quarta-feira, agosto 31, 2005

Fim das férias!

Que ideia essa de pintarem o fim de férias a cor de rosa!!! Ainda mudei para tons de cinza, mas depois lembrei-me das filosofias do pensamento positivo, do não contrariar os sinais que a vida nos dá, etc.... Bem, não foi a vida, foi só o Google que me acenou com o cor de rosa, mas, pelo sim, pelo não, decidi não contrariar...
Pode ser que o J.M. (o meu presidente) amanhã tenha alguma notícia cor de rosa. Além de que... que cor iria eu dar às férias do C.C. e da M.M. (equipa de horários), que se dispuseram a ter férias na 2ª quinzena de Julho para começarem a trabalhar a 1 de Agosto? (A puxarem pelos neurónios para não haver horários zero e para não porem tarefas absurdas nas tais horas...) (Ainda negam que os professores é que vão impedindo que as escolas vão ao fundo?)


Adenda (1 de Setembro) - Bom ano lectivo para todos!_____________________________________________________


Ya se ha abierto
la flor de la aurora.

(¿Recuerdas
el fondo de la tarde?)

El nardo de la luna
derrama su olor frío.

(¿Recuerdas
la mirada de agosto?)

Federico García Lorca

terça-feira, agosto 30, 2005

Hora de intervalo

Tú querías que yo te dijera
el secreto de la primavera.

Y yo soy para el secreto
lo mismo que es el abeto.

Árbol cuyos mil deditos
señalan mil caminitos.

¡Ay! No puedo decirte, aunque quisiera,
el secreto de la primavera.

Federico García Lorca

Afinal, a quem cabe endireitá-la?

Ora respondam, por favor!
Nem que seja para animação...

Deixo hipóteses de respostas
e pontinhos em aberto.
(Preferia que preenchessem
os pontinhos...)

- Ao governo?
- Aos professores?
- Às ciências da educação?
- À sociedade?
- A mim (genérico)?
- A empresários? (credo...)
- Aos alunos? (E se os puséssemos 1 semana a governar a escola?... Quem sabe se não dariam umas ideias...)
- ........................................

segunda-feira, agosto 29, 2005

Recomeçando a reflectir no "déficit" em Matemática

O Miguel Sousa chamou a atenção para um post sobre o pensamento crítico, num blog a seguir referenciado por link. Dele transcrevo o seguinte:
É mesmo: não conhecemos a dimensão do problema nem a sua origem.
Deixo duas breves achegas (mais como interrogações), guardando, para quando conseguir rebuscar, em artigos acumulados aqui por cantos da casa, referências a investigação que as fundamentem (investigação que confesso não saber se também tem sido feita em Portugal).

Primeira: A incapacidade (prefiro dizer dificuldade) referida é conhecida pelos professores de Matemática logo nos 2º e 3º Ciclos desde há tanto tempo quanto me lembro de ensinar. Embora não deixando de me interrogar sobre se, face ao tempo requerido pelos programas para ensinar "a matéria", não teremos nós professores deixado insuficiente espaço para trabalhar mais nessa dificuldade geral dos alunos (geral, com excepções que são as daqueles alunos de nível excelente), não tenho deixado também de me interrogar sobre se essas dificuldades não terâo algo a ver com um estádio de desenvolvimento em que, por exemplo, capacidade de formulação de hipóteses, de relacionação e de raciocínio dedutivo estão ainda incipientes. Até me interroguei, na altura, sobre a adequação, no nosso país, à mudança da idade de ingresso no 1º Ciclo aos 6 anos completados para o ingresso ainda com 5 anos. Tem sido frequente deparar-me com bons alunos, com evidentes boas capacidades, a necessitarem de maior esforço do que outros colegas e a terem dificuldades na resolução de problemas, a quem pergunto, entraste para o 1º Ciclo ainda com 5, ou já com os 6 anos, sendo sempre a resposta a que espero: 5 anos.

