Deixei há bocado uma proposta ao Miguel Sousa (esperando que o Miguel Pinto, nosso grande dinamizador de debates, lá fosse lê-la): "andam mesmo a desgastar-nos, a stressar-nos (...). Por isso, temos que brincar mais aqui pela blogosfera, quase que propunha um tempo sem temas sérios, só humor, mas... não tenho jeito para isso, faço a proposta ..."
E, a seguir, foi uma memória que me trouxe a escrever a presente entrada. Tive um professor (em segunda fase escolar, eu já muito e muito crescidinha) que tinha duas atitudes aparentemente contraditórias (sublinhe-se o aparentemente). Uma, era a de ser muito exigente - e eu, como alguns colegas, não o tivemos de passagem, tivemo-lo o tempo quase todo numa fase em que voltávamos a ser alunos; outra, descreve-se na persistente recomendação que nos fazia, lembrando-nos que, além de termos família, não tínhamos só aquele trabalho (trabalhão, diga-se): "não se deixem avassalar demais, não deixem de ir ao cinema, não se esqueçam que só temos uma vida e que a vida são dois dias!".
E, neste momento, pergunto-me como consegui seguir aquele conselho, mas consegui porque o que ele dizia era o que eu pensava. E, a verdade é que devo ter visto mais filmes nesse tempo do que vi nos últimos dois ou três anos, porque às vezes passam-se meses "sem ter tempo" para ir ao cinema. E, a verdade também, é que li livros pesadões e por acréscimo às temáticas obrigatórias (por interesse e gosto, aliados à oportunidade), enquanto que agora tenho fases em que "não tenho tempo" para o simples prazer de ler um bom romance. (As aspas querem dizer que não estou nada convencida do que está escrito entre elas).
Porquê???
Porque o tempo de um dia não é o mesmo quando gostamos do que fazemos, ou quando, mesmo estando a fazer quase nada, há fadiga psicológica, desencanto ou stress.
E, a seguir, foi uma memória que me trouxe a escrever a presente entrada. Tive um professor (em segunda fase escolar, eu já muito e muito crescidinha) que tinha duas atitudes aparentemente contraditórias (sublinhe-se o aparentemente). Uma, era a de ser muito exigente - e eu, como alguns colegas, não o tivemos de passagem, tivemo-lo o tempo quase todo numa fase em que voltávamos a ser alunos; outra, descreve-se na persistente recomendação que nos fazia, lembrando-nos que, além de termos família, não tínhamos só aquele trabalho (trabalhão, diga-se): "não se deixem avassalar demais, não deixem de ir ao cinema, não se esqueçam que só temos uma vida e que a vida são dois dias!".
E, neste momento, pergunto-me como consegui seguir aquele conselho, mas consegui porque o que ele dizia era o que eu pensava. E, a verdade é que devo ter visto mais filmes nesse tempo do que vi nos últimos dois ou três anos, porque às vezes passam-se meses "sem ter tempo" para ir ao cinema. E, a verdade também, é que li livros pesadões e por acréscimo às temáticas obrigatórias (por interesse e gosto, aliados à oportunidade), enquanto que agora tenho fases em que "não tenho tempo" para o simples prazer de ler um bom romance. (As aspas querem dizer que não estou nada convencida do que está escrito entre elas).
Porquê???
Porque o tempo de um dia não é o mesmo quando gostamos do que fazemos, ou quando, mesmo estando a fazer quase nada, há fadiga psicológica, desencanto ou stress.
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Paixão pela educação é uma coisa - estar-se apaixonado é sempre maravilha. Aceitar carregar uma cruz que não é nossa, porque acham que as nossas costas é que são largas e que nós até somos réus, isso é outra coisa. E, o que os outros acham ou querem é uma coisa, e o que nós achamos ou queremos é outra!
Acho que andamos a esquecer-nos disso!
