sábado, janeiro 07, 2006

Pormenor(?) no sucesso escolar na Finlândia

Os factores que parecem estar por detrás do sucesso da Finlândia no PISA de 2003 (resultados publicados em Dezembro de 2004) estão resumidos neste post do blog Os (In)Docentes, podendo ler-se os desenvolvimentos pelos links também nele colocados, pelo que não vou retomar o tema aqui. Quero apenas dizer que notei um pormenor:

"Peruskoulu – The primary school
Finnish children start school in the year that they turn seven years old. Since 1996, pre-school education has been required for all children after the age of six. The question of whether children should enter school earlier is no longer a matter of discussion."

Quando, há anos, passou a ser permitida entre nós a entrada no 1º Ciclo a crianças ainda com 5 anos, argumentou-se, a quem discordou, que não era obrigatório, era só uma permissão, ficando as famílias com liberdade de decidir. Mas são minoritárias as famílias que saibam equacionar a questão, nem têm que saber. Além de que o caso do meu neto é um bom exemplo de que não adianta ter a noção de que será vantajoso não entrarem tão cedo. Ele faz anos em Dezembro, e a decepção e o desgosto que percebemos se visse os seus coleguinhas da pré-primária seguirem para o 1º ano e ele não teve que anular a intenção que se tinha anteriormente.
Sem adiantar mais, fico pela pergunta: a norma na Finlândia será apenas um pormenor pouco relevante no âmbito dos factores que concorrem para um menor insucesso escolar? (Sempre que senti oportuna a pergunta a bons alunos, entre os 6º e 8º anos, que vi com dificuldades e até a ficarem aquém dos resultados a que aspiravam e para que trabalhavam, com quantos anos entraram no 1º ano, a resposta foi sempre a que esperava: com 5 anos)

5 comentários:

Miguel Pinto disse...

Desconheço se existem estudos sobre esta matéria particular. Podemos sempre falar da nossa experiência, dos casos de sucesso ou insucesso escolar que conhecemos e que presumimos dever-se à idade de entrada. Não creio que este problema possa ser dissociado de um outro que é a eternização da lógica de organização escolar assente no ensino em “classe”. Ensinar a todos como se fosse um só! Eis, a meu ver, o grande problema do ensino!

IC disse...

Também desconheço se há estudos relativos à relação desenvolvimento das estruturas cognitivas - idades médias na crianças portuguesas, mas há um estudo fundamental e até hoje não refutado cientificamente (vozes tontas que dizem que Piaget está ultrapassado confundem o que esse génio estudou e disse com o que não pretendeu estudar nem dizer) que requer atenção ao assunto. Os estádios de desenvolvimento não têm idade fixa, mas o processo não pode fazer-se saltando etapas e a capacidade de pensamento formal /abstracto tem que ter o seu tempo para se estabelecer sob pena de certas disciplinas na pré-adolescência exigirem a alguns alunos um demasiado esforço. Seria interessante saber-se o que leva a Finlândia a determinar a entrada na escolaridade só no ano em que as crianças vão completar os 7 anos (como acontecia aqui antigamente)(e decerto lá as condições propiciam um desenvolvimento mais precoce do que cá à maioria das nossas crianças)

maria disse...

Também desconheço se há estudos sobre o assunto mas estou mais de acordo com a entrada tardia,pelas descrições que tenho ouvido da minha irmã que é professora do 1º. ciclo e pela minha experiência familiar e profissional. Com cinco anos quase que é difícil tê-los "sentados" dependendo da pré-primária que fizeram. Por exemplo o meu filho mais velho faz anos a 3 de Janeiro, entrou com 6 anos. Mas no inicio do 2º. ano, depois de uma entrevista com um inspector passou logo para a terceira classe. Acho que foi bom para ele e para a turma porque aborrecia-se e perturbava os outros. Haverá casos, mas penso que acredito nos estádios de desenvolvimento.

Anónimo disse...

Desconheço se há estudos na influência da idade. O que é certo é que na Finlândia se as coisas correm bem devia ser aí que deviamos ir buscar os modelos.Piaget também fez os seus estudos.. Boa semana.

Miguel Pinto disse...

Creio que o problema pode ser visto de outro ângulo. A Isabel frisou e bem que os estádios de desenvolvimento não têm idade fixa, e que importava não “queimar” etapas. Ora, se encontrarmos outras unidades de agrupamento que não a classe estas questões seriam mais inteligíveis. A meu ver, há que abandonar os actuais referenciais e adoptar outros assentes na diversidade.