sexta-feira, janeiro 06, 2006

Regresso à tranquilidade

Quando pus este blogue "adiado" acho que estava a precisar mesmo de chegar ao cume de uma crise que, subterrânea, terá decorrido nos últimos meses. Porque as crises são muitas vezes necessárias para os saltos qualitativos para o outro lado. É caso para dizer: Ainda bem que...
- que terminei o 1º Período lectivo irritada com o panorama de uma ratoeira de burocracia em que as escolas se deixaram cair;
- que mais me cansei do que descansei numas férias de andanças dentro do pc e com ele às costas;
- que essas condições foram propícias a que uma gota fizesse transbordar o cálice da zanga logo no primeiro dia de regresso à escola.
Como já disse acima por outras palavras, tranbordar às vezes é necessário, é o tal cume que gera o desequilíbrio necessário à equilibração.
Andar a ser insultada como professora pelos acólitos da srª ministra já foi um osso muito duro de roer, mesmo voando os rótulos de irresponsabilidade e incompetência para as suas testas.
Mas mais difícil ainda foi sentir as minhas memórias desta profissão apaixonada em risco de ficarem soterradas numa recta final em que, ao fim de um percurso de 36 anos, pior que ver tudo na mesma é ver a bater no chão um sistema educativo que só não se foi desde há anos degradando ainda mais graças aos professores. Mas eu até sei (ou acredito) que também é preciso bater no fundo para haver revoluções - verdadeiras mudanças ou tranformações.

E para decidir que não tenho mais paciência para esperar e me vou embora JÁ... era preciso que tivessem deixado de existir eles - o motivo de termos querido ser professores, bem diferente dos motivos de se querer ser ministra da educação. (Além de que - questão logo em segundo lugar, pois a primeira é aquela a que acabei de aludir - alterar planos de vida por pressão exterior, mesmo que planos de prazo limitado, seria derrota. Decidi não me aposentar para o fazer quando EU achar que é altura de outro plano de vida - planos de vida só terminam no último dia - e assim espero fazer, mesmo que com ataques de zanga de vez em quando).

E termino este escrito com palavras de um dos últimos comentários que aqui me deixaram:

"Ter como prioridade o que realmente vale a pena... o que realmente é importante: a Vida! E manter o espírito aberto à possibilidade de que vale a pena ser professor... apesar de tudo o resto..."

(Um
comentário bem oportuno, Tit, mesmo tendo já eu reposto em equilíbrio as minhas prioridades!)

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

Ainda bem que há quem denuncia o caos (o medo, a cobardia, o silêncio, a mordaça, coniventes sem cadastro...)! Ainda bem, Isabel.

matilde disse...

É bem verdade que são os momentos de grande crise que nos fazem repensar a nossa profissão... Fico também um pouco mais animada com este teu post, embora nem sempre seja fácil; mas ELES, o tal motivo pelo qual quisemos ser professores, têm o direito de ter uma Escola de qualidade, e acredito que só nós professores podemos mais directamente contribuir para isso...

(Nota: fiquei um bocadinho "tola" por ver o meu comentário "escarrapachado" neste post...eheheh... espero que não me faça mal ao ego...LOL)

Um Beijinho