Quando paramos para dizer: Espalham o descrédito e o desrespeito? Alimentam o facilitismo nos putos e encolhem os ombros por eles andarem a não se deixar ensinar e a não deixarem que os colegas que querem aprender, aprendam? E os pais dos que querem aprender e são prejudicados por todo este clima que se vive, passivos, a deixarem que confaps e cª falem e actuem em seu nome? O silêncio não se chama conivência? Então, porque continuamos a afligir-nos porque os nossos alunos têm um real insucesso? Os nossos alunos não são os culpados, mas há limites para carregarmos as culpas dos outros - quando paramos para dizer?
Quando paramos para dizer: Espalham o descrédito e o desrespeito? Alimentam o facilitismo nos putos e encolhem os ombros por eles andarem a não se deixar ensinar e a não deixarem que os colegas que querem aprender, aprendam? E os pais dos que querem aprender e são prejudicados por todo este clima que se vive, passivos, a deixarem que confaps e cª falem e actuem em seu nome? O silêncio não se chama conivência? Então, porque continuamos a afligir-nos porque os nossos alunos têm um real insucesso? Os nossos alunos não são os culpados, mas há limites para carregarmos as culpas dos outros - quando paramos para dizer?
Quando paramos para dizermos isso a nós mesmos, para destressarmos, para irmos ao cinema, para brincar, para falarmos de poesia e termos tempo para o que até conseguimos quando nos tratam bem ou nos sentimos bem, para continuarmos a dar aulas, mas recusando a fadiga psicológica que estamos a consentir que nos invada apenas porque queremos salvar pequenos mundos chamados turmas, habitados por meninos que não são nossos e que, em boa parte, têm quem cuide deles e tenha o dever de cuidar, a começar pelos mais altos responsáveis que hipocritamente usam essa expressão cuidar estando-se nas tintas (desculpem a expressão, mas não tenho outra) para o real sucesso desde que sobrem os suficientes, protegidos nas escolas privadas, para garantir ao país a continuidade da existência de "gente de sucesso" - quando paramos para dizermos isto a nós mesmos?.
Em suma, o que quero dizer (a mim e aos que trabalham empenhadamente - se outros houver, esses não stressam) é que não vimos da escola para casa sem nesta nos sobrar tempo porque temos que continuar a trabalhar para os alunos. Não. O que não nos sobra não é o tempo contado em horas ou minutos. O que não nos sobra é o tempo psicológico, porque nos deixámos cair numa cilada. Saiamos dela, trabalhemos tranquilamente, o tempo necessário para que aprendam os alunos que queiram aprender ou sejam POR TODOS estimulados a isso (e não o tempo a mais, e cada vez mais, em esforços que se provam inúteis quando outros se demitem de que o não sejam ou até contribuem para que o sejam), trabalhemos até muito, ou muito a mais, quando isso pode ser paixão e nos deixam que seja, mas...
... mas saiamos da cilada!
Adenda:
E tu, Isabel, arranja tempo para escreveres mais curtinho! (Isabel responde: foi a cilada que me tirou a capacidade de síntese!) Ora, ora, Isabel, esse texto todo ainda é sintoma de que não saíste da cilada! (Isabel opta por não responder a provocações)
3 comentários:
eh,eh,... acredita que só deu para ler a adenda... e está fantástico... ;))) Voltarei para me inteirar da situação... :)
Eu cá li tudo de fugidinha à hora de almoço ('tou louca? Não...)e fui pensando pensando pensando.. até sair da cilada e me rir a valer aqui sozinha com a adenda...
Voto no humor, na paixão, na serenidade. Voto nesta coisa doce que é o prazer que os dias podem conter, se deixarmos. Voto sim. Muitas vezes. 'bora lá descomprimir um bocadinho... sem deixar de dar uma facadinha ou outra nas questões que nos preocupam, mas sem que elas nos devorem a alegria de estar vivo, o sonho de dias mais claros com outras coisas pelo meio...
Eu prometi que regressava para ver outra vez. Insisto: o meta diálogo está fantástico, Isabel. :))
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