Compartilhando a arte e o ensinamento ao desapego

É um trabalho impressionante o dos monges budistas, que fazem as mandalas de sal colorido.
Feitas com o maior cuidado e com a maior dedicação, são desmanchadas logo depois de prontas para demonstrar a transitoriedade das coisas na vida, mesmo que exijam o maior esforço e sejam imagem da perfeição.

A lição pretende ser essa. A de encarar o quotidiano sempre prontos para começar tudo de novo, se preciso for. Nada é mais certo do que a incerteza.

"Panta Rei" é uma expressão do pensador Heráclito, que significa tudo muda, todas as coisas mudam, (tudo flui, nada persiste, nada continua da forma que é) - e ele usava como metáfora filosófica a idéia de que, ao pôr os pés num rio, um milésimo de segundo depois, já não era a mesma água que os tocava, não era o mesmo rio.

A importância do desapego que o ritual da Mandala mostra, facilita entender que nada de facto nos pertence, que um segundo pode ser a eternidade e que toda mudança tem sua razão de ser.


(Recebido no mail)

sábado, novembro 21, 2009

Que bom o YouTube fazer esta publicidade!

É a minha sugestão de prenda de Natal para pré-adolescentes e adolescentes que não tenham lido o Principezinho. (Para adultos também, mas que adulto dos nossos conhecidos não o terá lido?)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Preciosidades

Apesar de tudo (seja o que for), há sempre que agradecer à vida, há sempre que não esquecer de agradecer.

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos ...

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

terça-feira, setembro 09, 2008

Mas vou até o fim

(Porque não gosto do cantinho em silêncio mesmo quando não ando com disposição para escrever, e porque há momentos em que também preciso de dizer "mas vou até o fim", e porque gosto muito desses dois e os dois aí juntos estão uma delícia)

segunda-feira, dezembro 31, 2007

... E não desistam de sonhos!

No início de um novo ano, imaginemos... sonhemos...

Deixo só a canção...






Ah... pensando melhor, tem que ser também na voz de John Lennon, e aproveito para um vídeo de recordações...