Faço meus os votos pelos quais a Mafaldinha acaba por se decidir...
sexta-feira, dezembro 30, 2011
quinta-feira, dezembro 29, 2011
Então, Senhor Ministro, estas áreas curriculares não eram "estruturantes" ?
Área de Projeto? Formação Cívica? Meios para iniciativas extra-curriculares tais como os Clubes Escolares?
Uma escola que dê aos alunos os saberes científicos, que informe... Ninguém contesta isso. Mas onde fica aquela componente de vertente essencialmente formativa? Onde ficam aquelas vivências escolares tão marcantes na formação das crianças e adolescentes, que tantos professores proporcionam (proporcionavam)?
Segue um pequeno exemplo que recebi como prenda de Natal...
O livro
O CD
«Olá! Somos a turma do 5º D da Escola EB2,3 de Beiriz.
Vimos apresentar-vos oito canções originais da nossa autoria e do nosso professor de Educação Musical e Área de Projeto (...)
Quando tivermos mais tempo, mais espaço e mais apoio, iremos concerteza fazer muito melhor, mas não quisemos deixar de partilhar convosco o grande momento que vivemos.
Este trabalho é fruto do tema "Charcos com vida", desenvolvido nas aulas de Área de Projeto (...)
Desse primeiro livro foi extraído um segundo, contendo apenas a componente artística de que este CD áudio faz parte e a que demos o título "Peixe de papel". O seu nome representa o nosso primeiro momento poético e musical e tudo o que através dele agora vos dedicamos.»
quarta-feira, dezembro 28, 2011
segunda-feira, dezembro 26, 2011
Imprescindível: A verdade histórica da crise.
A História que é indispensável conhecer, desde décadas do século passado até à actual crise. Muito sinteticamente, eu chamar-lhe-ia a "História da ganância e da corrupção na 'indústria' financeira".
Tinha colocado o vídeo, mas foi retitado do YouTube. Entretanto, um amigo enviou-me outro kink.
Duração de hora e meia...Vale a pena aproveitar um serão de fim de semana (ou destas férias no caso dos professores) para ver o vídeo. Legendado em Português.
quinta-feira, dezembro 22, 2011
Em jeito de votos de Natal e Novo Ano
Para todos os amigos...
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
- ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
[Mario Quintana; Nova Antologia Poética, 1998]
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
- ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
[Mario Quintana; Nova Antologia Poética, 1998]
terça-feira, dezembro 20, 2011
sábado, dezembro 17, 2011
Vídeo histórico censurado
Era um vídeo de hora e meia. Era a História que é indispensável conhecer, desde décadas do século passado até à actual crise. Muito sinteticamente, eu chamar-lhe-ia a "História da ganância e da corrupção financeiras".
O link era este: http://vimeo.com/25142692. Agora lê-se: "Sorry, "Inside Job / Trabalho Interno (2010) Legendado PT" was deleted at 11:31:38 Wed Dec 14, 2011. We have no more information about it on our mainframe or elsewhere."
Descrevia nomeadamente (e identificadamente) a corrupção na indústria financeira.
Tinha tirado brevíssimas notas do final, o que não é nada, mas é só o que posso deixar:
"Durante dácadas o sistema financeiro americano foi estável e seguro. Mas a situação mudou. (...) A indústria financeira virou as costas à sociedade. Corrompeu o nosso sistema político e mergulhou a economia mundial na crise. (...) Com um custo enorme, evitaremos o desastre. Mas os homens e instituições que causaram a crise ainda estão no poder. E isso precisa mudar. Eles dirão que precisamos deles e que o que fazem é muito complicado para que entendamos. Eles dirão que não acontecerá de novo. Gastarão biliões lutando contra a reforma.
Não será fácil, mas valerá a pena lutar."
quinta-feira, dezembro 08, 2011
Contrastes
Senhor Ministro Vitor Gaspar, não consegue criar um espacinho na sua cabeça repleta de números para ao menos um minuto por dia pensar também nas pessoas e revelar alguma sensibilidade?
Senhor Primeiro Ministro, não lhe ocorre reservar ao menos um minuto por dia para ponderar na sua subserviência à ditadura de Merkel e Cª, cujas consequências o levarão ao "orgulho" fugaz de cumpridor mais do que zeloso até ao dia em que, deixando o país na pobreza e miséria, outros terão que o tentar levantar com as dificuldades extremamente acrescidas pelos seus erros, que a História julgará? Protegendo os poderosos do nosso país, não lhe ocorre a palavra Moral e alguma sensibilidade para com aquele povo que tem direito à sobrevivência?
