segunda-feira, novembro 06, 2006

A propósito da avaliação das aprendizagens dos alunos

Passei ontem pelo site da APM (Associação dos Professores de Matemática) para ver se haveria algum parecer recente da Associação relacionado com medidas em curso de combate ao insucesso escolar na Matemática (formação de professores, planos de acção para a Matemática, etc.). Não encontrei nada de novo, mas deparei-me com um parecer em que nunca tinha reparado, acerca do desenvolvimento da avaliação formativa, proposto em Maio de 2005 e, por coincidência, publicado faz hoje precisamente um ano. A sua leitura fez acordar em mim o 'bichinho' da escrita de memórias concretas de professora dessa disciplina, mas ele acordou só por momentos e eu pu-lo outra vez a dormir, pois não ando com paciência nenhuma para eventuais interpretações apressadas e confusões, ou seja, para conotações com "romantismos" do que até são, de facto, também dados, recolhidos na prática e na experiência pessoal.
Assim, limito-me a deixar, sem comentários, alguns excertos do referido e não recente parecer da APM - de 6 de Novembro de 2005. (Os destaques são meus e o texto integral pode ser acedido pelo link que deixarei no final)

"A investigação em educação realizada nas últimas décadas tem evidenciado claramente que a avaliação formativa é um poderoso processo de desenvolvimento das aprendizagens dos alunos. Com base no que hoje se sabe a partir de milhares de investigações realizadas nos últimos 30 anos em diversos países, em diferentes anos de escolaridade e no contexto de uma variedade de disciplinas, podem destacar-se os seguintes resultados:
§ Os alunos que frequentam aulas em que a avaliação formativa é a modalidade de avaliação por excelência, aprendem mais e, acima de tudo, melhor do que os alunos que frequentam aulas em que a avaliação realizada é de incidência essencialmente sumativa;
§ Os alunos com mais dificuldades beneficiam muito significativamente do facto de serem avaliados através de estratégias de avaliação formativa;
§ Os alunos que frequentam aulas em que a avaliação formativa é claramente predominante obtêm melhores resultados em avaliações externas, nomeadamente em exames, do que os alunos que frequentam aulas em que predomina a avaliação sumativa;
§ Os alunos que são avaliados através de estratégias de avaliação formativa, desenvolvem aprendizagens mais significativas e mais profundas. Isto é, compreendem melhor o que aprendem e são capazes de transferir tais aprendizagens para contextos diferentes daqueles em que aprenderam.
(...)
Talvez por aquelas razões a avaliação formativa tem sido considerada, em todos os normativos legais, pelo menos desde 1991, a modalidade de avaliação a privilegiar no desenvolvimento dos currículos dos ensinos básico e secundário.
(...)
Acontece no entanto que este investimento essencialmente positivo na produção de normativos legais, raramente tem sido acompanhado do correspondente investimento quer ao nível da produção e distribuição de materiais que apoiem os professores e as escolas no domínio da avaliação formativa, quer ao nível da formação inicial e contínua dos professores dos diferentes níveis de ensino. De facto, pode afirmar-se que a ênfase das políticas educativas não tem estado centrada nos processos de avaliação formativa que se poderiam desenvolver nas escolas e nas salas de aula. Tal ênfase tem estado mais centrada no desenvolvimento de avaliações externas, com particular destaque para os exames nacionais. Por outro lado, a avaliação das aprendizagens em geral e a avaliação formativa em particular não têm merecido a necessária atenção por parte das instituições responsáveis pelos cursos de formação inicial de pofessores.
(...)
Como resultado desta falta de investimento e de apoio ao desenvolvimento da avaliação formativa nas escolas e nas salas de aula e ainda na formação inicial de professores, estamos perante uma situação que, de acordo com os resultados da investigação, se caracteriza, entre outros, pelos seguintes factos:
- Em geral, a avaliação sumativa continua a prevalecer nas escolas e nas salas de aula, (...)
- Existe a convicção de que toda a avaliação que se “faz” nas salas de aula é formativa quando, na verdade, o que parece acontecer é uma avaliação de intenção formativa. Muitas das práticas correntes de avaliação dita formativa estão baseadas em concepções de ensino e de aprendizagem fortemente enraizadas em perspectivas teóricas da psicologia associacionista e behaviorista. Consequentemente, tais práticas ocorrem após, e não durante, um dado período de ensino e de aprendizagem. (...)
- Muitos professores consideram que a avaliação formativa é uma construção teórica interessante mas de muito difícil concretização prática. Além disso, parece existir a convicção de que a avaliação formativa é dificilmente conciliável com a necessidade de classificar os alunos no final do ano, ou no final de cada período lectivo, e menos conciliável ainda com a necessidade de “preparar os alunos para os exames”.
(...)"

O texto da APM termina preconizando o desenvolvimento de acções, no âmbito da formação contínua dos professores, que proporcionem a estes acesso a modalidades de formação na área da avaliação das aprendizagens e, em particular, na avaliação formativa.

Texto integral aqui

2 comentários:

«« disse...

Não gosto de falar do que não sei, mas continuo com a sensação que o curriculo da Matemática é desajustado. Mais, ainda hoje não entendo porque me obrigaram a trabalhar determinados conteúdos, mas enfim, este é só uma opinião. Gostava de ouvir opiniões de quem sabe, falando do ajuste curricular da disciplina

Marina disse...

IC, mesmo sem autorização expressa, ja pus a ligação p ca...
Agora pode ser que eu passe ca ainda mais vezes!
Quanto mais nao seja para ouvir a musica linda!

Beijitos