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quarta-feira, janeiro 13, 2010

O nome do meu blogue

Não chegou a ser uma mudança, foi só um acrescento. Porquê? Porque (ainda) não consigo apagar esse título de 'memórias de professora'.

A razão de não apagar é que, embora tenha deixado de escrever essas memórias, por um lado tenho bastantes nos arquivos e marcadores e, por outro lado... enquanto há vida, há esperança, não é? Esperança de que ainda volte a haver um clima na Educação propício a que recorde aqui tantas outras que não cheguei a escrever:

memórias dos tempos em que no meu grupo disciplinar todos gostavam de cooperar e partilhar, de encontrar em conjunto novas estratégias, de pôr dúvidas, de nos enriquecermos uns aos outros;

memórias dos tempos em que eram promovidos pelo próprio ministério da educação encontros regionais de delegados (agora chamados coordenadores e outras coisas como avaliadores, relatores, etc.), bem como encontros de coordenadores da direcção de turma - encontros que, também pela partilha entre todos, nos faziam regressar à escola com novas ideias a transmitir aos colegas;

memórias dos tempos em que se promoviam iniciativas extracurriculares para os alunos, proporcionando a integração dos chamados casos-problema e o crescimento de todos;

memórias dos tempos em que cheguei a ter na minha sala de aula colegas que, quando o horário permitia, iam participar para me ajudarem nalguma iniciativa experimental nada fácil de concretizar sozinha;

memórias dos tempos em que o director de turma tinha como tarefas meramente burocráticas apenas aquelas normais e indispensáveis;

memórias desses tantos anos de directora de turma em que me envolvia com a turma em iniciativas que resultavam lindas porque as turmas correspondiam como maravilha a ultrapassar as minhas melhores expectativas (embora estas sempre confiantes - essa confiança que o aluno sente e o leva a corresponder);

memórias desses tantos anos de directora de turma em que pais e mães não faltavam às reuniões porque logo no início do ano ficavam delineados os temas que os preocupavam e interessavam e percebiam que essas reuniões não seriam para uma mera distribuição de fichas de avaliação nem para pessoalizações relativas aos alunos, e em que compreendiam a importância de ao menos uma entrevista individual tão brevemente quanto a calendarização das entrevistas permitia (incluindo tempo meu disponível para receber após o horário de trabalho de alguns deles - "tempo disponível" que referir actualmente até é humor negro desrespeitador);

memórias dos tempos em que tinha tempo para inventar e preparar momentos roubados à 'matemática do programa' para proporcionar, nas aulas, daquelas actividades a que aderem os "mais difíceis" e fazem crescer as asas em todos;

memórias, enfim, das minhas aulas de porta aberta, em que umas entradas de um avaliador competente não me causariam receios de competições, de favoritismos ou de outras coisas como tais, nem de penalizações injustas na progressão na carreira.


Assim, este blogue vai continuar como anda desde o aparecimento de MLR (ou nem isso, pois já perdi a paciência quer para o ME, quer para climas de escola em que as relações interpessoais se deterioram, em vez de a política desse ministério criar, como reacção, coesão e fraternidade, o que também me fez deixar de escrever sobre a dita política educativa), ou seja, vai continuar com outras e diversas deambulações ao sabor do acaso ou da disposição. Com alguma esperança... até um dia... até um clima propício a regresso a memórias positivas que, apesar de antigas, deveriam, com os devidos ajustes, ser sempre actuais.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Restam-me as memórias, por que não voltar a elas?


E o que aconteceu comigo foi que, ficando velho, dei-me conta de que os anos que me restavam não me davam tempo para acompanhar a literatura que se produzia sobre a educação. Parei de ler e tratei de gozar e cuidar dos meus próprios pensamentos sobre o assunto - que nada têm de científico, pois não se baseiam em estatísticas.
Rubem Alves*

É-me difícil ter pensamentos actualizados sobre educação pois, mesmo que tentasse acompanhar a literatura sobre o assunto, faltar-me-ia agora estar por dentro do contexto - "estar no terreno", como costumo dizer. Mas neste meu blogue já há alguns registos que são como páginas de um album de recordações, não há mal se escrever outras linhas que nada mais sejam que recordação.