Contrastes de sensibilidades
Com o agradecimento ao Professor Álvaro Gomes
_________
ADENDA
Este vídeo foi "travado" - métodos modernos a substituirem o "lápis azul" de triste memória.. Comentários para quê?
segunda-feira, dezembro 05, 2011
Mas o nosso governo "ama" essa senhora...
«(...) Embora ainda há pouco tempo contássemos, para citar o poeta alemão Hölderlin, que "onde há perigo, cresce também a salvação", está agora a aparecer no horizonte uma contrarrealidade nova: onde há salvação, cresce também o perigo. De imediato, insinuou-se na cabeça das pessoas uma questão nervosa: as medidas tomadas para salvar o euro estarão a acabar com a democracia europeia? Será que a UE "resgatada" está a deixar de ser uma União Europeia, tal como a conhecemos, e a tornar-se um IE, um Império Europeu com selo alemão? Esta crise interminável estará a parir um monstro político? (destaque meu)
Não há muito, era comum falar-se em termos depreciativos sobre a dissonância dentro da União Europeia. Agora, de repente, a Europa tem um único telefone: toca em Berlim e, de momento, pertence a Angela Merkel.(...)»
Ulrich Beck (sociólogo alemão) in The Guardian, 1Dez2011
quarta-feira, novembro 30, 2011
Nas mãos dos professores - provocações à reflexão I
Nota prévia
Os professores estão tristes, como triste está o país. Mas a força do ser humano reside em não desistir. E as nossas crianças e adolescentes precisam de quem não desista deles.
Derrotismo e individualismo abafam a consciência do poder que têm os professores em união e colaboração. Tal como boas medidas políticas para a Educação nenhum efeito teriam sem os professores, também as medidas que desprezam as crianças e jovens sem possibilidade de prescindir da Escola Pública não têm, por si, o poder de impedir o papel do professor e a sua relação com os alunos na sala de aula.
Como todos os que trabalham, os professores sofrem o roubo prepotente de direitos remuneratórios e o agravamento das condições de exercício da profissão. Mas há duas maneiras de enfrentar as dificuldades. Uma é cada um fechar-se em si mesmo numa rotina entediante dos dias feitos dos gestos obrigatórios; outra é não abdicar da ação que dá sentido à vida e à esperança.
Mais que nunca, os professores que não desistem dos seus alunos são, para as crianças e adolescentes, os imprescindíveis.
Os professores estão tristes, como triste está o país. Mas a força do ser humano reside em não desistir. E as nossas crianças e adolescentes precisam de quem não desista deles.
Derrotismo e individualismo abafam a consciência do poder que têm os professores em união e colaboração. Tal como boas medidas políticas para a Educação nenhum efeito teriam sem os professores, também as medidas que desprezam as crianças e jovens sem possibilidade de prescindir da Escola Pública não têm, por si, o poder de impedir o papel do professor e a sua relação com os alunos na sala de aula.
Como todos os que trabalham, os professores sofrem o roubo prepotente de direitos remuneratórios e o agravamento das condições de exercício da profissão. Mas há duas maneiras de enfrentar as dificuldades. Uma é cada um fechar-se em si mesmo numa rotina entediante dos dias feitos dos gestos obrigatórios; outra é não abdicar da ação que dá sentido à vida e à esperança.
Mais que nunca, os professores que não desistem dos seus alunos são, para as crianças e adolescentes, os imprescindíveis.
Provocações à reflexão - I
sábado, novembro 26, 2011
...
Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.
Agostinho da Silva, in Diário de Alcestes
Eu não quero ter poder
Mas apenas liberdade
P'ra dizer aos do poder
O que entendo ser verdade
Agostinho da Silva
segunda-feira, novembro 21, 2011
sexta-feira, novembro 18, 2011
De vez em quando o meu copo transborda
e, embora nunca pense em terminar de vez com este cantinho, lá volto a suspendê-lo por tempo indeterminado pois não há paciência para escrever - fica, sim, a impaciência na espera de ver a resistência sair à rua (não ver apenas, sair também, claro), sair à rua e voltar a sair, mais e mais, e não só por parte do meu povo, que isso agora talvez não baste, mas resistência dos povos unidos, que urge.
