Quando, na quarta feira, propus "um tempo sem temas sérios, só humor", excedi o possível - a menos que fôssemos passar esse tempo em Marte. Mas rectifico: um tempo entremeando com humor os temas sérios (creio que foi isso que o Miguel Pinto aceitou ao proporcionar-nos de imediato o riso, ou seja, a desintoxicação). O riso, sobretudo partilhado, liberta cargas indevidamente a mais nas nossas costas.
Tratando-se, então, de um entremear e já que não tenho jeito para entradas humorísticas (mas, para isso, também o Miguel Sousa aceitou a proposta - um exemplo aqui), deixo hoje uma "coisa séria" para quem, eventualmente, tenha deixado escapar o pontosnosii deste mês (Revista Mensal de Política Educativa, suplemento do jornal O Público, dia 14) - excertos do Editorial Venham os Bárbaros, de Santana Castilho:
"O que está errado? O que se pode fazer?
Tratando-se, então, de um entremear e já que não tenho jeito para entradas humorísticas (mas, para isso, também o Miguel Sousa aceitou a proposta - um exemplo aqui), deixo hoje uma "coisa séria" para quem, eventualmente, tenha deixado escapar o pontosnosii deste mês (Revista Mensal de Política Educativa, suplemento do jornal O Público, dia 14) - excertos do Editorial Venham os Bárbaros, de Santana Castilho:
"O que está errado? O que se pode fazer?
Errada está a quebra do consenso secular entra a família e a escola e esta e a sociedade em geral, quanto à orientação das gerações mais novas. A escola não se realiza sem sacrifício, disciplina e trabalho. Mas, fora da escola, a indústria da comunicação e do espectáculo faz a apologia do prazer imediato, do consumo supérfluo, da extravagância e do efémero. O absolutismo moral e vários dogmas éticos tradicionais e universais foram substituídos por «morais» aberrantes, que derivaram da preponderância dos «direitos individuais» sobre os pilares seculares da vivência colectiva. Os pais deixaram de ser os aliados primeiros do professor na modelação dos filhos. Hoje, delegam neles todas as responsabilidades, mesmo as indelegáveis. E depois acusam e exigem. (...)
O que se pode fazer? Sem negar a complexidade das razões económicas, sociais, morais e outras que estão na origem de um modelo de convivência violenta e indisciplinada na comunidade escolar, exigir dos responsáveis pela definição da política educativa duas coisas, a saber: que contribuam para pôr cobro ao histerismo colectivo que aponta os professores como os responsáveis pelo descalabro do sistema, em vez de o fomentar maliciosamente; e que assumam, de forma consequente, que os problemas nucleares do seu ministério são hoje o facilitismo e a indisciplina. *
A continuarmos assim, estamos quase prontos. Venham os bárbaros!"
* (destaque meu)
3 comentários:
Estou a lê-la neste momento... é bom ver evidências escritas em espaços que chegam talvez mais longe do que nós aqui...
Era bom que alguém pensasse nas coisas sob um prisma de bom senso.
Era mesmo muito bom.
Eu não digo que os pais é que são contra os professores em vez de serem seus aliados, mas sim uma parte do sector privado que teima em tomar conta da educação pública para pô-la ao seu serviço.Tem para isso como aliado dessa manobra a comunicação social que vai fazendo bem o seu papel intoxicando os pais e sendo o grande aliado do capital.Que a educação ainda é um sector apetecível para os privados, disso que não haja a menor dúvida.Feliz Dia do Pai.Bjs
A ideia hoje é facilitar, facilitar e facilitar... Deve ser por isso que vou dar 50% de classificações inferiores a 10. Acontece que agora exige-se demais ('tadinhos dos meninos!) mas depois se chumbam no exame, foram mal preparados, só com facilitismo...
Qual é o papel do professor?
Cada vez mais acho que é comer e calar... Não adianta bradar aos céus...
Enviar um comentário