Li quase de ponta a ponta o 1º número da nova revista sobre política educativa, Pontosnosii, cujo anúncio também recebera no mail. Há opiniões sobre vários subtemas, e opiniões não deixam de ser provocadoras de pensamento, pontos de vista contribuem para que este não permaneça estanque sobre as questões que nos tocam ou preocupam. Mas, nesta como noutras publicações, mesmo separando de opiniões pouco ou nada sólidas outras mais sólidas, estas últimas não deixam de ser o que são: opiniões. Assim, o que eu mais destacaria no que li é uma frase, logo no editorial, pois ela tem implícito um princípio que não é uma questão de opinião, mas sim inquestionável - a necessidade de fundamentação. "Continuaremos a aceitar comodamente que opções determinantes para o futuro dos nossos filhos e da nossa terra sejam tomadas pelos «tudólogos», (os que sabem tudo e de tudo) que não sentem necessidade de fundamentar coisa alguma?"
Fundamentar... eis a questão, o princípio. De qualquer equipa ministerial espera-se responsabilidade e rigor intelectual, espera-se que as opções sejam tomadas depois de fundamentadas. E fundamentos são estudos, conhecimento, procura, inclusivamente, de experiências internas ou de outros países para análise das bem sucedidas e não repetição das que provaram ineficácia. E fundamentos requerem recurso a colaborações especializadas e validadas, isento de favoritismos nas irmandades de cores político-partidárias. Espera-se ainda não precipitação, ponderação das realidades a que se vão aplicar as opções, pesagem também de efeitos que possam reverter em consequências negativas o que potencialmente comporte resultados positivos.
Qualquer equipa ministerial que mexa em coisas tão fundamentais como a educação, a formação e o futuro das nossas crianças e jovens, começará por ser imaturamente atrevida se não se nortear por tais princípios. Passará a ser irresponsável se, ao traçar directivas ao trabalho dos profissinais de ensino, passar por cima dos saberes e experiência existentes nessa profissão (profissão, não apenas teoria sobre ela). E passará finalmente a ser culpada se desprezar os referidos princípios quando pretender ir mais longe e mais fundo que meras medidas avulsas e reversíveis ou corrigíveis - pois ir mais longe e mais fundo sem esses princípios leva a que cobaias de reformas se tornem irremediavelmente vítimas das mesmas.
Mas, aqui como pelo mundo, a classe política tem o privilégio da impunidade, pelo que nos resta esperar seriedade, fundamentação fidedigna, e também uma coisa simples que se chama bom senso.
1 comentário:
São os politicos retorcidos que querem a toda a força deixar o seu cunho mesmo que prejudiquem quem quer que seja.Porque é que se diz reforma de Veiga Simão, Roberto Carneiro e outros.Mesmo que façam só asneira os seus nomes ficam associados às mudanças e como não são responsabilizados ficam a fazer parte da história da educação.Se pagassem pelo prejuizo que causam e pelos males que criam à sociedade, não haveria tantas mudanças e tantos "tudólogos".
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