sábado, novembro 25, 2006

O Quebra Nozes e a minha princesa




Hoje levei a minha princesa ao ballet.
Não foi a primeira vez, por isso também não foi a primeira vez que um certo encantamento que mantenho pelos espectáculos de bailado clássico foi superado por um encantamento maior: o de observar o encantamento da minha princesa.








O encantamento não foi só por ser o Quebra Nozes, de que as crianças costumam gostar. Ela encanta-se mesmo com o bailado clássico, e pronto.
Anda tão feliz com as suas aulas de ballet! Era um desejo insistente que começou a realizar há dois anos, mas teve que interromper no ano passado por completa incompatibilidade dos nossos horários de trabalho com os dessas aulas. Agora, aqui a avó já pode ter vários part times, um deles é de... taxista.
(Ei! Vários part times não remunerados, não estejam já a pensar nessas acumulações, que bem conhecemos nos escândalos deste país, de reformas e novos vencimentos!)

Mas não falei dos gostos da minha princesa por acaso. Aproveitei o registo, neste cantinho, da nossa ida ao ballet para contar um mistério e me insurgir contra ele. É que não sei onde é que, nos seus oito anos, de repente foi buscar uns pensamentos "realistas" - não lhe vieram de 'intromissões' da família nem da professora.
Durante muito tempo declarou que ia ser bailarina e pintora, a ponto de, juntando-se a isso o gosto e o jeitinho que até tem para o desenho e a pintura, a mãe ter começado a pensar em opções de futura escola pós 1º Ciclo. Mas, há umas semanas atrás (1º episódio - ainda nada caso para me insurgir com o mistério), a minha princesa declarou-me subitamente que, quando fosse grande, iria ser bailarina aos sábados porque tinha que ter outra profissão durante a semana - não sabia ainda qual - e guardaria o domingo para descansar. Abstive-me de comentar, nem lhe perguntei pela pintora, que pensei momentaneamente esquecida, para não atrapalhar os seus novos pensamentos.
Entretanto, o mistério de pensamentos "realistas" não fica por aqui, e do que já não gostei nada foi de saber que, depois, (2º episódio) já disse em casa que, quando fosse grande, queria ter uma profissão durante a semana em que ganhasse muito dinheiro e quis saber quais as profissões melhores para isso.

Bolas! O mito ou objectivo de vida do muito dinheiro, nunca o ouviu na família. Que raio anda a contecer, e como, (desculpe-se-me a linguagem) para esta mensagem da actualidade já ser passada a crianças de oito anos que não a recebem nem em casa nem na escola?

Só temos que cuidar das asas das crianças, para que cresçam fortes e voem no momento de começarem a voar (ou não se estatelem no solo quando a vida as experimentar com momentos de vicissitudes ou dores). Nessa altura de partirem para a vida, escolherão os sonhos de criança que quiserem levar sobre as asas juntamente com os outros que, entretanto, também já começaram a sonhar. Mas não lhes tirem o sonho, não lhes matem a capacidade de sonhar aliciando-as, ainda indefesas, com os falsos deuses da era actual!

2 comentários:

Anónimo disse...

:)
taxista?
...

Anónimo disse...

Huuuuuummm...acho que o tema musical escolhido se ajusta na perfeição a este teu post.

reach 4 tomorrow...isn't that what she is trying to?


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