A "gota" de água que hoje fez transbordar o meu copo:
Enquanto isto, e enquanto se tiram às pessoas direitos adquiridos como são os seus salários, que esses acha o governo e acha a maioria dos senhores deputados que é só decretar "cortem-se" ao mesmo tempo que, pelos vistos, pensam "mas a mim não". Pelos vistos, sim: A reintegração dos deputados na vida civil irá custar aos cofres públicos, até ao final de 2012, mais de 800 mil euros. Porque para esses senhores deputados direitos adquiridos para si próprios são intocáveis, e a lei que revogou em 2005 o dito subsídeo de integração para todos os seus colegas seguintes não os atinge porque "já tinham adquirido esse direito".
Não contesto, mas dizer, digo, digo que eu teria vergonha de solicitar o tal apoio de integração (e resta saber se precisaram de algum apoio para retomarem a sua anterior actividade profissional). Mais:
E outros 11 antigos deputados pediram a concessão da subvenção vitalícia.
E outros 11 antigos deputados pediram a concessão da subvenção vitalícia.
Nota: A Assembleia da República pediu à Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) um parecer sobre a divulgação dos nomes dos beneficiários do subsídio de reintegração e da subvenção vitalícia. Pois eu não quero saber nomes, que isso acho feio. Só gostava que houvesse o exemplo da moralidade, e para não falar de uma coisa bonita que se chama solidariedade.
E, antes de deixar este cantinho a marinar até me voltar a paciência, retomo a notícia do início. Gota de água? A mim não se afigura gota apenas. Talvez porque sou de um tempo que nem o actual ministro da educação, nem o das finanças, nem o primeiro sofreram. De um tempo em que, se pertenci à elite dos que então puderam estudar e prosseguir estudos, não foi por "berço" mas sim pelo enorme sacrifício dos meus pais - um sacrifício que, apesar de tudo, conseguiram mas não bastava para muitos e muitos. E quando, agora, já estou a saber do grande aumento de desistências de alunos que conquistaram o acesso ao ensino superior, isto transborda-me de facto o copo em que tento não fazer comparações com um passado morto - morto, mas com fantasmas que ressuscitam.
quarta-feira, novembro 16, 2011
Deixo um poema...
O homem que contempla
Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
Esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.
Rainer Maria Rilke
(Via Amélia Pais)
Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
Esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.
Rainer Maria Rilke
(Via Amélia Pais)
segunda-feira, novembro 14, 2011
domingo, novembro 13, 2011
sexta-feira, novembro 11, 2011
Por medidas mais justas...
Para cortar nos salários não é precisa coragem - basta ter uma maioria absoluta. Para medidas menos injustas basta coragem para não ceder às pressões dos interesses graúdos. E, mesmo que medidas mais justas não cheguem, valeria a demonstração de sentido de moralidade.
quarta-feira, novembro 09, 2011
Uma síntese simples mas lúcida
«A União Europeia está a esboroar-se e os sábios discutem o sexo dos anjos. Anteontem, saímos aterrados do programa Prós e Contras. A questão já não é de ficar ou não ficar no euro. A questão é de sair e de como sair. Mas qualquer das portas conduz-nos à desgraça. Não conseguimos evitar as armadilhas da violência e da miséria, e a emocionante ideia dos "fundadores" do projecto está posta de lado. Politicamente, a União não existe; a solidariedade, imaginária; e o desenvolvimento económico caracterizado pela supremacia da Alemanha sobre todos os outros países. Sem esquecer que o nacionalismo ressurge com uma força inesperada e que a extrema-direita manifesta assustadoras práticas de reprodução.
A Europa das nações foi um mito, nascido das exigências pessoais e morais de alguns homens que haviam sofrido duas guerras. Há qualquer coisa de poético neste almejo; mas há, igualmente, algo de impraticável. O caso da Grécia é, somente, um incidente à espera de acontecer. Resulta de diferenças culturais e de opostas concepções políticas. Uma comunidade não é sinónimo de exclusão e de pobreza, se os seus dirigentes souberem e quiserem controlar as diversidades. A União nasceu desse equívoco. Afinal, não somos todos diferentes e todos iguais. Opuseram-se-lhe não só a subjectividade dos protagonistas políticos como a nova e tumultuosa ordem económica e uma juventude distanciada de uma definição comunitária.