Acho que vou trazer para aqui uma memória que tem quase 20 anos. Irá para a entrada a seguir.
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*In Gaiolas ou Asas. Edições Asa (2004), p. 51.

terça-feira, setembro 16, 2008

Reflexão 1 (Quer comentar?)


foto pessoal

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Esse foi o 4º post deste meu cantinho, já lá vão quase três anos e meio (só lhe acrescentei agora o parêntesis no título).
Por que o fui buscar? Foi porque fui levada por um comentário que recebi no mail (penso que todos usam a funcionalidade da recepção de comentários no mail) e que verifiquei ser a um post de Setembro de... 2005, por acaso sobre "Matemática e métodos de ensino". Fiquei então a pensar como me desviei quase logo ao princípio da intenção de escrever memórias de professora, muito especialmente no âmbito do ensino/aprendizagem da Matemática. E então tive curiosidade de contar, usando os meus marcadores, quantas vezes escrevi aqui directamente sobre esse assunto que me é tão caro. Se não contei mal, foram apenas 5 de 656 posts (6 se contar com essa pequena alusão que fui encontrar nos inícios do meu blogue e me deu para agora recolocar)

Será pretencioso ter acrescentado no título : "querem comentar?" - os meus amigos e colegas da blogosfera têm mais que fazer do que vir comentar a este canto recatado. Mas que não seja por o pensamento acima se referir à Matemática, pois creio que ele pode ser reformulado para qualquer outra disciplina - talvez assim, por exemplo: 'mais do que transmissor do seu saber, o professor tem que ser condutor do aluno na descoberta do saber .' E lá vamos para 'métodos de ensino' (Que coisa... Custa-me sempre escrever 'ensino' sem a palavrinha 'aprendizagem'). Ou não vamos? E também para instrumentos - computadores, quadros interactivos, ...

domingo, outubro 07, 2007

Memórias... (?)

Memórias... Eu nem sou dada a deter-me muito em memórias, menos ainda a viver de recordações. Memórias do ensino eram também as da véspera, as das aulas e dos alunos que tinha, e isso faz-me falta para continuar a escrever.

Diziam-me amigas aposentadas antes de mim que, após o primeiro ano da aposentação, o interesse e o sentimento de envolvimento com as questões da escola iam desaparecendo, ficando apenas uma atenção à política educativa ao nível da atenção à política geral, não mais do que isso.

Ora, para mim esse ano já passou, e o "bichinho" da escola ainda não me fugiu. Talvez, em parte, porque tenho netos em idade escolar - o seu futuro não deixará de ser influenciado pela escola que temos -, motivo para esta me continuar a preocupar mesmo que outros motivos não tivesse, mesmo que desistisse de me preocupar com o futuro deste nosso país.
Sem dúvida que a blogosfera facilita muito que continue a acompanhar em pormenor as medidas da política educativa, a participar em debates, e também a sentir o estado de espírito dos professores. No entanto, faltando-me o principal, que são os alunos, não sei, não sei não até quando manterei este cantinho, mesmo com postagens espaçadas como assumi aqui que passaria a ser.

Mas não vale a pena antecipar conjecturas sobre isso - a seu tempo, logo verei. Entretanto, para já vou retomar o conjunto de três ou quatro memórias sobre o uso das TIC no ensino, que interrompi por outros motivos - motivos de saúde que são temporários, embora me mantenham ainda pouco disponível, mas sem, na verdade, haver propriamente razão para me alhear.

sábado, setembro 01, 2007

Blogue regressando de férias

O meu blogue termina as férias pois não deixa de me fazer falta um cantinho onde me sentar de vez em quando para escrever ou simplesmente deixar... enfim, nem que seja uma canção (ainda que depois me esqueça de vir mudar o "disco").

Eu sei que se quiser um blogue não apenas para recanto comigo mesma, mas para alguma partilha, intervenção ou combate (ainda que de visualidade muito limitada), ele terá que ter uma postagem regular e frequente. Mas não penso nisso e decidi assumir de uma vez por todas este cantinho como de escrita espaçada, incluindo a retoma de uma ou outra memória de prof, sem compromisso comigo mesma sobre maior ou menor frequência - esta será a que acontecer, e pronto.

Já terei dito mais do que uma vez que a política de Maria de Lurdes Rodrigues e Compª me afastou de memórias de professora pouco depois de iniciar o blogue porque o clima provocado nas escolas tornou aquelas, a meu ver, pouco oportunas. Também, posteriormente, deixei de ter alunos, os quais sempre nos dão motivo para escrever 'memórias' não de ontem, mas de hoje. Mas não seria honesta se omitisse que, juntamente com as medidas da actual ministra, também me desmotivaram, no meu último ano de ensino, o conformismo, seguidismo ou extremo zelo de muitos professores e presidentes de ce, aumentando nomeadamente a burocracia que já de si algumas medidas comportavam, em vez de, com iniciativa, criatividade e ausência de excessivos medos, a simplificarem tanto quanto possível.