Segunda: É largamente conhecido o chamado "problema da transferência" (e foi identificado e estudado há bastante tempo) - os alunos não transferem aprendizagens feitas num contexto, para outro contexto.
Um simples exemplo disso é bem conhecido de professores de Matemática e de Física logo no 8º ano, quando o professor de Matemática tem o cuidado de iniciar e trabalhar equações literais quando vão ser necessárias em Física, incluindo as fórmulas do programa de Física, e o professor desta disciplina tem que, a seguir, repetir o trabalho, com, por um lado, perplexidade de ambos, por outro, já familiaridade com o caso. Quantas vezes tenho perguntado a turmas: Como é que a vossa professora de Física diz que não sabem resolver, não é o mesmo que aprenderam, e sabem fazer, aqui?
Pergunto-me? Isto tem a ver com o tal problema da transferência? Porquê? Tem a ver, nesta idade, com o binómio conhecimento conceptual - conhecimento procedimental, ou com o binómio conhecimento declarativo memorizado, mas não apreendido - conhecimento procedimental?
(Não nego que alguns professores "pequem" por quase reduzirem o ensino da Matemática ao ensino e treino de procedimentos exigidos pelo programa de modo a que os alunos os mecanizem, mas isso não é para aqui chamado pois é uma completa inverdade que tal corresponda ao geral)

P.S. Assumo que escrevo este post sobre o joelho, motivado de imediato pela leitura do texto acima transcrito. Não pretendo reduzir, nem o problema, nem a necessidade urgente de estudo sobre as suas causas latas.

sábado, agosto 27, 2005

Calma

Domingo
Andava também a esquecer que, mesmo quando parece parado, o mundo pula e avança (até porque não se extinguem os homens que sonham) ;)



Imóvel,
o barco.
No entanto, viaja.
Yeda Prates Bernis


Claude Monet (1887), La Barque

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Sábado
Ando a esquecer que "a História nunca parece História quando a estamos a viver".
Vou aproveitar o último fim de semana das férias...

Calm

(Foto de Marc Appezzato)

sexta-feira, agosto 26, 2005

Porquê?

Porque temos sempre a esperança com cerca??
Porquê também a mediocridade consegue ser ditadura?



...Neste país do pouco. Neste país do pouco.
(Manuel Alegre, 1981)

Preparando-me...

Com o regresso à escola a aproximar-se, já recortei dos catálogos de livros as compras mais urgentes.

Este último
(O Feiticeiro de OZ)
não é para mim, é para ofercer à Milu R.

Ah! E também não me posso esquecer de comprar esse recipiente que falta na sala de professsores, que o presidente do C.E. não consegue pensar em tudo, apesar de se desvelar na protecção do ambiente.


P.S. Tudo compras para consumir na primeira quinzena de Setembro, claro. Depois, tenho os alunos, portanto, depois, não me chateie, Senhora Ministra, que só repararei em si se acaso fizer alguma coisa por eles.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Aos que aguardam colocação

Opening to Tomorrow


Karen Vernon

Eu sei que não sabem ainda para onde irão com a casa (leia-se vida) às costas... que nem sabem ainda quando vão saber. E solidariedade é uma palavra inútil perante a indiferença dos que comandam (sem pressa, que a vida dos professores não faz parte das prioridades) estavelmente sentados, e ainda afrontam com escândalos de certos subsídeos de deslocação. Deixo apenas estas flores, pensando no seu título. Porque eu acredito sempre num outro amanhã.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Que silêncio!!


ADENDA
Achei que uma ilustração surrealista era apropriada...

Silêncio com surpresas ou sem surpresas?
Alguém me dá notícias?
A Senhora Ministra está de férias? Nunca mais a vi nem ouvi, não é que tenha saudades, só não sei se deu algum passito atrás. (Não é ingenuidade minha, é só hipótese de lhe terem mostrado o previsível caos do recomeço escolar... nem sei se vou encontrar a escola cheinha de professores o dia todo, mas fechada por falta de funcionários auxiliares).
O Educare parece de férias, a Fenprof ainda mais, nos jornais nunca mais vi a secção Educação.
Serei eu que ando pouco atenta e já está tudo negociado, programado, organizado... escolas renovadas e entusiasmadas e eu aqui a continuar a pensar cobras e lagartos?

sábado, agosto 20, 2005

Ora esta...!




Métodos de ensino... manuais escolares... Onde estava a minha cabeça, para tais assuntos em férias??!!
Xôô... agora vai para fim de semana!

