Depois de pensar em teias (e outras teias diferentes), é tempo de me deter numa sensação que de vez em quando me vem - a de um emaranhado de fios dentro da minha cabeça. Demasiados pensamentos a cruzarem-se, de vez em quando também pensamentos vindos lá de fora, daqueles que batem na cabeça e me lembram que é previdente comprar um capacete protector.
O exterior, o real, é complexo e contraditório, uma filosofia sobre a vida (creio que qualquer uma) fica com buracos e uma pessoa tem que andar frequentemente a coser a sua.
E os pensamentos que se cruzam às tantas emaranham-se, e puxa-se um que serena, e vem outro que nos zanga, e num dia escreve-se porque a mente está cheia do que nos encanta, e no outro já se escreve porque ao longe se vislumbram corujas e abutres e ao perto cabeças curvadas. Entretanto, este oscilar do estado de espírito desagrada-me, acho que ando a precisar de recuperar a ponta da meada e depois seguir devagar um só fio condutor - um só, o mesmo sempre, ainda que com nós para desatar.
Difícil!
Se calhar é mesmo preciso pegar em fios contraditórios e empreender atá-los para perceber a unidade daquela pessoa que estranhamos ter um a sair de cada orelha em direcções divergentes, para percebermos o ponto de coerência do real cheio de fios a apontar para horizontes opostos, um com o sol a nascer, outro com a noite a escondê-lo, outro..., outro... e mais outro... a atrapalharem a percepção do sentido em que o novelo deles todos se desenrola.
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5 comentários:
Fiquei presa a estas palavras, Isabel...
Entraram logo em mim, sem pedir licença, num instantinho mágico.
Apeteceu cá voltar. Obrigada por elas.
P.S. E, já agora, agradeço o mimo para a pequena Ritinha (que para além de excelente aluna em tudo, está no conservatório e canta divinamente... no ano que passou comovi-me quando nos ofereceu o Perdidamente na sua voz de anjo, na última aula de matemática do 1ºP...
Magias...
sinto que podia ter escrito esse artigo, não com tanta clareza e talvez com umas calinadas, porque ao contrário da maior parte dos blogger, recuso corrigir...vai como tá....mas bravo pelo texto...sabes acho que passo uma grabde parte da vida com necessidade de atar as pontas soltas, mesmo sem medo de as atar mal....deve ser defeito de fabrico...acho que vou reclamar aos fabricantes..
Há um emaranhado de fios na Educação em Portugal, não duvido, e sem dúvida que abana um sem número de mentalidades há muito adormecidas... Espero naturalmente que sirva para mais do que isso, abanar mentalidades, e que a Educação saia a ganhar...
(Às vezes ouso pensar na hipótese de todas as escolas fecharem durante um ano "para balanço"... Ridículo, claro... ou não?!...)
Teresa, com a Rita e outros tens-me feito ter saudades de ensinar o 2º Ciclo (que ensinei durante a maior parte da vida). É nessa idade que a gente descobre a verdade dessa frase de Freinet que tenho aí em cima como lema do blogue. Com os adolescentes, agora fica mais difícil, não por serem adolescentes, mas porque continuo a achar que a sociedade anda a tirar as "magias" a esta geração de putos.
Miguel, não reclames aos fabricantes, os nossos fabricantes não se viam no meio de tantas meadas com fios para atar, desde o tempo deles as meadas emaranharam-se muito!
Tit, se tenho que ser sensata, tenho que responder que a ideia é "ridícula", mas se posso responder com o que já me veio à cabeça, devo dizer que quando começaram estas medidas da ministra pensei mesmo isso: devia era haver um ano zero nas escolas, para começar a pensar o sistema educativo por uma ponta, desenredar a meada e repensar tudo direitinho. Mas imagina só o cataclismo que seria as famílias com os putos um ano em casa!!!
Nunca tinha pensado nesta forma de pensar...ainda bem que há um amaranhado de pensamentos, uns a querer saír, outros a querer entrar, outros a ser mandões, outros etc., porque existe para aí muita gentinha em postos chaves e não têm nenhum. Por isso esta panaceia toda..
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