Agora, passado um ano lectivo da "ressaca" de tudo isso, já penso retomar algumas memórias. Mas de vez em quando, consoante me venha vontade ou não.

Em suma, este passará a ser um blogue assumido como de postagem espaçada - se se tornar ao menos semanal (após uns escritos de arranque agora), tanto melhor, já será uma boa meta para mim -, mas sem obrigações comigo mesma, ao sabor de motivação que me venha ou não venha.

quinta-feira, julho 19, 2007

De como um(a) aposentado(a) também precisa de férias

Eu não sei que 'diabo' de escola de vida tive (saber, sei - sei até muito bem, é só maneira de falar), que não consigo alhear-me quer das questões a que a minha profissão esteve ligada, quer do mais que se passa neste país (e não só nele). Não é porque me falte em que me ocupar.

[Não só não me falta em que me ocupar, como continuo com coisas pendentes, à espera de tempo. Aliás, é espantoso como aquela grande organização que o trabalho profissional exige para que se consiga que o tempo chegue para todas as prioridades da nossa vida faz que se encaixe tudo nas horas de cada dia ou semana e depois, quando deixa de haver horários e obrigações a cumprir (pelo menos em boa parte do tempo, pois continua a ter-se responsabilidades e obrigações - na vida elas não são só as profissionais), parece que cada dia não chega para quase nada.]

Mas, dizia eu, não consigo alhear-me especificamente das questões da educação, e pergunto-me porquê (ou para quê), dado que já não tenho que - nem posso - lidar com elas. Poder, até podia ainda escrever - não importava que fosse lida só por dois ou três, cada um dá o seu minúsculo grãozinho de contributo e, se todos dessem, já fazia um saco cheio. Mas, a verdade é que a experiência dos 'velhos' fica ultrapassada nestes tempos de mudanças vertiginosas e não faz muito sentido que os velhos continuem a ler-estudar tudo o que é necessário só para actualizarem a sua experiência quando já não a podem aplicar no terreno próprio.
Além disso, há também aquele sentimento de inutilidade/impotência que não anda só a atingir os mais velhos, também os menos velhos o têm perante tantas medidas impostas prepotentemente - mas esses têm um tempo de actividade pela frente, é questão de esperar um pouco, que as cegueiras e arbitrariedades de quem está a atolar o ensino público hão-de ter o tempo contado, as consequências hão-de tornar-se tão evidentes que até a tanta gente que anda "distraída" e tinha a obrigação/responsabilidade de não andar vai dar-se conta.

E todo este palavreado só para dizer que também estou a precisar de umas férias - férias de observar todos os dias esta política (des)educativa em curso, escape desse clima de mediocridade e de obsessões a resvalarem para doença maníaca que sinto emanar dos gabinetes que decidem, regulamentam e despacham essa "política" quer nas suas linhas de fundo, quer em múltiplos pormenores absurdos, contraditórios e impositivos de uma burocracia insana. Não sei é se consigo fazer essas férias antes da semaninha em que vou mudar de ambiente, e sem net fico sem informação, que pela tv mal chego a ela - mas falta pouco, é já de hoje a oito dias, e depois, quando voltar, apesar do Agosto no calor de Lisboa, sempre respiro ar menos poluído durante mais um mês, pois estarão os senhores governantes em férias, e os senhores deputados também (mas certos silêncios destes últimos nem se vão notar - serão só uma continuação).

sexta-feira, julho 13, 2007

A minha estranha rejeição de escrever

Abro o blogger a perguntar-me: Vou escrever o quê? Vou escrever para dizer que não quero escrever?!
Mas talvez me faça bem pensar nisso em voz alta - não que esteja à espera que ainda alguém me leia, mas isto é público, não deixa de dar a sensação de que se está a pensar em voz alta.

De náusea, ou enjoo, já falei aqui. É uma náusea espantada, também um tédio que não consegue limitar-se a tédio porque a situação não me é indiferente - a escola foi parte da minha vida e o sistema educativo foi parte das lutas em que participei, não me é possível ficar agora indiferente. Mas tanto disparate, tanta estreiteza de vista na catadupa de medidas legislativas (agora mais uma série de regulamentações que mais uma vez nenhuma negociação concreta vão aceitar), tanta avaliação que não deixa tempo para mais nada (mais parecendo doença maníaca), tanta incapacidade para perceber que todo o clima de sufoco que é gerado nas escolas (sufoco em papelada/burocracia e sufoco sob múltiplas pressões externas) só contribuirá para as afundar esvaziando-as dos objectivos e preocupações essenciais... Está a ser demais!


