sábado, junho 10, 2006

Greve do dia 14

Decidir fazer ou não fazer greve é direito de qualquer professor. Ninguém, (pelo menos nenhum professor democrata) deixará de respeitar as decisões individuais, por isso, quem não a quer fazer poupe os outros a justificações/argumentos que ninguém lhes pede e que, esses sim, lhes ficam mal.
"O dia é oportunista... entre dois feriados" (aliás um, só em Lisboa).
'São necessários 10 dias úteis para meter o Pré-aviso de greve. Depois das ofensas da Srª Ministra e de receber a proposta do ME, o Secretariado Nacional da FENPROF reuniu, de emergência, a convocação da greve só poderia ser feita para os dias: 13, 14 e 16 ou, na semana seguinte, de 19 a 23.' (in site da FENPROF - outros sindicatos aderiram à greve). 13 é feriado em Lisboa e 16 dá ponte para todo o país. Mas se fosse entre 19 e 23, o argumento seria o prejuízo dos alunos com exames adiados (adiamento que também é uma chatice para professores com serviço de exames...)
Etc. (argumentos variam). Mas deixemos isso, argumentar ou justificar não é proibido, só já é esquisito quando com eles se faz campanha para também demover outros)

O que eu quero deixar aqui dito é que agradeço a quem, no seu pleno direito, não faça a greve, que não me encha mais os ouvidos (ou os de outros que lutam) com indignações porque a Ministra insultou, porque foi conivente, pelo silêncio, com todos os insultos na praça pública aos professores (não a alguns, "aos"), para já nem falar de indignações com o seu projecto de ECD.
O dia 14 é o momento de manifestar a indignação, de exigir respeito, de requerer diálogo de boa-fé e de lembrar que nada melhorará o sistema de ensino sem os professores ou contra eles.
Por isso, por favor, quem não quiser manifestar isso nesse dia de oportunidade para o afirmar publicamente, deixe de se queixar e indignar só na intimidade das salas de professores! A Escola não precisa de queixumes, mas de acção. E, se os queixumes são sintoma de desmoralização e de desmotivação, então precisam de luta contra o que causa isso, que a obrigação do professsor é motivar-se para trabalhar empenhadamente no ensino (de preferência sem ser preciso que sejam só os "outros" a lutar).

P.S. E se eu argumentasse que já não apanho com o Estatuto em cima e que não vou mais aturar as injúrias da srª ministra??? Ora poupem-me a argumentos, poupem-me sobretudo a queixas que ouço e que também "ouço" lendo (basta ter ido de vez em quando ao Educare ao longo deste ano lectivo para ouvir, ouvir, ouvir).... sejam Livres, mas passem a poupar-me(nos) os ouvidos!

10 comentários:

Maria Lisboa disse...

Estás como eu. Na minha escola, não vejo ninguém a tentar convencer ninguém a fazer greve. Levei a proposta de ECD, para uma data de gente que vinha fresca e contente de um fim de semana (o tal de 28 de maio - seria coincidência). Expliquei os contras (que prós não encontrei). Ficou tudo horrorizado!!! Informei da greve. O horror pelo possível ECD, tornou-se no horror pela greve!!! E todos os dias chovem explicações ... todos os dias "dizem que... dizem se..." Vá lá entendê-los!
Pensei que com uma afronta como esta, havia quem fosse fazer greve pela 1ª vez ... enganei-me. Preferem continuar virgens!

PS: Não sei se será mesmo campanha para tentar demover os outros, se será um afâ tão grande em justificar-se que se torna quase nisso. Sabem que a mim nunca me dariam a volta, no entanto, parece que sentem uma necessidade enorme de todos os intervalos me explicar os seus porquês... Não sei porquê! ... ou talvez saiba!

Anónimo disse...

