segunda-feira, março 20, 2006

Não me apetece escrever

Tantas memórias... mas para quê? Já não sei bem se pareceriam inventadas, turmas inventadas, alunos inventados! Mas ainda tenho alunos como os das melhores memórias (antigas e recentes, e não estou só a falar de alunos dos níveis 5 ou 4), não me esqueço de os ajudar a voar - de qualquer modo, voarão sozinhos, ou caminharão sozinhos com pés firmes. No entanto, tenho demasiados a ter primeiro que convencer a experimentarem pôr umas asas, e depois, a arranjar para uns cola mais resistente para que elas não caiam, e a tentar que outros as reponham quando as perdem no caminho para casa, ou quando elas caiem nos encontrões, em casa, à TV e à Playstation, ou quando, outros ainda, em casa ou na barraca ou na rua do bairro levaram eles, cedo, encontrões - estes, raros a chegarem-me à sala de aula de um 3º Ciclo porque os encontrões os deixaram pelo caminho, os deixaram lá onde anda tudo aos encontrões.

Uns levarão mais tempo, alguns muito tempo, mas confio que, mesmo que não aprendam a voar, mesmo que só aprendam a caminhar com os pés, todos acabem por aprender a Ser.
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Adenda:
"Confio"... confiar quererá dizer desejar?
Mas acordem os que dormem, pensem neles e ajudem-nos! Voltem a dar-lhes valores e mostrem-lhes que vale a pena!

9 comentários:

Anónimo disse...

No dia em que eles acordarem, vão perceber o poder que têm e as fraquezas que o resto da sociedade teima em ter. Nesse dia tomarão conta das ruas, ruas essas ficarão iguais as escolas.
Nós ainda vamos assitir a isso...

Teresa Martinho Marques disse...

Se aprenderem a ser (quando aprenderem a ser - mais optimisno)perceberão finalmente a razão da nossa insistência, o cuidado e o carinho por detrás da nossa persistência... Um dia... E esse dia, temos de acreditar, há-se chegar.

Pedro disse...

Se nós eramos a geração rasca, esta é a geração sem rumo...

IC disse...

Delfim Peixoto, mais vale tarde do que nunca, mas por pensar que acordarão tarde (os adultos que dormem) é que eu disse que, dos nossos adolescentes, uns levarão mais tempo e alguns muito tempo. Aliás, quem sabe se não aprenderão "a ser" e não virão eles a acordar quem dorme?
E obrigada pela visita :)

Levy, vais mais longe do que eu no que acabo de dizer a Delfim Peixoto. "Nesse dia tomarão conta das ruas, ruas essas ficarão iguais as escolas"... mas isso é uma revolução! :) Já assisti/vivi uma, não acredito que ainda veja outra! Tenho que deixar as ruas iguais a escolas para os netos ou bisnetos...
Obrigada também pela (2ª) visita :)

Teresa, parece-me que estamos todos a identificar "acreditar" com "desejar" ou "sonhar", mas como eu acredito que "quando o homem sonha o mundo pula....", concluo que sim, que esse dia há-de chegar :)

IC disse...

Miguel, sorri com o teu comentário, já não me lembrava desse rótulo "geração rasca", mas penso que os jovens tiveram e terão eternamente ideais, vão é sendo diferentes... se acabarem ideais nas gerações jovens, então acabam-se ideais no mundo!
Se calhar escrevo coisas contraditórias... se calhar é o resultado do tal acreditar, mesmo contra o que a realidade mostra ou parece mostrar...

matilde disse...

Não me parece que "Ser" seja uma característica mais comum em adultos que em jovens. "Ser" enquanto jovem tem outras exigências (diferentes, não obrigatoriamente menos ou mais) do "Ser" enquanto adulto.
"Ser" professor tem a tal magia/responsabilidade de incluir um papel forte no desenvolvimento do "Ser" dos alunos... Mas também os nossos alunos nos ensinam tantas vezes a "Ser"...
(Hoje o meu "Ser" está um bocado confuso...lol)

IC disse...

Ó Tit, acabas o teu comentário dizendo que hoje o teu Ser "está um bocado confuso", lá no teu blogue falou-se do "dilema" pensar ou não pensar, de ficarmos confusos se pensamos muito,etc., mas juro que não te peguei os meus novelos emaranhados, "fonte segura" informou-me que anda aí um virus a causar estes estados (melhor dizendo, sensações)e assegurou-me que se chama milu (xiuuuu, eu prometi segredo)... lol

matilde disse...

lool...
Ok - eu fico bem caladinha ;)

AnaCristina disse...

Pela minha pequena experiência no ensino, nestes anos todos, já percebi que se consegue mudar uma orientação de vida com uma conversa e com um sorriso. É óbvio que não se muda completmante mas faz-se tremer a que já existia, o que é, só por si, um avanço brutal...

Eu sorrio-lhes!