Canta, poeta canta!/Violenta o silêncio conformado/Cega com outra luz a luz do dia/Desassossega o sossegado/Ensina a cada alma a sua rebeldia - Miguel Torga
Bom fim-de-semana para ti, Isabel! Vocês são mesmo especiais e doces. O que me dizias sobre o segundo ciclo é bem verdade. Acho que aos 21 anos tive exactamente essa visão. E vou contar-te a história. É que, a aranha é uma... geóloga! O problema das escolhas... Tinha nota alta do liceu que dava para entrar em qualquer lado, mas não conseguia decidir-me, pois gostava de tudo (quase tudo: tinha pelo menos a certeza inabalável que não queria médica). Acabei por me decidir pela Geologia e lá fui para a Faculdade de Ciências da Univ de Lx, com 18 aninhos acabados de fazer, para um curso que tinha de tudo um pouco: matemática, física, química, biologia, muita geologia... a meio percebi que queria muito ser professora e lá avancei para o Educacional. À beira do estágio senti que não queria ser professora de Ciências do 3º Ciclo (vocação do curso), mas sim de Matemática e Ciências no 2ºC.Sobretudo de Matemática. Lutei bastante para o conseguir, pois era algo inédito que nunca havia acontecido na Universidade. Não foi fácil, mas consegui. Fiz estágio na Francisco Arruda em Lisboa (onde vivia). Simultaneamente fui sendo pressionada frequentemente pelo Presidente do Departamento de Geologia para continuar como assistente desse Depart. (na área do Educacional) mas fui recusando todas as propostas, pois sentia que esse não era o meu caminho. Pais, Cara-Metade, todos me deixaram decidir o que queria, sem pressão. Conhecem-me bem. Agora sei que foi uma intuição feliz que deu o melhor rumo possível à minha vida. Quase prometi regressar à Univ. um dia, depois de recolher experiência no campo fértil da Escola... mas continuo presa aos Meninos que têm aquela idade especial em que (ainda) é possível combater as desmagias desta sociedade, com um Amor sério e comprometido. 21 anos depois (20 passados numa escola muito difícil, da zona marginal de Setúbal, a que me afeiçoei e que só no ano passado deixei, embora o pudesse ter feito há anos, em troca de um lugar a 5 min de casa,para me preparar para o futuro incerto dos 65 anos...)aqui estou eu, com a certeza de que fiz o certo. Pelo caminho fui vocalista e compositora num grupo de Setúbal (gravámos um CD para a BMG nos anos 90 - produzido por dois elementos dos Trovante: Manuel Faria e Fernando Júdice. Um momento especial no meu crescimento). Publiquei dois livros de poesia infanto-juvenil em 2004... tudo sem nunca deixar de ser professora. Continuo a compor, a escrever, a cuidar do jardim, a cuidar dos meus bichos, a amar profundamente tudo o que escolho fazer. Partilho tudo isto com os meus Meninos, para que eles percebam que os sonhos estão à mão de semear, se nos dermos ao trabalho de lutar por eles e de ir combatendo civicamente os papões e os pesadelos. Até partilho isto com outros Meninos, pois, por conta dos livros de poesia, tenho ido a outras escolas estar com eles noutros universos, os da leitura e da escrita. Essa magia da música, da poesia, da cidadania, deixo-a para AP, EA e FC. E às vezes penso que, mesmo nestes dias escuros, sou feliz por ter mais esses recantos (que antes não tinha) onde posso partilhar outros sonhos com eles, para além do sonho matemático. Nem tudo é completamente cinzento. Desculpa este abuso. Mas é como no principezinho... os laços vão-se tecendo na partilha dos dias e de nós. E já sinto este recanto teu, um bocadinho meu. Por isso regresso todos os dias, como as abelhas, para recolher o pólen que espalhas para nós... Obrigada por isso e pela tua esperança.
P.S. Não prometo pôr adesivo na boca, pois a lucidez do olhar do Miguel já nos fez ver que isso de nada serve... em vez disso, vou tecer uns fios de seda que atropelem as mãos quando for de mais... Acabei de os tecer: termino aqui.
P.P.S. Lembrei-me do Natal, das luzes, dos teus netos. Se me deres a morada da escola, teria o maior gosto em te enviar os livros de poesia, em quantidade suficiente para distribuir por eles e para guardar na vossa Biblioteca. Foi um sonho que correu bem, lançamento na FNAC do Colombo,na altura, muitos sorrisos em volta, até na XIS a Laurinda ajudou. O objectivo nunca foi ficar "rica", mas recuperar o investimento e, sobretudo, passar a palavra e (re)criar o gosto pela poesia desde cedo. Recuperado o investimento num instantinho, continuo a oferecer, a oferecer, enquanto puder. Os livros foram já oferecidos a imensas escolas do país e Bibliotecas. Esta oferta estende-se, é óbvio, aos Miguéis, à Tit... mas como foi a ti que contei a história... vou deixá-los vir até aqui descobrir que há (mais)uma prenda de Natal à espera nas tuas memórias, por entre todas as prendas que nos ofereces. A Tit falou em coincidências. Que tal esta?: tenho uma irmã chamada Isabel, um irmão chamado Miguel e a outra irmã (Helena) é vizinha da Tit... nada mal hem? (Desatou-se o fio de seda das mãos... aproveitei para escrever mais um bocadinho... vou já atá-lo outra vez)
Já descobri 3za! Temos então de combinar os pormenores - obrigada pela tua partilha, de ti e dos teus escritos...
