Talvez O Vento Saiba
Talvez o vento saiba dos meus passos,
das sendas que os meus pés já não abordam,
das ondas cujas cristas não transbordam
senão o sal que escorre dos meus braços.
As sereias que ouvi não mais acordam
à cálida pressão dos meus abraços,
e o que a infância teceu entre sargaços
as agulhas do tempo já não bordam.
Só vejo sobre a areia vagos traços
de tudo o que meus olhos mal recordam
e os dentes, por inúteis, não concordam
sequer em mastigar como bagaços.
Talvez se lembre o vento desses laços
que a dura mão de Deus fez em pedaços.
Ivan Junqueira
Talvez o vento saiba dos meus passos,
das sendas que os meus pés já não abordam,
das ondas cujas cristas não transbordam
senão o sal que escorre dos meus braços.
As sereias que ouvi não mais acordam
à cálida pressão dos meus abraços,
e o que a infância teceu entre sargaços
as agulhas do tempo já não bordam.
Só vejo sobre a areia vagos traços
de tudo o que meus olhos mal recordam
e os dentes, por inúteis, não concordam
sequer em mastigar como bagaços.
Talvez se lembre o vento desses laços
que a dura mão de Deus fez em pedaços.
Ivan Junqueira
(Mais um poema que devo à Amélia Pais )
ADENDA
Quando 'só vejo sobre a areia vagos traços', prefiro voltar a pôr o cantinho em pausa até que meus olhos fiquem mais sãos.
Talvez o poema não me tocasse tanto se eu tivesse menos anos, mas talvez também eu não fosse precisando apenas de umas pausas e este cantinho já estivesse demolido se eu não tivesse amigos com bem menos anos do que eu (e a blogosfera é um espaço onde também paira a palavra amigo e nos faz chegar palavras de amigos) que me ajudam a não me enredar e quedar nos sussurros do vento.
1 comentário:
É verdade, Isabel, de quando em vez é necessário fazer umas pausas para continuar a ver as cores do arco-íris com o mesmo brilho original. E os amigos são esse bálsamo a desempoeirar.
Sorrisos de arco-íris :))
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