Manuais escolares

Ontem fui a um hipermercado, reparei logo no grande anúncio "Regresso às aulas" apontando a secção de material escolar, o que me trouxe à memória o meu habitual litígio com os manuais escolares - dizendo mais precisamente, com o manual de Matemática, que é com esse que lido. Litígio que, enquanto pessoal, não teria importância, pois só me dá o trabalho de gastar mais um pouco de tempo a seleccionar o que possa aproveitar do manual (que é importante que os alunos o usem, além de que custou caro) ao planificar as minhas aulas. (Minhas, sim, malgrado os autores dos manuais os elaborarem extensamente como se as aulas de cada professor fossem obviamente as que as suas cabeças concebem).
Mas, aparte o meu litígio pessoal não importante, a verdade é que o negócio das editoras com os manuais foi progresivamente tendo consequências negativas de não pouca importância. Seja porque alguns professores se sentem obrigados a tornar o manual no seu guia de aula dado que os alunos o compraram a alto preço, seja porque a concorrência leva os próprios autores a recheá-los tornando-os um aliciante à dispensa da planificação pessoal e autónoma das aulas pelo próprio professor. E, assim, alguns (eu evito sempre dizer muitos porque os casos que observo são de facto poucos) passaram a dar as aulas consoante a gestão ("flexível") do curriculum concebida pelos autores, usando as estratégias que estes entendem ditar (para qualquer turma e quaisquer alunos), propondo os problemas e exercícios profusamente a jeito de não se ter que os criar, mas em que cada vez menos se consegue discernir critérios de escolha, ordenação ou graduação (a não ser, por vezes, o de ser o problema "engraçadinho"). E com essa auto-incumbência de tudo fornecerem ao professor, acrescida do trabalho de procurar bonequinhos acessórios a encarecerem o dito e a infantilizar os alunos, é natural que lhes sobre menos tempo (aos autores que concorrem às editoras, cuja concorrência, por sua vez, impõe assim) para se preocuparem com uma organização simples e uma clareza que torne de facto o manual acessível e, portanto, útil ao aluno - além de que seria menos oneroso se se cingisse ao necessário dado que o manual é (devia ser) o manual do aluno, não é (não devia ser) o manual do professor.
Também o rigor científico nem sempre anda nas preocupações da negociata, e inevitavelmente escapa o errozito científico aqui e ali a quem escolhe a braços com umas duas dezenas de manuais chegados em catadupa e em cima da hora para analisar em 15 dias no meio do intenso trabalho das últimas semanas de aulas.

P.S. Quase no final de escrever este post fiz uma breve pesquisa e encontrei:

sexta-feira, agosto 19, 2005

E quando a primavera...

(Ainda a propósito de autonomia)

E quando a primavera começa a produzir mais conversa e menos trabalho, é frequente eu fazer um grande discurso que pouco efeito tem nos efeitos da primavera. Mas isso é porque também tenho altos e baixos, fadigas e caídas na rotina que me fazem andar um tanto esquecida de que mais eficaz do que meus discursos é "passar a bola" da análise da situação e das decisões responsáveis para a turma. Uma mesa a presidir e a ordenar a discussão, a stora pedindo a palavra o menos possível...
Dizemos muito que eles precisam de ser mais responsáveis pelo seu estudo (e é verdade), subscrevemos também que educar é preparar para a autonomia, mas esquecemos (eu pelo menos às vezes esqueço, apesar de o saber bem) que eles são capazes de ser autónomos e responsáveis quando mostramos que acreditamos nisso e nisso apostamos.

(Que coisa, as poucas fotos que tenho são de quando leccionava o 2º Ciclo, mas serem dessa idade até reforça o que acabei de dizer)

quinta-feira, agosto 18, 2005

Matemática e métodos de ensino

A minha necessidade de aproveitar as férias todas para destressar da actual política educativa (ou pseudopolítica educativa) não se estende às coisas da sala de aula - aí estão só os alunos (e eu).