Quanto a este post... Véspera?... humm, estarás a referir-te às presidencais? Espero que não se repita a grande abstenção dos portugueses, que, aquando da eleição de Sampaio chegou quase aos 50%... (Belo artista, o Miró)
Teresa, tenho tanto para dizer/responder sobre o que escreveste que hoje fica só um Muito obrigada, sensibilizado. Acabei de te explicar por email como estou com um fim de semana sem tempo para respirar, claro que voltarei a esta janela na 2ª feira, se não puder ser antes, pois só vai haver mais um "postezito" rápido até lá, na sequência do "véspera". Bom fim de semana!
Tit, bom fim de semana também para ti. E para todos os que eventualmente passem por este cantinho sem eu ter tempo de responder.
Teresa, cá voltei, como prometi, ainda não livre das trabalheiras dos últimos dias, mas quase. Num destes dias vou pôr um post sobre isso dessa idade do 2º ciclo, só 2 pequenas transcrições que vou "roubar". Venho responder-te sobre os meus netos. Em termos de poderem ler (ou ouvir ler)português, estão "distribuídos" apenas por uma casa, aqui a uns passos da minha - o casal, ele com 12, ela com 7. As minhas duas outras netas, irmãs, mas uma a maxi e outra a mini dos 4 (a mini com 5 anos) estão bem longe, são suiças mesmo, por paternidade e nacionalização da mãe logo que para lá foi casar aos 19 anitos. Com já demasiadas línguas na família de lá, não falam praticamente português. (O que me vale é que sou do tempo do francês, que inglês leio mas não falo, e a família aqui também fala aquela língua tão bonita - eu a aproveitar para dizer que detesto a língua inglesa). Teresa, eu pediria para identificares os teus livros para eu mesmo os adquirir, mas não resisto à ideia de os meus netos os terem autografados pela autora :)
P.S. Adoro quando alguém cita ou refere o Principezinho :))
6 comentários:
Bom fim-de-semana para ti, Isabel! Vocês são mesmo especiais e doces. O que me dizias sobre o segundo ciclo é bem verdade. Acho que aos 21 anos tive exactamente essa visão. E vou contar-te a história. É que, a aranha é uma... geóloga! O problema das escolhas... Tinha nota alta do liceu que dava para entrar em qualquer lado, mas não conseguia decidir-me, pois gostava de tudo (quase tudo: tinha pelo menos a certeza inabalável que não queria médica). Acabei por me decidir pela Geologia e lá fui para a Faculdade de Ciências da Univ de Lx, com 18 aninhos acabados de fazer, para um curso que tinha de tudo um pouco: matemática, física, química, biologia, muita geologia... a meio percebi que queria muito ser professora e lá avancei para o Educacional. À beira do estágio senti que não queria ser professora de Ciências do 3º Ciclo (vocação do curso), mas sim de Matemática e Ciências no 2ºC.Sobretudo de Matemática. Lutei bastante para o conseguir, pois era algo inédito que nunca havia acontecido na Universidade. Não foi fácil, mas consegui. Fiz estágio na Francisco Arruda em Lisboa (onde vivia). Simultaneamente fui sendo pressionada frequentemente pelo Presidente do Departamento de Geologia para continuar como assistente desse Depart. (na área do Educacional) mas fui recusando todas as propostas, pois sentia que esse não era o meu caminho. Pais, Cara-Metade, todos me deixaram decidir o que queria, sem pressão. Conhecem-me bem. Agora sei que foi uma intuição feliz que deu o melhor rumo possível à minha vida. Quase prometi regressar à Univ. um dia, depois de recolher experiência no campo fértil da Escola... mas continuo presa aos Meninos que têm aquela idade especial em que (ainda) é possível combater as desmagias desta sociedade, com um Amor sério e comprometido. 21 anos depois (20 passados numa escola muito difícil, da zona marginal de Setúbal, a que me afeiçoei e que só no ano passado deixei, embora o pudesse ter feito há anos, em troca de um lugar a 5 min de casa,para me preparar para o futuro incerto dos 65 anos...)aqui estou eu, com a certeza de que fiz o certo.
