Por momentos, ao ler este post da 3za, revivi memórias - tantas memórias! - das aulas de Matemática do 2º Ciclo. Inclusivamente, desses começos com novas turmas, de 5º ano, alguns tal e qual como a 3za descreve: "(...) A maioria não gostava de matemática, havendo pontos onde o terror se concentra(va) (...) Quase dois meses depois, a evolução é visível e fazem questão de mo ir comunicando. Estão a gostar mais, vão perdendo alguns receios, ainda que outros persistam e precisem de atenção continuada.Eles são 28, o que em nada facilita a tarefa. Gostava de ver alguns dos "teóricos" numa sala de aula a trabalhar com estes meninos todos, algumas poucas vezes por semana, e a tentar fazer algum tipo de trabalho diferenciado e individualizado com todos a chamar por nós... (...)". (O destaque das últimas palavras é meu, elas levantam um pouco o véu da aprendizagem activa e da aula "centrada no aluno" - com esta última expressão entre aspas para não surgirem conotações ou confusões exageradas e destituídas de bom senso, actualmente por aí faladas).
E o meu pensamento deslocou-se, uma vez mais, para a atenção que, com alguma frequência e insistência, tenho defendido como uma das prioridades urgentes a ter sobre este ciclo, básico mas tão fundamental e decisivo. Quando da "bomba" que foram os resultados dos primeiros exames nacionais do 9º ano, no meio do profundo erro da actual ministra da educação de fazer desses resultados o seu ponto de partida para o consentimento numa campanha de culpabilização e descrédito dos professores, uma intenção correcta manifestou a ministra: a da prioridade de dar atenção ao 1º Ciclo, às condições em que trabalham a maioria das escolas do mesmo e ao reforço da formação dos respectivos professores para essa etapa de iniciação dos alunos na matemática elementar. (Da concretização dessa intenção já não sei ajuizar até porque não deixou de ser estranho que a maioria dos formadores chamados a essa acção de reforço fossem os mesmos que ministraram uma formação inicial dita deficiente)
Mas, voltando ao 2º Ciclo, e, para mais, sendo Valter Lemos uma das "cabeças" da equipa que governa no ME - com o seu conhecido envolvimento no actual modelo de formação inicial dos professores desse ciclo, implantado na sequência da Lei de Bases do Sistema Educativo de 86 -, é legítimo duvidar que seja seriamente analisada, avaliada e 'mexida' essa formação que tem sido objecto de tantos alertas para as suas deficiências e insuficiências, visando as respectivas instituições formadoras ou, até, o próprio modelo em si - formação privilegiadamente ministrada nas ESEs e em institutos que proliferaram (ressalvadas algumas honrosas excepções para as primeiras - e ressalvado também que muitos professores que recebem um formação inicial deficiente não deixam de se tornar excelentes professores mediante a sua auto-formação pelo estudo e por esse "vaivém" entre teoria e prática/experiência que conduz a uma prática fundamentada, mas equilibrada e adequada às situações, tudo isso acrescido pela intuição que decorre do amor pelos alunos e da relação empática com todos eles).
Não sei é porque voltei a esta questão - no actual panorama da política educativa e dos interesses a 'proteger', e enquanto ele se mantiver, é de facto inútil e mesmo estúpido bater nesta tecla, e, mais uma vez, fui impulsionada a escrever sabendo que o que me apetece predominantemente, nesta fase, é regressar sempre a intervalo ou blog adiado.
2 comentários:
Obrigada pela referência!
No Canadá, há pouco tempo, a medida foi diminuir o número de alunos por turma no ensino básico... Mas, claro, custa dinheiro investir no sucesso a longo prazo... Melhos umas medidinhas inconsequentes para tentar tapar buracos pelos quais se é responsável.
Só quem passa pela experiência de ter quase 30 crianças nas mãos para trabalhar de forma activa a MAtemática (ou outra coisa qualquer)num tempo limitado é que percebe a urgente necessidade de acabar com este ensino massificado...
Ora isso levava-nos a outro(s) sonho(s)...
Não tenho uma resposta “científica” à pergunta: Com quantos alunos se faz uma turma? 30? 28? 20? 15? 11? 5?...
A minha experiência profissional diz-me que em grupos pequenos e alunos [de 6 a 12] é possível conciliar um ensino de proximidade sem perder de vista a socialização. Também não deixa de ser verdade que o número de alunos por turma não é, per si, o único factor a ter em conta quando se busca a qualidade das práticas. Reduzir o número de alunos por turma pode ser o primeiro passo para combater precisamente o problema da massificação… O Canadá? Tem auto-estrada até lá? ;)))
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