Em Julho, os professores deste país, mas particularmente os de Matemática (pelo menos os do ensino básico, e especialmente - mas não só - os do 3º Ciclo) foram, explícita ou implicitamente, chamados de incompetentes. Depois, a Srª Ministra da Educação veio publicamente atenuar a vaga que percorreu a opinião pública, mas a ideia já estava instalada em boa parte desta.
Com excepções, que sempre as há em qualquer profissão, mas que, como tais, não têm relevância, os professores de Matemática foram gravemente injustiçados - sobre isso não tenho dúvidas. O que não quer dizer que não saibamos todos que a maioria dos nossos alunos tem um déficit em certas competências matemáticas essenciais, mesmo que saibam a "matéria" - lidamos com isso há muito tempo, mas vários factores, alheios ao nosso esforço, concorrem para esse facto. O que não quer dizer, também, que deixemos de repensar constantemente a nossa prática. E, nas escolas, nas reuniões de departamento cheias de informações do CP, de papelada a repetir todos os anos, etc., escasso tempo fica para reflectir e repensar em conjunto.
Aqui fica, então, um convite a colegas de Matemática que (talvez) de vez em quando visitem este cantinho (pois alguns, não "bloguistas", eu sei que não o desconhecem) para que alimentem algum debate, seja sobre o tema "métodos" do post abaixo, seja sobre o problema global.
Aos colegas que conhecem mal o ambiente da "blogosfera docente": é um ambiente informal de textos, opiniões e comentários espontâneos, mas também um ambiente de partilha que torna as nossas preocupações (e por vezes desalentos) menos solitárias. E este blog também está aberto a eventuais conversões em posts, de comentários que por aí fiquem despercebidos e que, no entanto, possam alimentar um debate (e opiniões contrárias até são dinamizadoras!).
4 comentários:
Então não há um único comentário ainda!? Pois então, Isabel, que seja eu o primeiro! :))
Há muita coisa para dizer, escolho uma curta e com algum impacto:
Um dos maiores erros que eu descobri que cometia até há uns anos atrás era partir do princípio que, a Matemática, os alunos tinham pouco jeito ou pouca inteligência para "fazer" matemática. Quando deixei de os substimar e isso se reflectu nas minhas aulas, os meus alunos passaram aprender muito mais e muito melhor! Juro que isto é absolutamente verdade.
E agora venham mais contribuições!
Rui, obrigada por teres respondido ao "convite". Enquanto se aguarda por mais contribuições, sobre o que dizes: boa parte dos alunos parece de facto ter dificuldades para Matemática, mas uma das causas para isso é que, mesmo os que são trabalhadores, têm a preocupação de decorar, o que os desvia da atitude mental de soltarem o raciocínio para compreenderem e de meterem de facto a cabeça dentro do problema, como lhes costumo dizer. Procuro insistentemente explicar-lhes isso, mas tens um post meu nos arquivos de Junho ("Cláudia, ou um experiência metacognitiva") que testemunha um caso em que foi difícil a aluna entender isso, mas, ao entender finalmente tudo mudou. Quando tiveres tempo, podes acessar por http://msprof.blogspot.com/2005_06_01_msprof_archive.html#111785919737546431.
Mas, começar por não os substimar, acreditar mais neles, como dizes, também penso que é o mais importante.
Já que o debate foi proposto neste post, transcrevo para aqui o comentário que a minha amiga e colega deixou no tema "metodos...."
É urgente e importante reflectir sobre o insucesso na matemática
Pessoalmente custa-me muito entender a aversão/má relação com esta disciplina
Gosto de matemática e gosto de ajudar os alunos a gostar também.
Era para mim muito gratificante ouvi-los dizer entre si "afinal isto até é fácil".
Era fácil porque num ambiente disciplinado mas descontraído eles iam descobrindo e construindo o seu próprio saber, dialogando com o grupo. Partilhando conhecimentos e ideias iam ganhando gosto pelos desafios propostos, confiança em si próprios, modificando a sua relação com a Matematica e não menos importante, cimentando amizades e aprendendo a ser solidários.
m.n.
Correcção: Além de me ter saído "metodos" sem o acento, não pus entre aspas, como devia, o comentário da m.n., dado que é uma transcrição, não é meu :)
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