sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Pausa (mas para, a seguir, continuar)


Bom fim de semana!


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Pela necessidade com que ando de ter fins de semana em que a mente relaxe com "aragens leves e frescas" e coisas simples, teria feito a pausa na escrita depois do penúltimo post se não tivesse visto o desafio divertido sobre manias. Entretanto, penso tentar dar o meu ínfimo contributo para a discussão, após a pausa do fim de semana, trazendo da caixa de comentários para primeiro plano excertos do que já nela foi escrito, se for capaz de uma certa síntese - nisso pensarei na altura.
O que quero para já salientar é que não escrevi como quem pensou prolongadamente e chegou a alguma conclusão, mas sim como o começo (sublinho COMEÇO) de que tenho andado a sentir necessidade pessoal para, a partir de uma ponta, tentar prosseguir devagarinho algum fio desbaralhado e coerente.
Eliminar ou evitar confusões não clarifica, por si, o caminho. A função do professor e a função da escola no tempo actual constituem, no seu conjunto, uma questão bastante complexa, que requer estudo e contributo de muitos saberes, mas uma questão complexa é uma coisa, confusões prévias sobre ela são outra. Além de que não é uma questão resolúvel isoladamente de outras, as políticas governamentais (e também a participação de todos os elementos intervenientes na sociedade) não podem ser vistas como que atribuídas a pelouros a que coubesse, a cada um deles, tricotar o seu quadrado de lã para uma manta de retalhos e depois pretender-se cosê-los a dar o aspecto de uma política global.
E, acrescente-se, as confusões podem ser o meio conveniente para os governos (e não só) quando estes não têm a vontade política necessária, ou não são capazes de resolver as questões prioritárias, ou simplesmente não podem (até incluo esta hipótese benevolente, o que não admito é que deitem poeira para os olhos do país ou queiram fazer da escola o bode expiatório dos males daquele).
Em suma, no post de 5ª feira, eu comecei a escrever apenas na necessidade pessoal de proteger a minha mente de confusões. A minha neta, por vezes, ao brincar na minha salinha de trabalho, ocasiona que eu tenha que fazer o percurso desta para a cozinha com cuidado para não tropeçar nas suas construções de brincar, para não me desequilibrar ao saltar por cima delas ou para não as deitar ao chão. Mas isso é ocasional, o normal é ir sem me deparar com e precaver de "confusões" no caminho, porque o que tenho a fazer não é atingir a cozinha, é sim preparar nela um jantar para os netos (quando se trata deles) saudável, de que gostem e não fique estorricado. E trata-se só desse pormenor do jantar, não se trata de cuidar da saúde e bem estar dos portugueses TODOS nem de diligenciar para que o futuro das nossas crianças e jovens não fique estorricado.

7 comentários:

Teresa Martinho Marques disse...

Mas é nesse gesto "local" e nessa preocupação, também "local" que o global melhora. (O meu Pai costumava dizer, na altura a propósito do Ambiente: pensar globalmente, agir localmente)
Se cada um tratar bem do que lhe compete... o resto acontece. É claro que convinha ter um Governozito que percebesse essa elementar lei. Claro que se o ME nos impedir de fazer o nosso real trabalho como deve ser, com os nossos alunos (distraindo-nos e ocupando-nos com o que não nos compete) o global é afectado. O Futuro também, é claro. Se calhar precisamos de provar que isto é verdade... e como vamos fazê-lo? Já imaginaram o que era cada professor fazer uma espécie de diário/carta (como a emn fez ao seu CE) provando que, realmente, é imposssível? Combate inteligente. Mas com tanto colega que baixa os braços e me diz: já nem consigo pensar nem fazer nada... estamos bem arranjados, estamos... Dá ideia que só uma "meia dúzia" é que tem consciência de que é impossível manter este modelo sem comprometer a essência da vocação da Escola. E essa meia dúzia anda por aqui pela blogosfera a tentar encontrar maneira inteligente de lutar contra isto. Pregamos aos já convertidos? Devíamos levar a blogosfera para as nossas escolas? Qualquer dia começo a imprimir posts e comentários e a distribuí-los como folhetos clandestinos para agitar as almas...

«« disse...

bom fim de semana para ti...o meu tb será de muito trabalho, mas daquele que medá prazer: filhos, mulher, mãe, cães, churrasco, forno a lenha...hummm e á noite vou tirar tempo para resolver o desafio do Miguel Pinto senão sou excumponhgado do grupo dos bloggers

matilde disse...

Discutir a Escola e a sua acção é sem dúvida difícil (já comentei o teu comentário lá no meu canto, Isabel, obrigada).
É um facto que a nossa acção é sobretudo local, mas também é um facto que para agir localmente, para agirmos com significado para nós próprios, temos de pensar globalmente - colocando questões, levantando problemas, procurando soluções... Não só para dentro da nossa sala de aula mas a um nível mais geral. Não temos tantas vezes de nos afastar um pouco para conseguir ver melhor?...
Os professores não podem sozinhos mudar o mundo (embora às vezes eu própria quase queira imputar-nos essa responsabilidade...?), mas o que for feito de realmente importante com cada um dos alunos vai reflectir-se, ao longo da vida desse aluno, nas suas relações pessoais e profissionais com um grande conjunto de pessoas...
Demasiado filosófico?... talvez não.

Fernando Reis disse...

BOm Fim de semana, Isabel.
Esta conversa vai muito interessante.
Para não prolongar excesso os comentários aqui, continuarei a minha reflexão lá no meu canto.
Até Segunda Feira ;)

Anónimo disse...

Retempero de forças para novo alento. Bom fim de semana.Bjs

Teresa Martinho Marques disse...

Faltou-me dizer: Bom fim de semana e enviar beijinhos.

Miguel Pinto disse...

Três dias longe daqui e é isto: trabalho redobrado porque a conversa é interessante.
Retive uma ideia que não será despicienda: há um risco dos irreverentes [refiro-me aos bloggers, claro] funcionarem em circuito fechado numa espécie de masturbação [estou corado pelo exagero] colectiva. Não é fácil contaminar o professorado… não é impossível…
Boa semana de trabalho.