A certeza da justeza indignação e do protesto não chegam. Neste momento, uma greve (dia 14, 16, 20 ou 21, não interessa) tem um poder de comunicação junto da opinião pública próximo do zero (ou mesmo negativo). Não basta ter boas razões, é preciso parecer tê-las; não basta estar certo, é preciso que os outros se convençam disso. A senhora ministra sabe muito bem que não precisa dar-se ao trabalho de governar, basta ir à televisão anunciar um despacho qualquer (na melhor das hipóteses) ou enxovalhar a torto e a direito (na pior). Monta então um espectáculo mediático do combate entre o bem e o mal - o bem enfrenta as forças mesquinhas e egoistas do mal (os professores e a sua aversão à excelência, ao rigor, ao trabalho e quejandos lugares-comuns). Os sindicatos e quem os apoia correm a desempenhar na perfeição o papel do mau da fita, julgando-se o herói. Entram com pretensões a protagonista, acabam figurantes. Acabe-se com a pretensão de defender aquilo em que se acredita, opte-se antes por tentar fazer passar meia dúzia de coisas simples para a opinião pública, por diversos meios (mediáticos, claro). Deixemo-nos de lirismos, sejamos eficazes.

Paulo

Miguel Pinto disse...

Os professores têm motivos de sobra para se sentirem indignados pela forma como têm sido tratados pela equipa do ME. E é em função desse sentimento de perda que devemos ajustar as formas de luta. O documento do ECD foi a gota de água que fez transbordar o copo. A meu ver, este momento é uma oportunidade para os professores dizerem basta e isso deve ser feito independentemente do julgamento da opinião pública. Esperar a concordância da opinião pública para decretar uma greve é o mesmo que renunciar ao direito à greve e esperar um milagre para que a tutela ceda nas suas intenções. A greve já foi anunciada e, neste momento, seria importante analisar os danos da presumível desunião dos professores.

PS: Se avistardes, na manifestação, um indívudo vestido de preto, sou eu, Isabel... :))

Miguel Pinto disse...

oppps... Isabel e f...

Miguel Pinto disse...

indívudo... mas que é isto? deve ser a doença da milusite... indivíduo :)) o melhor é não ler outra vez

IC disse...

Caro Paulo, tivéssemos uma adesão em massa à greve e o alto do Parque Eduardo VII repleto de professores (de preto, de preferência), isso não deixaria de ser um abalo para a Ministra da Educação, embora não o mostrasse, obviamente. Não creio que algum professor não saiba isso, pelo que fico por aqui.


f., na minha escola as coisas não parecem estar tão más, aguardemos...

Ó Miguel, olha eu a perguntar a todos os colegas que lá vão estar de preto se se chamam Miguel hi hi hi
Pois se avistares uma prof com uma túnica preta e umas calças pretas de ginásio... sou eu! [Não uso preto, até comprei a túnica de propósito, para o resto recorri à tua área :))))))]

A Professorinha disse...

Por razões óbvias (o preço do bilhete de avião sendo a únva...) não estarei na manifestação em Lisboa, mas estarei na manifestação no Funchal, vestida de preto, a fazer greve.

E quem diz isto tudo tão bem como tu, IC, não precisa de dizer mais nada. Subscrevo inteiramente as tuas palavras!

Maria Lisboa disse...

Pois!!!!
Parece que vai estar difícil!
Também vou com camisa preta e jeans!

O melhor mesmo, é enviares o nº do telele ... eu já te envio o meu.
Pode ser que assim nos conheçamos antes do congresso.
:)

IC disse...

f. não percebi se a proposta de troca de nºs de tele era para o Miguel ou para mim, eu não tenho problema em enviar o meu desde que jurem que nunca o tocam antes das 13h, que eu sou animal nocturno e um bocadito mais cedo só em dias de aulas loooool. Mas imaginam que, mesmo de teles na mão, nos conseguimos encontrar na multidão????? Também não estejam assim tão pessimistas!!!!
;)

Anónimo disse...

Decidir fazer ou não fazer greve é direito de qualquer professor. Ninguém, (pelo menos nenhum professor democrata) deixará de respeitar as decisões individuais, por isso, quem a quer fazer poupe os outros a justificações/argumentos que ninguém lhes pede e que, esses sim, lhes ficam mal.