Pelo caminho fui vocalista e compositora num grupo de Setúbal (gravámos um CD para a BMG nos anos 90 - produzido por dois elementos dos Trovante: Manuel Faria e Fernando Júdice. Um momento especial no meu crescimento). Publiquei dois livros de poesia infanto-juvenil em 2004... tudo sem nunca deixar de ser professora. Continuo a compor, a escrever, a cuidar do jardim, a cuidar dos meus bichos, a amar profundamente tudo o que escolho fazer. Partilho tudo isto com os meus Meninos, para que eles percebam que os sonhos estão à mão de semear, se nos dermos ao trabalho de lutar por eles e de ir combatendo civicamente os papões e os pesadelos. Até partilho isto com outros Meninos, pois, por conta dos livros de poesia, tenho ido a outras escolas estar com eles noutros universos, os da leitura e da escrita. Essa magia da música, da poesia, da cidadania, deixo-a para AP, EA e FC. E às vezes penso que, mesmo nestes dias escuros, sou feliz por ter mais esses recantos (que antes não tinha) onde posso partilhar outros sonhos com eles, para além do sonho matemático. Nem tudo é completamente cinzento.
Desculpa este abuso. Mas é como no principezinho... os laços vão-se tecendo na partilha dos dias e de nós. E já sinto este recanto teu, um bocadinho meu. Por isso regresso todos os dias, como as abelhas, para recolher o pólen que espalhas para nós...
Obrigada por isso e pela tua esperança.
P.S. Não prometo pôr adesivo na boca, pois a lucidez do olhar do Miguel já nos fez ver que isso de nada serve... em vez disso, vou tecer uns fios de seda que atropelem as mãos quando for de mais...
Acabei de os tecer: termino aqui.
P.P.S. Lembrei-me do Natal, das luzes, dos teus netos. Se me deres a morada da escola, teria o maior gosto em te enviar os livros de poesia, em quantidade suficiente para distribuir por eles e para guardar na vossa Biblioteca. Foi um sonho que correu bem, lançamento na FNAC do Colombo,na altura, muitos sorrisos em volta, até na XIS a Laurinda ajudou. O objectivo nunca foi ficar "rica", mas recuperar o investimento e, sobretudo, passar a palavra e (re)criar o gosto pela poesia desde cedo. Recuperado o investimento num instantinho, continuo a oferecer, a oferecer, enquanto puder. Os livros foram já oferecidos a imensas escolas do país e Bibliotecas. Esta oferta estende-se, é óbvio, aos Miguéis, à Tit... mas como foi a ti que contei a história... vou deixá-los vir até aqui descobrir que há (mais)uma prenda de Natal à espera nas tuas memórias, por entre todas as prendas que nos ofereces.
A Tit falou em coincidências. Que tal esta?: tenho uma irmã chamada Isabel, um irmão chamado Miguel e a outra irmã (Helena) é vizinha da Tit... nada mal hem?
(Desatou-se o fio de seda das mãos... aproveitei para escrever mais um bocadinho... vou já atá-lo outra vez)
Já descobri 3za! Temos então de combinar os pormenores - obrigada pela tua partilha, de ti e dos teus escritos...
Quanto a este post... Véspera?... humm, estarás a referir-te às presidencais? Espero que não se repita a grande abstenção dos portugueses, que, aquando da eleição de Sampaio chegou quase aos 50%... (Belo artista, o Miró)
Bom fim de semana!
Podem enviar a morada das escolas para teresamar@gmail.com
Isabel, diz nessa mensagem, via mail, por quantas casas se distribuem os teus netos, para eu saber quantos exemplares devo enviar.
Teresa, tenho tanto para dizer/responder sobre o que escreveste que hoje fica só um Muito obrigada, sensibilizado. Acabei de te explicar por email como estou com um fim de semana sem tempo para respirar, claro que voltarei a esta janela na 2ª feira, se não puder ser antes, pois só vai haver mais um "postezito" rápido até lá, na sequência do "véspera". Bom fim de semana!
Tit, bom fim de semana também para ti. E para todos os que eventualmente passem por este cantinho sem eu ter tempo de responder.
Teresa, cá voltei, como prometi, ainda não livre das trabalheiras dos últimos dias, mas quase.
Num destes dias vou pôr um post sobre isso dessa idade do 2º ciclo, só 2 pequenas transcrições que vou "roubar".
Venho responder-te sobre os meus netos. Em termos de poderem ler (ou ouvir ler)português, estão "distribuídos" apenas por uma casa, aqui a uns passos da minha - o casal, ele com 12, ela com 7. As minhas duas outras netas, irmãs, mas uma a maxi e outra a mini dos 4 (a mini com 5 anos) estão bem longe, são suiças mesmo, por paternidade e nacionalização da mãe logo que para lá foi casar aos 19 anitos. Com já demasiadas línguas na família de lá, não falam praticamente português. (O que me vale é que sou do tempo do francês, que inglês leio mas não falo, e a família aqui também fala aquela língua tão bonita - eu a aproveitar para dizer que detesto a língua inglesa). Teresa, eu pediria para identificares os teus livros para eu mesmo os adquirir, mas não resisto à ideia de os meus netos os terem autografados pela autora :)
P.S. Adoro quando alguém cita ou refere o Principezinho :))
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