quarta-feira, janeiro 25, 2006

Porque parece o tempo passar cada vez mais depressa? ;)

"Acho que ando a precisar de recuperar a ponta da meada e depois seguir devagar um só fio condutor" - escrevia eu há poucos dias. E...
" Do que ando a precisar é simplesmente rever e repor as minhas prioridades nas 24 horas de cada um dos 7 dias da semana" - escrevia eu também uns dias antes desse. Mas há tarefas e compromissos do dia a dia que também são prioritárias, e o dia, os dias, as semanas passam a correr, mudar de ambiente mental requer programar coisas diferentes que caibam no tempo dos dias, e lá vêm os mil pretextos: hoje estou cansada, está tanto frio, não combinei a tempo, não me sobrou tempo...
Entretanto, a verdade é que, para recomeçar pela ponta da meada do pensamento a fim de seguir um só fio condutor, preciso de primeiro esvaziar a mente do emaranhado de fios. E, esvaziar a mente deles é levá-la para ambientes onde se encha da visão de uma paisagem, da melodia de uma orquestra a tocar uma das peças que a genialidade nos legou, enfim, ambientes de magia e diferentes das rotinas.
Dizemos que o tempo parece que cada vez passa mais a correr... sobre isso, entre os PPs que me chegam à caixa do mail, encontrei um com uma ideia engraçada. Resumindo a ideia: Parece que o tempo acelera quando ficamos mais velhos e que os natais chegam cada vez mais rapidamente porque, quando se começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida; conforme envelhecemos, começam a repetir-se as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios...enfim, as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que o dia pareça ter sido longo e cheio de novidades) vão diminuindo.
Chamei ideia engraçada, porque não sei se isso de a mente apagar as experiências repetidas terá alguma base científica [riso]. Mas, que a quebra de rotinas (rotinas que não têm que ter sentido pejorativo, podemos fazer todos os dias as mesmas tarefas sem as fazermos rotineiramente) fazendo coisas diferentes que nos entusiasmem ou encantem é de facto viver mais no mesmo tempo, isso é.
Em conclusão, posso matar dois coelhos numa só cajadada, como se costuma dizer: esvaziar a mente dos emaranhados mediante pequenas fugas para ambientes diferentes e ... viver mais! Afinal as pequenas preguiças, como ficar no quentinho da casa com o pretexto de que está frio ou a chover, também são preguiça de viver mais? (Até parece que não sabia já isso, mas a gente vai inventando que não sabe).
O melhor é aproveitar o momento de pico de consciência para desejar um resto de semana de bom trabalho e um bom fim de semana, não vá eu reprogamar já o resto da semana até domingo...
(Será?... Ou só blá blá blá?)

5 comentários:

Teresa Martinho Marques disse...

Citando-te: "Em conclusão, posso matar dois coelhos numa só cajadada, como se costuma dizer: esvaziar a mente dos emaranhados mediante pequenas fugas para ambientes diferentes e ... viver mais! Afinal as pequenas preguiças, como ficar no quentinho da casa com o pretexto de que está frio ou a chover, também são preguiça de viver mais?"

1-Pobres coelhos... sempre me arrepiou a expressão, por conseguir visualizar a cena... e por ser uma fã de bicharada.

2-Quando está frio, ou chove, e venho até aqui ter contigo estou a viver mais. Há viajens bonitas, diferentes,que podemos fazer sem sair do quentinho.Um vício a que não chamarei nunca rotina.

3 - Tens mesmo a certeza de que não tens 25 anos e inventaste uma personalidade (alter-ego) com netos só para nos envolver nessa teia de memória, ao mesmo tempo doce, renovada e com um aroma a vinho do Porto sem ano de nascimento?

4-Quando te leio sou transportada pelo tempo sem dar por nada. Se ele, para mim, começar a passar depressa de mais... a culpa também será tua!

Boa reprogramação... ou não...

Miguel Pinto disse...

hummm...alter-ego... memórias? Ainda não tinha pensado nessa possibilidade. mas faz sentido! ;)

IC disse...

Cheguei não há muito a casa (como passa da 1 da noite, já notam que sempre reprogramei alguma coisa [riso]) e vim aqui só responder aos comentários.
Ó Teresa, deixaste-me sem jeito! "Quando está frio, ou chove, e venho até aqui ter contigo estou a viver mais...." Fiquei mesmo confundida, os meus escritos são só... enfim, são tão pouca coisa, para mais quase sempre escritos de impulso.
Mas, indo por partes:
1.Também não gosto da expressão dos coelhos, por isso acrescentei "como se costuma dizer", na falta de me ocorrer outra expressão.
2.Quanto aos 25 anos e ao alter-ego, tomo os 25 anos como um "elogio" (que palavra péssima, também não me está a ocorrer uma melhor) que agradeço, mas quanto ao alter-ego, a seguir já te vou mandar a foto dos meus 4 netos, que já é de Janeiro de 2004 (a última vez que os primos se juntaram, vou eu mais lá, elas vêm cá pouco)e quando vires a minha "maxi" vais é pensar que imagino/invento é a escola, que já devo estar é perto dos 80 [mais risos].
Agora, falando a sério, preciso sobretudo de parar um pouco de escrever, de repegar o princípio do fio e seguir comedidamente, sobretudo sobre a escola.Sabem (Teresa e Miguel), eu penso tudo o que escrevo mas não posso (não quero)escrever tudo o que penso. Por alguma razão já só me apetece estar com os alunos, mais nada (a razão talvez o Miguel leia melhor nas entrelinhas porque eu penso que também leio nalguns posts dele aspectos de que prefiro falar vagamente ou atenuar, ou semi-falar apenas). E isso está a ser complicado para mim, está a fazer-me vir a tomar a decisão da reforma um ou mesmo dois anos mais cedo do que desejei. Já estou a mais no barco, e daqui a uns dias (para a semana, segundo a minha reprogramação :) )trancreverei um texto de Eduardo Lourenço que diz bem que uma pessoa, asssistindo a várias gerações, às tantas chega ao momento em que a sua relação com o presente é impossível, mesmo irreal - estes termos são dele.
Em suma, preciso mesmo de uns dias sem escrever, se calhar até sem tentar achar imagens que exprimam metaforicamente os meus estados de espírito, embora não deixe de ir dando uma voltinha pelos meus blogs indispensáveis, comente ou não comente.

Miguel: com que então faz sentido!!! Ora esta!
loooool

IC disse...

P.S. Teresa, vou imprimir o texto da Mónica, da sala 16, (texto e imagem) para ler aos meus alunos, apesar de mais velhos. Já o contei ao meu neto.

Teresa Martinho Marques disse...

Percebo-te bem... Não julgues que não. Eu, se pudesse, reformava-me já hoje e, depois, voltava a levantar-me às seis da manhã, amanhã, e ia para a escola como voluntária fazer coisas úteis sem espartilho com os meninos, escrevia mais livros, compunha mais canções para lhes oferecer. Criava clubes de Matemática, de teatro, de animação do livro. Porque é neles (meninos) que sempre bebo a minha energia e quem me cansa de morte são os adultos cinzentos (tal como a ti) e os empecilhos que se colocam nos caminhos da educação - este ano é um excelente-mau exemplo. (A minha paciência com os outros é um pouco genética, mas tem bastantes dias de impaciência dentro dela). Como estou longe desse dia... olha... vou caminhando de mão dada com os alunos porque, decididamente, eles não têm culpa. Entendo a necessidade de silêncio e saberei que estás por aqui... Os não-ditos têm sempre mais sigificados que os ditos. Que o pensamento te ajude a encontrar o caminho mais real para ti neste momento.