Poderá ser compreensível que, face a uma qualquer greve por determinada reivindicação ou por uma alteração de normas legislativas em vigor, se argumente que, face à evidência da não cedência do "Patrão" em causa, essa greve é inútil, e que o dinheiro não é para perder inutilmente. Mas uma greve também pode servir para demonstrar a verdade do que afirmam os seus proponentes - a verdade de que traduzem sentimentos gerais. Tal como uma assembleia numa sala em que os presentes levantam (ou não) o braço a manifestar acordo, a próxima greve não deixará de ser a assembleia geral pública em que só os que levantarão o braço confirmarão o que os promotores dessa greve afirmam representar o pensar e o sentir da classe docente:
Que há "horários dos docentes que descaracterizam profundamente os aspectos essenciais da sua profissionalidade", e que "grassa a desmoralização nas salas de professores", os quais se sentem "humilhados e ofendidos na sua dignidade profissional"
Que a imagem dos educadores e professores tem vindo a ser sujeita a um inqualificável ataque, "provindo até de quadrantes inesperados", "com o intuito de denegrir a imagem do conjunto dos docentes perante a sociedade", num péssimo serviço à Educação pois "não é possível atingir-se a mais alta qualidade nos processos de ensino-aprendizagem sem professores profissionalmente motivados e socialmente prestigiados"
Que "os professores estão entre os primeiros interessados numa escola de qualidade, em que sejam tomadas medidas sérias de promoção do sucesso educativo para todos", mas não em que sejam tomadas medidas precipitadas que redundam em mera guarda de alunos, sem condições nem tempo para planear, viabilizar e estruturar projectos de modo a, efectivamente, "da permanência acrescida resultarem condições mais favoráveis às aprendizagens dos alunos e ao combate ao abandono escolar" e para se caminhar sob perspectivas de real transformação da escola.
4 comentários:
:o)) Eles falam... falam... e não fazem nada. Agora, mais sério. Não faltam motivos para a greve assim como exisitirão sempre motivos para nada fazer. E é neste terreno que se joga a profissionalidade. Como não tenho de subscrever as falsas razões dos sindicatos prefiro colocar a minha decisão nos termos em que sugeres aqui: Já posso baixar o braço?
Miguel, deixaste-me na dúvida sobre se me terei exprimido mal: falei dos promotores da greve porque só eles legalmente podem promovê-la, mas só citei, das afirmações deles em documentos diversos, o que os professores nas escolas mais dizem que os está a revoltar (e também está a mim) e, por fim, o que se encaixa no que espero que pensem. 6ª feira à noite é que decido se baixo o braço.
Espero que desta vez, pelo menos esta vez, as pessoas se manifestem e façam greve. Não pelos sindicatos mas por elas próprias e pelo que representam: a escola!
De forma inequívoca: 6ª feira o destino é Lisboa!
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