domingo, outubro 30, 2005

Uff!!

Afinal... já tenho dois dos meus três testes elaborados, as próximas aulas preparadas e o montinho das 10 provas de exame analisado! E, afinal também, nenhum grande drama nestas, que os putos já costumam ser uns distraídos, no exame ainda mais que não valia a pena concentrarem-se muito pois o nível final estava garantido (testemunhos deles). Embora eu até não pense que, mesmo que o próximo exame se mantenha com o peso dos 25%, essa atitude se repita, pois (como um deles mesmo me disse quando o encontrei por acaso), face ao desastre nacional que levou a que também eles fossem comentados, não deixaram de se sentir envergonhados e decerto os próximos vão querer ser mais briosos.
Erro aqui porque não lêem bem qual é a pergunta, penalização forte ali porque até sabem resolver uma inequação e aplicar os princípios de equivalência, mas lá vem o esquecimento de um sinal ou um erro de cálculo com números relativos depois de outros cálculos sem erro, e o resultado fica estragado, conclusão errada e lá se vão os 7 pontos quase todos, mais o zero em vez de 8 na demonstração já por todos reconhecida como excedendo as exigências do programa, mais os pontitos descontados porque não atenderam a recomendações sobre a forma de apresentar a resposta, etc. Descontos justos, que sem dúvida têm que ser educados no alerta para que um dia, na profissão, uma falta de atenção pode ser grave, mas erros não graves, que eles ainda são muito putos.
Atenção: claro que não há só isto. Há outro facto que estamos fartos de constatar, esse sim bem relevante e preocupante, mas cuja causa é complexa. Com excepção dos alunos do nível 5 ou do 4 estável, é geral a dificuldade em interpretar problemas que requerem a mobilização de conhecimentos e a evocação que leve a identificar com qual ou quais se relaciona o problema. É o caso do item da proporcionalidade, em que, com alguma frequência (não me estou a reportar só a estas 10 provas, mas a uma amostra maior, de 3 escolas diferentes, que tive como correctora) aquela palavrinha "proporcionalidade" tão deles conhecida e tão trabalhada não lhes ocorreu. É o caso também do problema que resolveriam facilmente por um sistema de equações se fosse proposto no contexto em que estão a aprender a resolver sistemas e os aplicam em problemas, ou até numa prova global em que a matriz previamente distribuída lhes lembra quais os conteúdos que serão incluídos, mas que é bem difícil de entender porque não se lembraram que equações e sistemas de equações permitem resolver facilmente problemas daqueles (em todas as provas que corrigi, só me lembro de terem usado um sistema de equações as duas alunas que tiveram resultado de nível 5; quatro ou cinco outros seguiram uma estratégia por tentativa e erro e os restantes... item em branco!!!
Mas esta questão é mais séria, fica para depois do relatório em que vamos falar de causas (não vou ficar por só as enumerar, ainda que o mais certo seja que os relatórios não passem das reuniões onde os vamos levar). E quanto às estratégias para as ultrapassar (que desde Setembro reforçámos e redigimos para uso interno), também alguma coisa comentarei sobre o assunto.
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A.L., amiga e colega de tantos anos, aqui te deixo o desejo de que esta análise de provas das nossas turmas do 9º que ambas fizemos agora não te tenha reavivado mais ainda a tua memória recente. Sou mãe, é impossível duvidar que não possa haver drama maior que ele estar ali contigo ainda na véspera e deixar de estar de repente... e tão difícil compreender porquê! E àquelas duas turmas de 9º que recebeste sem as conhecer, uma a chegar-te tão perdida em Matemática, estoicamente não as deixaste, deste-lhes aulas suplementares a compensar aquelas a que seria humanamente impossível não teres faltado. Eu sei que adoras estar com os alunos, que eles ainda estão a ser neste momento o teu refúgio, não podia deixar de colocar aqui - mesmo que não dês por isso - a minha homenagem à tua força.
E como, sendo já tão absurda a conclusão que alguns mentecaptos apregoaram publicamente (e continuam a apregoar, só que menos publicamente), por causa de um exame, da incompetência geral dos professores de Matemática, fica isso mais absurdo ainda, não é?

2 comentários:

Anónimo disse...

Querida I.C. - Amiga e colega de sonhos, de amor incondicional pelos jovens para quem ambicionamos um futuro de qualidade, sempre na procura de motivações diversificadas para que encarem a Matemática com mais alegria e com a mente aberta para o encanto e para o sublime que nós tão bem sabemos que ela possui – o sofrimento é algo que faz parte da própria VIDA e ao qual já me habituei, e até nos dá serenidade e permite ver mais positivamente os momentos bons com k a sorte tantas ( !!! ) vezes nos bafeja. Prossigo em frente sempre tentando dar forma e sentido aos meus dias.
Obrigada por te lembrares de mim e por recordares o nosso trabalho comum.
O trabalho é uma forte razão para estarmos vivas. Gostamos daquilo k fazemos e sentimos um enorme prazer em estar com os alunos tendo o privilégio de lhes incutir valores e competências tão importantes para o futuro deles. Olhamos para a frente, e creio k não esmorecemos com os juízos ( ... ) sem fundamento k fazem do nosso trabalho. Quanto aos exames do 9º Ano, já dissemos tudo o que havia a dizer, tenho a consciência tranquila e sei k contigo se passa o mesmo.
Quarta-feira espera-me nova provação, como sabes, mas sobreviverei para prosseguir as minhas tarefas, tão diversificadas quanto motivantes.
Grande abraço A. L.

IC disse...

Grande abraço para ti, A.L.