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terça-feira, dezembro 08, 2009

Convite/Desafio Natalício

O Raul Martins, do blogue Por Um Mundo Melhor, lançou-me o desafio que consiste em revelar um pouco de nós, em época natalícia, completando as frases que foram propostas. Aqui ficam as minhas respostas e, seguindo as regras, no fim, apresento os CINCO blogues que convido a responderem ao desafio.

1. Eu já... vivi Natais longe de alguns dos meus entes mais queridos, mas com toda a força do meu pensamento e do meu infinito amor a acompanhá-los.

2. Eu nunca... deixei de fazer uma árvore de Natal muito grande e bonita para alegria, primeiro das minhas filhotas, agora dos netos que tenho perto, nem nunca deixei de satisfazer o pedido ao Pai Natal das netas que estão longe.

3. Eu sei... que o Natal é para muitos uma histeria de consumismo, enquanto para muitos mais no mundo é fome e miséria como em todos os outros dias, sem que os 'senhores do mundo' cuidem de um Natal todos os dias para todos.

4. Eu quero... que minha mãe, com os seus 96 anos, ainda viva bastantes Natais na companhia da nossa família.

5. Eu sonho... com a paz, o progresso, a liberdade e a eliminação de qualquer forma de miséria ou de discriminação para toda a humanidade, independentemente de opções religiosas.





E agora, os meus convites para adesão a este desafio (por ordem alfabética dos autores dos respectivos blogues):





- Fátima André -
Revisitar a Educação


- Isabel Preto - Histórias con(m) Vida!


- Madalena Mendonça - Chora Que Logo Bebes


- Matias Alves - Terrear


- Miguel Pinto - outrÒÓlhar


-Teresa Marques - tempo de teia





[Desculpem a incapacidade de contar até cinco ;) ]

segunda-feira, outubro 05, 2009

No Dia do Professor...

Deixo apenas um pensamento de Rubem Alves, que diz imenso.


O olhar do professor tem o poder de transformar uma criança
em inteligente ou burra.
Rubem Alves (2003)
Em conferência promovida pela Asa pela mão do JMA

sexta-feira, abril 24, 2009

Tempo de Abril - Nunca deixemos cerrar as portas que Abril abriu!

(Não é preciso esperar pelo dia 25. Há que trazer a data no nosso espírito nestes dias de Abril - e não só, mas sempre, sobretudo neste tempo em que tantos ferem os valores morais, as liberdades, a democracia e a esperança)


(...)
Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era liberdede.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.

(...)
Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na mdrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.

(...)
Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.

(...)
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu
.
(...)

Ary dos Santos. Excertos de As portas que Abri abriu.

_____________


Nem toda
a força do pano
todo o ano

Quebra a proa
do mais forte
nem a morte

sexta-feira, março 06, 2009

No aniversário de Gabriel García Márquez



Não quero deixar de assinalar o aniversário do escritor que é, talvez, a minha maior paixão na literatura. E Cem Anos de Solidão é um dos livros mais fascinantes que já li. Aqui fica um excerto, com o agradecimento à Amélia Pais.



Apesar de o coronel Aureliano Buendía continuar a acreditar e a repetir que Remédios, a bela, era, de facto, o ser mais lúcido que jamais conhecera e que o demonstrava a todo o momento com a sua assombrosa habilidade para fazer pouco de toda a gente, abandonaram-na ao deus-dará. Remédios, a bela, ficou a vaguear pelo deserto da solidão, sem cruzes às costas, amadurecendo nos seus sonhos sem pesadelos, nos seus banhos intermináveis, nas suas refeições sem horários, nos seus profundos e prolongados silêncios sem recordações, até uma tarde de Março em que Fernanda quis dobrar no jardim os seus lençóis de barbante e pediu a ajuda das mulheres da casa. Mal tinham começado quando Amaranta reparou que Remédios, a bela, estava transparente, com uma palidez intensa.
—Sentes-te mal?—perguntou-lhe.
Remédios, a bela, que segurava o lençol pela outra ponta, fez um sorriso magoado.
—Pelo contrário—disse—, nunca me senti tão bem.
Palavras não eram ditas e Fernanda sentiu que um delicado vento de luz lhe arrancou os lençóis das mãos e desdobrou-os em toda a sua amplitude. Amaranta sentiu um tremor misterioso nas rendas dos seus saiotes e tentou agarrar-se ao lençol para não cair, no momento em que Remédios, a bela, começava a elevar-se. Úrsula, já quase cega, foi a única que teve a serenidade para identificar a natureza daquele vento irreparável e deixou os lençóis à mercê da luz ao ver Remédios, a bela, que lhe dizia adeus com a mão, entre o deslumbrante adejo dos lençóis que subiam com ela, que abandonavam com ela o ar dos escaravelhos e das dálias, e passavam com ela através do ar onde acabavam as quatro da tarde e se perderam com ela para sempre nos altos ares onde não podiam alcançá-la nem os mais altos pássaros da memória.

(Gabriel García Márquez, in Cem Anos de Solidão, traduzido por Margarida Santiago)

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Uma Declaração Universal por cumprir

Nos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não é possível lembrá-la sem olhar imagens do seu incumprimento e recordar tantas outras que o vídeo não mostra. Resta-nos a canção?

sexta-feira, junho 13, 2008

Fernando Pessoa - Homenagem muito singela

Hoje comemora-se o nascimento de Fernando Pessoa. Faria 120 anos.
Não me atrevo a palavras de homenagem. Outros saberão lembrá-lo de uma forma que eu não sei.
Já era um dos meus poetas quando eu era adolescente - foi uma das minhas paixões de menina. Nesse tempo, foram três os meus poetas - três paixões. Uma foi efémera, mas as outras duas ficaram. Uma das que ficaram até hoje foi Fernando Pessoa.
_____________
Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fatuo encerra.

