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terça-feira, maio 06, 2008

Memórias de directora de turma - II

As assembleias de turma

Educar para a cidadania passa por educar para a participação democrática e responsável. Nem sempre tudo vai bem com os alunos no funcionamento das aulas e na vida escolar. Mas eles são capazes de reflectir, intervir, debater, propor, e as oportunidades para o fazerem ajudam a crescer e a desenvolver a iniciativa e a autonomia. Por tudo isto, as assembleias de turma eram uma prática instituída nas minhas turmas. Assembleias para assuntos da vida escolar e para decisões sobre projectos da turma, no caso da direcção de turma; assembleias relativas a questões do funcionamento das nossas aulas em qualquer das turmas.

Os alunos podiam ser do 5º ano, podiam ter apenas 10 anos, mas, com excepção da primeira assembleia, que eu dirigia, as outras passavam a ficar a cargo deles. A minha orientação consistia em dar uma tarefa para casa: pensarem nos assuntos definidos e, para os alunos que iriam dirigir, prepararem-se especialmente para isso; consistia também em pedir a palavra e intervir com a minha opinião ou sugestão, mas apenas quando necessário.

Por tantas vezes me limitar quase só a assistir (eu disse quase, a minha intervenção era na dose q.b.), olhando com encantamento a turma e aquelas três ou quatro crianças na "mesa" a desempenharem o seu papel (uma fazia a acta), e tendo pena de não ter levado a máquina fotográfica (vídeo iria distraí-los), uma vez ou outra lembrei-me de ir prevenida. Mas quase sempre me esquecia, pelo que tenho raras fotos, aliás já postas algures neste cantinho a propósito da pergunta "infantilizar ou puxar?"


(Todas as fotos são de turmas do Ciclo)


"Mesa" de uma Assembleia de Matemática:

(Clicar para ampliar)


Assembleia dirigida pelos delegados de turma e que incluiu debate em grupos:

(Clicar - Vêem-se os delegados em pé a acompanhar os grupos. Não são uma delícia? Era 6º ano)


Outras sembleias:



Nota:
Não, não se trata de "eduquês", não se trata de coisas tais como não-directividade ou alguma espécie de basismo. Eles não corresponderiam como correspondiam, debatendo disciplinada e responsavelmente e chegando a conclusões, avaliações e propostas pertinentes se não fossem preparados para isso no quotidiano das aulas.

(Perdoe-se-me a nota, mas eu sou alérgica à expressão eduquês)

sábado, novembro 11, 2006

Adenda: Pequenotes investidos de responsabilidade

Recordações...

Assembleia da aula de Matemática dirigida por alunos e incluindo debates em grupo (2º Ciclo)


Outras assembleias da aula de Matemática (dirigidas por alunos, 2º Ciclo)

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P.S.: Não, sr. Nuno Crato, as assembleias não eram para os alunos escolherem o que queriam ou não queriam aprender.

sexta-feira, agosto 19, 2005

E quando a primavera...

(Ainda a propósito de autonomia)

E quando a primavera começa a produzir mais conversa e menos trabalho, é frequente eu fazer um grande discurso que pouco efeito tem nos efeitos da primavera. Mas isso é porque também tenho altos e baixos, fadigas e caídas na rotina que me fazem andar um tanto esquecida de que mais eficaz do que meus discursos é "passar a bola" da análise da situação e das decisões responsáveis para a turma. Uma mesa a presidir e a ordenar a discussão, a stora pedindo a palavra o menos possível...
Dizemos muito que eles precisam de ser mais responsáveis pelo seu estudo (e é verdade), subscrevemos também que educar é preparar para a autonomia, mas esquecemos (eu pelo menos às vezes esqueço, apesar de o saber bem) que eles são capazes de ser autónomos e responsáveis quando mostramos que acreditamos nisso e nisso apostamos.

(Que coisa, as poucas fotos que tenho são de quando leccionava o 2º Ciclo, mas serem dessa idade até reforça o que acabei de dizer)

domingo, junho 26, 2005

De novo o tema Nível 5

Na 6ª feira decorreu, na minha escola, a festa de encerramento do ano lectivo. Apareceram ex-alunos, entre eles o Ricardo, que me trouxe à memória o tema que já abordei num post aí para baixo: Nível 5 e Nível 5.
O Ricardo, de um dos meus nonos anos do ano passado, era um óptimo aluno. Não era daqueles de respostas rápidas, intuitivas - ele concentrava-se, ponderava, queria o fundo dos porquês. Parecerá então estranho que, nos finais dos dois primeiros períodos lectivos, o seu nível em Matemática destoasse dos cincos que tinha nas outras disciplinas. Mas acontecia que nos testes, naquele problema ou questão que pretende seleccionar e testar aqueles que já temos como certo que resolverão sem erros nem dificuldade as outras, o Ricardo perdia-se nos seus raciocínios exigentes e falhava. Depois do teste, ele mesmo, sozinho, percebia a falha, mas a realidade era que, no seu futuro de estudante, não seria a avaliação contínua, mas sim os testes ou exames que determinariam os seus resultados.
O próprio Ricardo pensava nisso e ficava aborrecido consigo próprio pelas falhas em situação de teste. Quanto a mim, ter-lhe-ia dado na mesma o cinco no final se o precalço se mantivesse - era evidente que as suas competências em Matemática estavam nesse nível. Mas ele venceu, tendo 100% na prova global e resultados perto disso nos outros testes do 3º Período. E é minha convicção que foi um desafio, ao contrário de desanimador, assumido por ele como necessário.
Na 6ª feira, o Ricardo ainda não tinha as suas notas de 10º ano, mas aguardava 18 em Matemática. :)

terça-feira, junho 07, 2005

Nível 5 e Nível 5

Estamos em cima das avaliações de final de ano lectivo, por isso me ocorreu a questão do nível 5 – classificação máxima no ensino básico.
Nível 5 e nível 5, porque tenho presentes dois tipos de situação. É que há aqueles alunos que, chegados ao 9º ano (à última etapa para o Ensino Secundário), revelaram e revelam possuir todas as condições para virem a enfrentar com sucesso o númerus clausus e qualquer média necessária para ingresso no curso a que aspiram. E há aqueles que, trabalhadores e empenhados e por vezes com 5 em quase todas as outras disciplinas, precisam ainda de “rolar” o raciocínio matemático a fim de não virem a ter decepções depois de algum 5 também em Matemática eventualmente dado com benevolência a premiar o trabalho e o esforço. Sempre pensei que, também nestes casos, cabe um papel ao professor.

Aqui fica, pois, uma memória:
Há tempos encontrei uma ex-aluna que tinha transitado para o Secundário. Conversámos e ela, quase logo, disse e contou...
_ Tenho-me lembrado tanto de si, stora! .... Confesso que a achava injusta de cada vez que eu pensava agora já vou ter o 5 e a stora voltava a dar-me 4.... (Mas, no final, tiveste o 5 e merecido – disse eu) ..... Agora é que vejo que tinha razão .... a Matemática agora é puxada ..... se não me tivesse feito puxar ainda mais por mim .... eu agora percebo que não me aguentava .... até estou a sair-me bem e tenho-me lembrado muito do que me obrigou a puxar pela cabeça.

P.S. Nem é importante que se lembrem de nós – cabe-nos lançar as sementes oportunas (às vezes, na altura, um pouco amargas), mas... se caiem em terreno disponível e as regam, o mérito é todo deles.