O Miguel Sousa chamou a atenção para um post sobre o pensamento crítico, num blog a seguir referenciado por link. Dele transcrevo o seguinte:
É mesmo: não conhecemos a dimensão do problema nem a sua origem.
Deixo duas breves achegas (mais como interrogações), guardando, para quando conseguir rebuscar, em artigos acumulados aqui por cantos da casa, referências a investigação que as fundamentem (investigação que confesso não saber se também tem sido feita em Portugal).
Primeira: A incapacidade (prefiro dizer dificuldade) referida é conhecida pelos professores de Matemática logo nos 2º e 3º Ciclos desde há tanto tempo quanto me lembro de ensinar. Embora não deixando de me interrogar sobre se, face ao tempo requerido pelos programas para ensinar "a matéria", não teremos nós professores deixado insuficiente espaço para trabalhar mais nessa dificuldade geral dos alunos (geral, com excepções que são as daqueles alunos de nível excelente), não tenho deixado também de me interrogar sobre se essas dificuldades não terâo algo a ver com um estádio de desenvolvimento em que, por exemplo, capacidade de formulação de hipóteses, de relacionação e de raciocínio dedutivo estão ainda incipientes. Até me interroguei, na altura, sobre a adequação, no nosso país, à mudança da idade de ingresso no 1º Ciclo aos 6 anos completados para o ingresso ainda com 5 anos. Tem sido frequente deparar-me com bons alunos, com evidentes boas capacidades, a necessitarem de maior esforço do que outros colegas e a terem dificuldades na resolução de problemas, a quem pergunto, entraste para o 1º Ciclo ainda com 5, ou já com os 6 anos, sendo sempre a resposta a que espero: 5 anos.
Segunda: É largamente conhecido o chamado "problema da transferência" (e foi identificado e estudado há bastante tempo) - os alunos não transferem aprendizagens feitas num contexto, para outro contexto.
Um simples exemplo disso é bem conhecido de professores de Matemática e de Física logo no 8º ano, quando o professor de Matemática tem o cuidado de iniciar e trabalhar equações literais quando vão ser necessárias em Física, incluindo as fórmulas do programa de Física, e o professor desta disciplina tem que, a seguir, repetir o trabalho, com, por um lado, perplexidade de ambos, por outro, já familiaridade com o caso. Quantas vezes tenho perguntado a turmas: Como é que a vossa professora de Física diz que não sabem resolver, não é o mesmo que aprenderam, e sabem fazer, aqui?
Pergunto-me? Isto tem a ver com o tal problema da transferência? Porquê? Tem a ver, nesta idade, com o binómio conhecimento conceptual - conhecimento procedimental, ou com o binómio conhecimento declarativo memorizado, mas não apreendido - conhecimento procedimental?
(Não nego que alguns professores "pequem" por quase reduzirem o ensino da Matemática ao ensino e treino de procedimentos exigidos pelo programa de modo a que os alunos os mecanizem, mas isso não é para aqui chamado pois é uma completa inverdade que tal corresponda ao geral)
P.S. Assumo que escrevo este post sobre o joelho, motivado de imediato pela leitura do texto acima transcrito. Não pretendo reduzir, nem o problema, nem a necessidade urgente de estudo sobre as suas causas latas.
1 comentário:
A segunda achega da Isabel remete-nos para o eterno problema da “balcanização” disciplinar: Tudo seria muito mais fácil se o trabalho dos professores fosse colaborativo.
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