Ninguem sabe que coisa quere.
Ninguem conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ancia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa (1928). In Mensagem. Edições Ática. (5ª ed.-1954)
(Respeitando a ortografia adoptada pelo poeta)

domingo, junho 01, 2008

segunda-feira, maio 19, 2008

Quase...

Hoje faria anos Mário de Sá Carneiro

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que,desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

quarta-feira, maio 14, 2008

sábado, maio 10, 2008

Jantar comemorativo - Rever companheiros

Ontem realizou-se um jantar comemorativo do 34º aniversário do SPGL - o maior sindicato de professores do nosso país, surgido poucos dias depois do 25 de Abril. Gostei de ir, gostei de rever alguns companheiros que não via há tempos - compagnons de route, juntos tantas e tantas vezes em acções e lutas, e em reuniões desde a euforia dos primeiros plenários - a euforia da liberdade e dos direitos, incluindo o de associação.
Memórias comuns, caras que se reconhecem, ideais partilhados... Vêm-me recordações, vêm-me imagens de como éramos tão novos naqueles tempos iniciais... 34 anos fizeram os cabelos brancos e as rugas, 34 anos fizeram que eu lembre agora com alguma melancolia como éramos novos, como nos conhecemos há tanto tempo...
Ai, até parece que foi um jantar de velhos! Claro que não, nada disso, eu é que me referi só aos mais antigos companheiros dessa estrada que celebrámos ontem - é natural, é a minha memória vivida. Mas, entretanto, muitos outros mais novos tomaram a estrada, e hão-de continuá-la.

Saudações ao SPGL pelo seu 34º aniversário. E Força!

sexta-feira, abril 25, 2008

25 de Abril

Com as mãos das minhas filhas pequeninas nas minhas, imaginei um país novo para elas.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.


Foi sonho?

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.



Foi esperança!



____

Em itálico: excertos de As portas que Abril abriu, Ary dos Santos.

sexta-feira, abril 18, 2008

Recordando Bento de Jesus Caraça...

...no dia em que faria anos

As ilusões nunca são perdidas. Elas significam o que há de melhor na vida dos homens e dos povos. Perdidos são os cépticos que escondem sob uma ironia fácil a sua impotência para compreender e agir, perdidos são aqueles períodos da história em que os melhores, gastos e cansados, se retiram da luta, sem enxergarem no horizonte nada a que se entreguem, caída uma sombra uniforme sobre o pântano estéril da vida sem formas.

Bento de Jesus Caraça (1901-1948) in A Cultura Integral do Indivíduo-Problema Central do Nosso Tempo. Conferência proferida em 1933

Obras que destaco:

quarta-feira, abril 16, 2008

Chaplin faria anos hoje




Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

Charles Chaplin (1889-1977) in O Grande Ditador

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Do Professor e do Poeta

Completam-se hoje 11 anos sobre a morte de Rómulo de Carvalho - António Gedeão.
Já o recordei neste cantinho, no centenário do seu nascimento e noutros momentos.
Hoje deixo...

Do Professor:

Ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação.”


Do poeta:

Arma Secreta

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.
Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.
A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis da furalina.
Erecta, na torre erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Mais uma perda

O Correio da Educação cessa.
Ando demasiado triste (e atónita) com o que anda a acontecer à Educação e, por isso - talvez também por estar já fora da escola e, ao olhar para os anos todos em que a minha vida profissional decorreu, me perguntar como foi possível chegar-se ao que anda a acontecer - acabei por ficar sem vontade de escrever, as palavras faltam-me. Assim, digo apenas que andamos a ter muitas perdas, que nos deixam mais pobres. Agora, o fim do Correio da Educação é mais uma. :(
Bem-haja,
José Matias Alves, por tudo o que deu nele.
Sei que vai continuar a dar, e bem-haja também por isso.

sexta-feira, junho 01, 2007

No dia da criança... para as minhas crianças

Quando eu for grande quero ser
Um bichinho pequenino
P'ra me poder aquecer
Na mão de qualquer menino

Quando eu for grande quero ser
Mais pequeno que uma noz
P'ra tudo o que eu sou caber
Na mão de qualquer de vós

Quando eu for grande quero ser
Uma laje de granito
Tudo em mim se pode erguer
Quando me pisam não grito

Quando eu for grande quero ser
Uma pedra do asfalto
O que lá estou a fazer
Só se nota quando falto

Quando eu for grande quero ser
Ponte de uma a outra margem
Para unir sem escolher
E servir só de passagem

Quando eu for grande quero ser
Como o rio dessa ponte
Nunca parar de correr
Sem nunca esquecer a fonte

Quando eu for grande quero ser
Um bichinho pequenino
Quando eu for grande quero ser
Mais pequeno que uma noz

Quando eu for grande quero ser
Uma laje de granito
Quando eu for grande quero ser
Uma pedra do asfalto

Quando eu for grande...
Quando eu for grande...

Quando eu for grande quero ter
O tamanho que não tenho
P'ra nunca deixar de ser
Do meu exacto tamanho


José Mário Branco, Quando eu for grande (Carta aos meus netos)