Torna-se pungente assistir aos salamaleques de Pedro Passos Coelho ante os senhores do mando, e o afã com que se apressa a ser um zeloso cumpridor das ordens emanadas de fora. Há um défice de dignidade e de orgulho que a desenvoltura do primeiro-ministro não consegue dissimular, e se espelha, afinal, em todos nós. O conceito de inferioridade nasce daquele que se considera como tal. E esse conceito, levado ao limite, transforma num ser alienado aquele que a isso se submete. Se a Grécia expressou uma auto-afirmação simbólica, logo os países que se encontram na mesma linha de dificuldades demonstraram uma animosidade clara. A assimilação do medo faz parte das desigualdades de que a União é cada vez mais fértil.
Portugal, este Governo, exclui qualquer alternativa que abandone as regras impostas de fora. Todas as possibilidades que se combinem entre si são imediatamente eliminadas, numa lógica de alienação e de negação que chega a ser repugnante. Nada nos diz que a situação melhore nos próximos anos. Independentemente da vontade dos povos, dos protestos que façamos, das indignações que protagonizemos, das censuras que lavremos, os poderes que nos amarram são extremamente poderosos. Os estorvos que consigamos causar não chegam para alterar o projecto passadista e profundamente reaccionário que está em curso.»
domingo, outubro 23, 2011
Já basta de tantas palavras!
Os economistas, que deveriam ter conhecimento e lucidez, não se entendem (ou não querem entender-se). E os opinadores para todos os gostos fazem um barulho ensurdecedor.
O povo português é atordoado pelas chantagens das ditas inevitabilidades e pelas estratégias do medo, restando-lhe difíceis intuições e a pergunta: será que o destino do país está entregue a governantes competentes, ou não são estes mais do que irresponsáveis atrevidos que quiseram governar sem estudo e sem abertura à ponderação de propostas alternativas a medidas que tomem para além do compromisso com a dita troika?
Sinceramente, já só sou capaz de escrever o que agora escrevi no topo deste blogue.
(Quanto à Europa, esse é também um problema aflitivo e primordial. Contudo, vamos tendo um governo empenhado em ser mais papista do que a papista-troika)
quarta-feira, outubro 19, 2011
Quando a Educação e a Cultura baixam para o nível da pobreza...
... as consequências podem ser irreversíveis por muito tempo!
«A despesa pública em educação em percentagem do Produto Interno Bruto, prevista para 2012, vai empurrar Portugal para a cauda da União Europeia.
De 5% do PIB em 2010, as despesas do Estado com a educação passarão a representar apenas 3,8%. Na UE, a média é de 5,5%. Na Eslováquia, que estava no final do tabela, rondava os 4%.
A descida deste indicador estrutural é apresentada na proposta de Orçamento do Estado para 2012.»
E enquanto Vitor Gaspar continua a guiar-se pela sua fé no "deus mercado", Nuno Crato já não se guia por coisa nenhuma, restando-lhe uma fé abstrata e irracional...
«Questionado por jornalistas, em Braga, o ministro Nuno Crato escusou-se a pronunciar-se em concreto sobre os cortes previstos no orçamento do seu ministério, mas considerou que as opções do Orçamento do Estado para 2012 são "as melhores" face ao "momento difícil" que o país atravessa. "São opções difíceis, vivemos um momento difícil, mas eu creio que são as melhores opções face à situação em que estamos", disse. "Temos todos esperança no futuro, na educação, na ciência, vamos ultrapassar este momento difícil, vamos de certeza conseguir ultrapassá-lo", acrescentou.»
Demita-se, Senhor Ministro Nuno Crato! As intenções que propagou não nos fazem falta nenhuma, mas, ao menos, mostre alguma dignidade recusando ser mero "pau-mandado".
Li que argumentou na defesa do corte da carga horária das disciplinas de História e Geografia que elas não são estruturantes. Olhe que a Matemática também pode não ser para "brilhantes" alunos, como parece ter sido o caso de V. Excia.
segunda-feira, outubro 17, 2011
De ontem... De hoje também!
