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Com excepções, que sempre as há em qualquer profissão, mas que, como tais, não têm relevância, os professores de Matemática foram gravemente injustiçados - sobre isso não tenho dúvidas. O que não quer dizer que não saibamos todos que a maioria dos nossos alunos tem um déficit em certas competências matemáticas essenciais, mesmo que saibam a "matéria" - lidamos com isso há muito tempo, mas vários factores, alheios ao nosso esforço, concorrem para esse facto. O que não quer dizer, também, que deixemos de repensar constantemente a nossa prática. E, nas escolas, nas reuniões de departamento cheias de informações do CP, de papelada a repetir todos os anos, etc., escasso tempo fica para reflectir e repensar em conjunto.
Aqui fica, então, um convite a colegas de Matemática que (talvez) de vez em quando visitem este cantinho (pois alguns, não "bloguistas", eu sei que não o desconhecem) para que alimentem algum debate, seja sobre o tema "métodos" do post abaixo, seja sobre o problema global.
Aos colegas que conhecem mal o ambiente da "blogosfera docente": é um ambiente informal de textos, opiniões e comentários espontâneos, mas também um ambiente de partilha que torna as nossas preocupações (e por vezes desalentos) menos solitárias. E este blog também está aberto a eventuais conversões em posts, de comentários que por aí fiquem despercebidos e que, no entanto, possam alimentar um debate (e opiniões contrárias até são dinamizadoras!).
4 comentários:
Então não há um único comentário ainda!? Pois então, Isabel, que seja eu o primeiro! :))
Há muita coisa para dizer, escolho uma curta e com algum impacto:
Um dos maiores erros que eu descobri que cometia até há uns anos atrás era partir do princípio que, a Matemática, os alunos tinham pouco jeito ou pouca inteligência para "fazer" matemática. Quando deixei de os substimar e isso se reflectu nas minhas aulas, os meus alunos passaram aprender muito mais e muito melhor! Juro que isto é absolutamente verdade.
E agora venham mais contribuições!
Rui, obrigada por teres respondido ao "convite". Enquanto se aguarda por mais contribuições, sobre o que dizes: boa parte dos alunos parece de facto ter dificuldades para Matemática, mas uma das causas para isso é que, mesmo os que são trabalhadores, têm a preocupação de decorar, o que os desvia da atitude mental de soltarem o raciocínio para compreenderem e de meterem de facto a cabeça dentro do problema, como lhes costumo dizer. Procuro insistentemente explicar-lhes isso, mas tens um post meu nos arquivos de Junho ("Cláudia, ou um experiência metacognitiva") que testemunha um caso em que foi difícil a aluna entender isso, mas, ao entender finalmente tudo mudou. Quando tiveres tempo, podes acessar por http://msprof.blogspot.com/2005_06_01_msprof_archive.html#111785919737546431.
Mas, começar por não os substimar, acreditar mais neles, como dizes, também penso que é o mais importante.
Já que o debate foi proposto neste post, transcrevo para aqui o comentário que a minha amiga e colega deixou no tema "metodos...."
É urgente e importante reflectir sobre o insucesso na matemática
Pessoalmente custa-me muito entender a aversão/má relação com esta disciplina
Gosto de matemática e gosto de ajudar os alunos a gostar também.
Era para mim muito gratificante ouvi-los dizer entre si "afinal isto até é fácil".
Era fácil porque num ambiente disciplinado mas descontraído eles iam descobrindo e construindo o seu próprio saber, dialogando com o grupo. Partilhando conhecimentos e ideias iam ganhando gosto pelos desafios propostos, confiança em si próprios, modificando a sua relação com a Matematica e não menos importante, cimentando amizades e aprendendo a ser solidários.
m.n.
Correcção: Além de me ter saído "metodos" sem o acento, não pus entre aspas, como devia, o comentário da m.n., dado que é uma transcrição, não é meu :)
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