Encontrei, numa entrevista de conceituado professor universitário ligado às questões do ensino da Matemática e à investigação nesta área, uma citação do grande matemático português do século XX, José Sebastião e Silva: “A modernização do ensino da matemática terá de ser feita não só quanto a programas mas também quanto a métodos de ensino. O professor deve abandonar, tanto quanto possível, o método expositivo tradicional, em que o papel dos alunos é quase cem por cento passivo, e procurar, pelo contrário, seguir o método activo, estabelecendo diálogo com os alunos e estimulando a imaginação destes, de modo a conduzi-los, sempre que possível, à redescoberta”. Lembrei-me então da 2ª questão que deixei agendada para pós-férias no meu post de 25 de Julho, que aí resumi assim: "Da defesa e até luta de bastantes professores de Matemática pela adopção generalizada de novas metodologias especificamente adequadas ao ensino-aprendizagem dessa disciplina nos anos da escolaridade básica (novas na prática, que nada novas nas teorias e investigações na área da educação matemática), até à resistência que não se situa apenas nos próprios - os professores de Matemática -, mas na cultura e/ou clima ainda prevalecente na escola portuguesa."

Creio que a parte da afirmação de Sebastião e Silva relativa a expor mantendo diálogo com os alunos é uma questão ultrapassada na escolaridade básica, pois julgo que nenhum professor conseguiria manter, nessas idades, os alunos mais do que cinco minutos atentos sem uma constante interacção com eles. E, embora a isso se chame método activo, não é isso por si só que, a meu ver, retira o cunho de ensino tradicional ao ensino-aprendizagem da Matemática, podendo esse diálogo não ser mais do que um expediente para a captação da atenção num método que não deixa, por isso, de privilegiar a exposição.
Mas, Sebastião e Silva acrescenta o que é o cerne da questão: a condução dos alunos à descoberta/redescoberta. E aqui lembro um dos meus lemas de sempre: qua a Matemática não entra pelos olhos ou ouvidos, mas pelo lápis no papel.
Não cabendo num post escrito ao correr das teclas enveredar por fundamentações teóricas, lembro apenas que da defesa e luta de bastantes professores nas décadas de 70 e 80 pela assunção de uma estrutura de funcionamento das aulas de Matemática assente no trabalho em grupo e respectiva dinâmica se chegou ao apoio mediante directrizes claras do gabinete de Matemática, a dada altura existente na Direcção Geral do Ensino Básico, no sentido de um método, efectivamente adequado à aprendizagem da Matemática, baseado na referida estrutura de funcionamento. Directrizes que se foram desvanecendo na resistência (talvez por insegurança devida a formação insuficiente para tal) dos professores de Matemática e também à desistência de alguns face à surdez de certas escolas à necessidade de não criarem obstáculos práticos à existência de salas apropriadas à exequibilidade de tal método.
Não me imagino a seguir outro, em toda a minha vida só entendi as aulas de Matemática assim. E os alunos também entendiam (e entendem) a diferença positiva, por isso colaboravam nos mais diversos expedientes no tempo em que o mobiliário de sala de aula (as carteiras, que não sei se ainda existem nalgum museu) de facto os requeriam para poderem trabalhar em grupo.

E aqui, trata-se de outra interacção bem para além da interacção professor aluno: a interacção entre os alunos, nos grupos e entre grupos, enfim, na aula toda.
Poder-se-ia pensar que o trabalho em grupo também não se trata de mais do que um expediente para substituir a real dificuldade de apoio constante a pelo menos 25 alunos pela maior facilidade desse apoio a um máximo de 6 grupos. Mas esquecer-se-ia o que de essencial essa estrutura de funcionamento dá aos alunos, preparando-os para um posterior ciclo, o Secundário, em que factores como a extensão dos programas decerto não a tornam exequível, mas em que também já não é imprescindível.
Dá-lhes uma relação com a Matemática baseada no trabalho de descoberta (também na tentativa e erro e compreensão deste), por si mesma desafiante como o mostram as frases frequentes: stora, não corrija ainda, deixe-nos acabar; stora, não explique ainda, já estamos a ir... . E dá-lhes sobretudo autonomia no trabalho nessa disciplina, pois trabalham uns com os outros, sim, mas boa parte da aula sem professor, cujo papel, além de exposições obviamente também necessárias, é o da explicação e do apoio apenas indispensáveis, que, na dinâmica criada, eles próprios (os putos) fazem questão de querer apenas nos impasses de naturais e inevitáveis dificuldades.
Piaget dizia que a verdadeira finalidade da educação é a preparação para a autonomia. Atrevo-me a parafraseá-lo dizendo que os métodos verdadeiramente adequados ao ensino-aprendizagem da Matemática nos anos do Básico são os que preparam para uma relação autónoma com ela no futuro trabalho pessoal que lhes exigirá.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Caminhar, sonhar e voar




"Os pés ... caminhos para seguir sempre; o professor e os alunos ... o sonhar e voar constante necessário à nova escola."





