quarta-feira, outubro 10, 2007

escola e cultura...

"Num tempo e num lugar de descasos sucessivos e clamorosos em relação à cultura (...)" - assim começa o artigo de Vasco Graça Moura no DN de hoje (foi-me enviado pela Amélia Pais, mas pode ler-se aqui , embora eu pretenda destacar as suas frases iniciais e finais). E, a propósito do Panteão Nacional e da recente trasladação de Aquilino Ribeiro, Graça Moura refere o "panteão da memória" como requerendo "menos pompas oficiais do que bons programas escolares", e termina: "O panteão da memória é uma pedra angular desse sistema em que todos somos responsáveis. A escola não pode ser transformada em panteão da... desmemória!".

Vem isto a propósito do rumo que cada vez mais os seguidismos político-ideológicos de governos, em particular do actual e da sua equipa do ME, vêm impondo à nossa escola pública. Que fazer (?) para contrariar esse rumo fazendo prevalecer a importante e decisiva prioridade da escola, prioridade que o Miguel Pinto tão bem define nesta sua crónica
aqui - "realizar a inserção dos sujeitos na cultura" .
Que fazer? Como fazer para contrariar o rumo para que estão empurrando a escola - o de uma escola essencialmente utilitária na perspectiva dos interesses do mercado (e, mesmo assim, de forma duvidosa)?

Mantendo-me hoje em citações, lembro-me do título
Pedagogia: o dever de resistir , de um post do JMA, que tem insistido em que os professores têm mais poder do que pensam ter, e deixo no ar também a pergunta: Como organizarem esse poder?

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Adenda
(13-10.2007)

Bom fim de semana!
Estou com pouca inspiração e, como ainda não tive resposta à pergunta acima, vou deixar o post uns dias a marinar ;)

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10 comentários:

Anónimo disse...

Excelente o artigo. Mas como saber dessa força? Pelo que nos vai fazendo o ME até parece que somos os últimos e o elo mais fraco da cadeia na educação.Fazemos tudo o que nos mandam e depois culpabilizam-nos por o que vai mal.Tantas mudanças e ainda não aprendemos a dizer nao!...Abraço

Anónimo disse...

Há uma certa vitimização por parte dos professores em relação às reformas que vão surgindo no sector da educação.
Premiar os melhores num sistema que incentivava os medíocres é de longe uma medida salutar, porque só assim todos os intervenientes podem efectivamente ganhar algo mais.
Os professores, os alunos e por consequência a sociedade.
Abraço

IC disse...

Agostinho, acrescento ao que disseste que também a sociedade em geral tem que começar a reflectir no rumo da escola e a decidir a que deve dizer não.

A.J.Faria:
Mas para premiar os melhores, se se trata dos professores, é necessário um processo de avaliação antes de mais exequível, o que pouco poderá ser aquele que está em vias de ser implementado; se se trata dos alunos, não vejo que tenha que haver incompatibilidade com premiar os melhores e pugnar por uma escola que dê oportunidade a todos para uma verdadeira Formação Integral, o que também não me parece ser a prioridade numa política educativa que esconde mal as prioridades economicistas - não me parece, não, e gostava de estar errada. :)

JMA disse...

Repondendo directa e telegraficamente à questão:

1º Ver o poder que temos
2º Querer exercer esse poder
3º Assumir a autoridade e a responsabilidade
4º Passar da lógica servil para a lógica cidadã...

Parece nada. Mas é quase tudo....

IC disse...

Obrigada, JMA. Esses breves quatro pontos dizem mesmo tudo, ou quase tudo!

Miguel Pinto disse...

Concordo com a resposta do JMA embora seja necessário acrescentar mais qualquer coisa: estou a pensar na coordenação de esforços e de vontades. É que esse "Ver o poder que temos" requer um "ver como ganhar o poder que não temos"...

JMA disse...

Bom tópico para o meu próximo Círculo Aberto, no Correio da Educação....

IC disse...

Pois... Eu também estava a pensar na coordenação de esforços e de vontades que o Miguel refere, por isso perguntava no post Como organizarem esse poder?

Miguel Pinto disse...

Deixei agora mesmo o desafio ao JMatias para transportar o seu guião para o Aragem. :)

IC disse...

Miguel, apoio totalmente :) (já vi no Terrear)