Estava a conter-me de escrever sobre o assunto, mas uma passagem no Inquietações Pedagógicas só para ver o que lá havia de novo antes de ir, de imediato, para a caminha acabar um interessante livro fez-me clicar para o meu "posting", motivada pelo artigo que me apareceu mesmo a propósito. Permita-se-me que ponha só mais abaixo o link para ele, já agora desabafo primeiro.
Tive o cuidado de deixar marcado nas respectivas folhas dos livros de ponto um (UM) teste de Matemática para os meus nonos anos, antes de entrar em férias da Páscoa. Mas, pelos vistos, devia ter tido esse cuidado logo em Setembro, pois foi uma complicação! Não têm prova global porque têm exame, mas é importante (para eles, muito mais do que para mim) terem um teste global antes de passarem por um exame que até abrange o programa de todo o 3º Ciclo.
Tenho uma das turmas desde o 8º, a outra desde o 7º, bolas (!), um professor não sabe já bem o que cada aluno sabe e o que não sabe, as competências que já desenvolveu ou não? O curto 3º Período (encurtado para os nonos) era-me muito mais preciso e precioso para (além de cumprir o programa, que é preciso acabar todo, todinho, não é? - não vá sair nesse tal exame logo um temazinho deixado para o fim porque eu o acho pouco relevante, mas quem elabora o exame pode não achar), repito, era-me muito mais precioso este tempo de recta final para umas "coisas" que a minha cabeça pensa serem mais importantes, a saber: Apelar a um esforço de mais trabalho e concentração na aula e aproveitar a receptividade ao apelo devida ao momento de proximidade de uma avaliação final ; insistir em mostrar-lhes, em cima da resolução de mais problemas, as causas de não os resolverem, tantas vezes residentes apenas nesse flagelo que é o lerem enunciados a correr e depois procurarem na memória algo que pareça servir ao problema, em vez de lerem atentamente e soltarem o raciocínio que até têm - e esse tempo de resolver problemas sempre a provar-lhes isso até já, finalmente, os fez parecerem outros; dizer àqueles a quem dei negativa no 2º Período que ainda estavam a tempo, que teriam oportunidades de recuperar, de colmatar lacunas significativas, e, sobretudo, provar isso com uma medida que é sempre muito encorajadora para eles - essas aulas a que chamamos (eu e eles) de recuperação, nas quais faço mais ginástica do que no ginásio, porque as dificuldades de cada um são de cada um e o apoio tem que ser individualizado - mas valendo, como ajuda, que os putos são solidários, pois, nessas aulas, os outros a quem entrego por exemplo uma ficha de problemas, procuram mesmo apresentá-la terminada no fim da aula, "desembrulhando-se" sem me chamarem e ajudando-se uns aos outros, pois sabem que se os vir parados tenho que tirar tempo aos colegas que estão "em recuperação".
Mas, porque estarei eu a escrever estas linhas todas, alguém me impede de aproveitar o tempo assim? - perguntará quem eventualmente me leia. Impede(m), sim. Ainda hoje me zanguei com a minha melhor turma, na realidade, verdade se reconheça, excessiva e algo injustamente, por estarem muitos deles desatentos na própria véspera do meu teste. Eles estão desconcentrados, cansados, a pensarem nos testes que terão a seguir, que requerem mais estudo com memorização do que a Matemática e que, para alguns, são decisivos (o decisivo é UM teste?), eles há mais de uma semana que quase não há dia em que não tenham um teste, o que seria normal se não fosse esta a semana que precede imediatamente aquela em que começam as provas globais. Começam 3ª feira, até na 2ª têm um teste (só por acaso não são dois testes em dias seguidos nessa disciplina porque não calhou a primeira prova global ser a da dita. E EU NÃO ENTENDO! (E não me contive, disse-o há dias nas turmas em voz alta - os miúdos lamentam-se e, quando têm razão, seria feio dizer-lhes, ou dizer-lhes somente, qualquer coisa no género Se estudassem regularmente, não andavam agora tão aflitos)
Testes antes das provas globais, eu entendo, claro, mas com um tempinho de intervalo, até porque o teste só é a última prova de que não aprenderam quando já não há tempo para esse importante momento que é o da aprendizagem na correcção individual dos testes, aproveitando os erros para os compreenderem, aproveitando o professor para mais um 'forcing' para que compreendam ou corrijam noções mal assimiladas. Agora, dois testes seguidinhos, multiplicados por n disciplinas, preenchendo considerável percentagem do tempo de um curto 3º Período... e os professores de Matemática e de Português que apanhem depois com o alarido das taxas de insucesso nos exames - sim, esses professores que tiveram as turmas, com tantos alunos difíceis e fraquitos, preocupadas com TESTE, TESTE durante semanas em que ainda era o tempo de ensinar um bocadinho mais e, para alguns, dado ser a altura em que se sentem mais responsabilizados, de aprenderem talvez dois ou três bocadinhos mais. Eu consegui um "buraquinho", ou seja, um dia sem terem outro teste, para o meu, mas não estou nada preocupada por ter feito só UM (enquanto colegas fazem dois e mais prova global), estou é aborrecida comigo por - em vez de ter perguntado a mais professores do que àqueles dois a quem cheguei a perguntar, afobados com matrizes, testes e provas globais, se pensavam que os professores de Matemática e de Português não precisavam de fazer teste nenhum e se achavam que nada tinham a ver com estas duas disciplinas - ir ainda zangar-me com a minha melhor turma, como hoje, cheinha de testes desde a semana passada, nervosos, alguns com essa coisa bloqueadora que é o medo ou ansiedade perante uma situação 'diferente' porque para a semana terão outros com um nome diferente, que até não faria grande diferença se não fosse envolvido por um ambiente também diferente, todo formal, onde nem haverá a presença do seu professor (não ajudaria a resolver a prova, mas um sorriso tranquilizador ao passar e olhar ou uma simples expressão no olhar, daquelas que eles entendem como 'Pensa mais um bocadinho', até ajuda sem qualquer fraude).
Às vezes dizemos: já têm 15 anos, já não podem ser tão pouco responsáveis. Mas era bom que, nessa história dos exames nacionais que virá a seguir, se pensasse um pouco: ainda têm 15 anos, alguns 14, e, ainda por cima... isso bonito, mas difícil, que se chama adolescência.
O artigo que me deu algum apoio, fazendo-me desatar a escrever o desabafo, em vez de ir para a cama, artigo de João Filipe Matos - até o conheço, foi meu professor de metodologias de investigação qualitativa, "pegámo-nos" numa das primeiras aulas, mas depois demo-nos muito bem, coisa que também acontece comigo e alguns alunos indisciplinados ;) - está aqui