Talvez eu ande com uma rejeição a escrever, apesar de tanta coisa que me vem à mente, para proteger as minhas memórias. No entanto, também sei que ando como uma balança a que falta um prato - tenho só o prato, e pesado, da actual política educativa, faltando-me o outro, o das aulas, o dos alunos. Falta-me porque não o posso ter não estando já na escola, falta-me também porque dos alunos não ouço falar - a não ser por números estatísticos - nas intervenções da ministra da educação e seus colaboradores (incluido-se nestes muitas vozes "sonantes" deste país), que nem pejo têm de fazer dos alunos cobaias.

Enfim, eu, que nunca fui pessoa para ficar calada (bem o sabem todos os que me conhecem de perto), ando cada vez mais a encarar com estranha recusa este cantinho onde tenho oportunidade de falar se quiser. Talvez porque, como já tenho dito, faço questão de persistir na esperança e, estando a ficar sem ela em termos de curto prazo, prefiro não mostrar o pessimismo (ou descrença) que começa a ser inevitável. Entretanto, estou a dizer isto porque tenho a acrescentar que acredito que este meu estado de espírito seria diferente se tivesse ainda o tal outro prato da balança que agora me falta - os alunos. Porque o trabalho com estes e para estes tem que continuar, é por isso que se escolheu a profissão de professor, e essa razão maior há-de prevalecer como motivação.

É uma razão que já não me pertence concretizar, essa falta é propícia a que se me instale a náusea que me causa o que anda a encher o referido prato da minha balança, a que falta o outro prato para equilibrar e manter o espírito positivo que gosto de ter. Mas... aos professores no activo esse outro prato não falta, com ele hão-de manter/recuperar serenidade, lucidez e firmeza - firmeza sobretudo, ela anda fugida de muitos (de demasiados, incluindo presidentes de CEs), mas a sua necessidade há-de acabar por se impor. (Marx disse que a liberdade é a consciência da necessidade, e eu atrevo-me a dizer, a propósito ou a despropósito - acho que a despropósito, mas não faz mal, serve para o que quero dizer - que a maioria dos professores anda a precisar de ganhar consciência da necessidade de firmeza, em vez de conformismo. Mas as tomadas de consciência levam o seu tempo, há que ter um bocadinho de paciência para aguardar - eu é que já estou fora do meu tempo de ter paciência).

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Mais virada para a leitura do que para a escrita...

...assim meu cantinho vai andando abandonado. Mas, às vezes eu penso nele como se não fosse um espaço virtual, mas um recanto mesmo onde me viesse sentar debaixo de uma trepadeira para soltar e depois guardar entre as pedras de um murinho uma impressão que me deixou o livro que acabei de fechar, ou a alusão a algum momento particular do dia, ou um pensamento que ou me grita ou me murmura através de alguma forma mais ou menos metafórica que me suscita a pena de um poeta ou o pincel de um artista. Ora... porque não? Um blogue não tem que ficar preso ao título, e os posts não têm que ser todos para eventuais visitantes entenderem sem ficarem a perguntar-se: A que propósito vem esta prosa ou esta imagem?

Memórias da vida de professora...? Vêm-me muitas , sobretudo das aulas, de empreendimentos como directora de turma, de casos, enfim... sobretudo memórias 'deles' - os alunos. Vêm-me ao pensamento muito mais do que vinham enquanto ainda estava no activo (nessa altura era o presente, o dia a dia, as turmas desse ano que ocupavam o pensamento). Mas... vêm e também vem logo uma recusa: "Não me apetece escrevê-las" (as memórias), "não, não quero escrever, é passado". E eu sei que isto não faz muito sentido, porque escrever memórias não tem, não tem mesmo que significar saudosismo, não foi com nenhum sentimento desses que iniciei o blogue e lhe dei o título que tem, e continua a não ser ao mantê-lo.
Mas, não vou perder tempo a deslindar o porquê desse não apetecer ou não querer. Se uma memória de prof me puxar para o teclado, escreverei, e se a seguir as memórias não continuarem a puxar para as teclas, não escreverei, e pronto - é simples.