Mural cerâmico modelado pelos alunos
numa escola modelo no estado de Paraíba, 2002/2003
Centro Estadual de Ensino-Aprendizagem Sesquicentenário

Pequeno desvio

Digo e repito que ainda estou em férias. Com a diferença de que já estou ao pé do computador, por isso comecei a dar uns passeiozitos pelas notícias da Educação e por um ou outro artigo sobre esta. Por intermédio do Outroolhar conheci A Página da Educação e nela encontrei um artigo de que não resisto a transcrever o excerto seguinte (é só um pequeno desvio às férias).

O Governo não sabe nada (ou obriga-se a uma amnésia...) sobre o património teórico-prático das ciências da educação. Ignora a reflexão crítica acumulada sobre a avaliocracia; não estimula formas alternativas de avaliação contínua; esquece os efeitos de selectividade social dos exames e o florescente mercado das explicações; não estimula o ensino experimental e laboratorial; nada adianta sobre as modalidades de ensino tutorial ou acompanhado, apenas se preocupa obsessivamente em ocupar a carga não lectiva do horário docente – mas com que projectos, com que ideias, com que concretização?! O Governo não cumpre promessas. O seu programa proclama que jamais os meios – rentabilização de recursos, cortes orçamentais – se transformarão em fins. Alguém ainda acredita?

terça-feira, agosto 16, 2005

Do saco de viagem

Da cidade, passei a ponte para a montanha... as árvores... o rio. Também para outras gentes, que nos cruzam sem nos conhecerem e nos dizem bom dia.
Como disse abaixo, já pendurei em casa os ambientes que a memória trouxe no saco de viagem.
IC
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Jamais levaria para estas férias leituras sobre escola, excepto quando a leitura antes começada é de narrativa divertida (oportuna também). Por isso, entre os livros de férias, levei o Diário da Stôra Lili.
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Música, levei só em português. Não de Portugal... deve ter sido um acto falhado, o trauma do deficit já me faz ver deficit em tudo.
E, não só pelo deficit, como podia este país ser agora uma canção?

Mas...
Eu sei que há momento
que se casa com canção
(Bethânia)
E...
Já murcharam tua festa, pá,
mas certamente
esqueceram uma semente
nalgum canto de jardim.
(Chico)
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P.S. São apenas simbólocos os ambientes de férias que tenho deixado aqui. Para reparar nas coisas simples e na poesia que falta. Também para a serenidade de olhar os momentos agitados na perspectiva dialéctica de ser o progressivo e inevitável desiquilíbrio até à ruptura que sempre foi a condição para a mudança qualitativa e o progresso, e para a serenidade de nos sabermos num processo longo com a certeza (ou esperança) de que há luz no fim do túnel, ainda que demasiado longínqua para a vislumbrarmos no nosso presente.

Ainda em férias

Com mais dezena e meia de dias, agora quase todos cá pela cidade, vou já pendurar em casa coisas que a memória trouxe no saco de viagem, para manter o ambiente. Até ao regresso à escola, a que decerto não resistirão penduradas face ao clima ventoso previsível. Na sequência da já ocorrida precipitação ministerial, confesso que antevejo denso nevoeiro a dificultar a distinção entre medidas pedagógicas para diminuir o deficit das aprendizagens dos alunos e camuflagens hipócritas de medidas apressadas por ditames europeus para redução de outro deficit - o DEFICIT.
De tão súbitas preocupações com o sistema educativo eu até diria que repararam na carroça com seu burro há tempo de mais estacionada, mas disto de pô-la a andar à frente do burro é melhor não dizer nada para não perturbar as minhas imprescindíveis férias!