"Não se entreguem a esses homens artificiais, homens máquina com mente e coração de máquina. Vocês não são máquina, vocês não são desprezíveis. Você é homem.(...) Vocês, as pessoas, têm o poder (...) Então, em nome da democracia, vamos usar esse poder, vamos todos nos juntar! Vamos lutar por um mundo novo!"
sexta-feira, outubro 14, 2011
O DIA EM QUE VERDI DERROTOU BERLUSCONI
(Não me lembro se não será a segunda vez que trago aqui este episódio, mas hoje um email recordou-mo)
A Itália festejava o 150º aniversário da sua unificação e uma das muitas comemorações da importante data decorreu na Ópera de Roma, com a apresentação da obra Nabucco, dirigida por Ricardo Muti. Antes da apresentação, Gi anni Alemanno, prefeito de Roma, subiu ao palco para pronunciar um discurso denunciando os cortes no orçamento dirigido à cultura que haviam sido feitos pelo governo (apesar de Alemanno ser membro do governo e amigo de Berlusconi). Esta intervenção política num momento cultural dos mais simbólicos para a Itália produziria um efeito inesperado, ao qual Berlusconi, em pessoa, foi obrigado a assistir.
Quando o coro chegou ao fim do famoso canto Va Pensiero, ouviram-se vários pedidos de bis, começaram os gritos de Viva Italia e Viva Verdi e as pessoas nas galerias atiraram pequenos papéis escritos com mensagens patrióticas. Então,
Muti voltou-se para o público - e para Berlusconi - e disse:
"Logo que cessaram os gritos de bis, vocês começaram a gritar Longa Vida à Itália. Sim, estou de acordo com isto: Larga vida à Itália. Mas... Já não tenho trinta anos e vivi minha vida. Percorri o mundo e, hoje, tenho vergonha do que acontece no meu país. Por isso, vou aceitar os vossos pedidos para apresentar Va Pensiero novamente. Não só pela alegria patriótica que sinto neste momento mas, sim, porque enquanto dirigia o coro que cantou Ai meu país belo e perdido pensei que, se continuarmos assim, vamos matar a cultura sobre a qual erguemos a história da Itália. E, nesse caso, nossa pátria também estaria bela e perdida. (...)
quarta-feira, outubro 12, 2011
Obrigada, Mia Couto!
(Deram-lhe só sete minutos... teve que ler. Na TV, não sei se lhe dedicaram alguns... não me espanta se dedicaram zero... as verdades e a lucidez não são nada "convenientes"!)
segunda-feira, outubro 10, 2011
Uma mensagem de referência para os jovens
Em intervalo devido a várias tarefas, aproveito para deixar aqui esse discurso, especialmente para o meu neto que agora inicia a vida universitária.
sábado, outubro 08, 2011
Mia Couto recebe prémio Eduardo Lourenço
Embora Mia Couto já tenha sido galardoado com vários prémios literários, li a notícia e vim direita aqui ao meu cantinho. Porque Mia Couto e a sua obra literária fascinam-me.
E, enquanto o novo acordo ortográfico me exaspera, sabe-me bem recordar como Mia Couto, ao contrário de desvirtuar a Língua Portuguesa, mas usando tanto o léxico de regiões moçambicanas, a enriquece, como que a recria de uma forma extasiante.
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato
morro
no mundo por que
nasço
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato
morro
no mundo por que
nasço
Setembro de 1977. In Raiz de Orvalho e Outros Poemas, Ed. Caminho, 1999
Um regresso à blogosfera
O Henrique Santos regressou com novos blogues dedicados ao basquetebol. Mas, a seguir, regressou também ao seu blogue Educrítica, com o que fiquei muito contente.
Claro, o basquetebol é importante, o meu neto pratica-o e ainda bem, significa que pratica desporto, tão importante na sua idade (e não só), mas destaco o regresso do Henrique ao seu antigo blogue porque a Educação no sentido mais global até faz bastante ruído na blogosfera, mas não é desse ruído que precisam a nossa Escola Pública e a Cultura que desejamos ver transmitida aos nossos jovens.
quinta-feira, outubro 06, 2011
"Mudaste a minha vida"
Há poucas semanas encontrei-me com duas amigas, mãe e filha, encontro onde conheci o recente marido da última. Nessas coisas que se dizem em apresentações, a mãe mencionou-me como tendo sido "professora" de Matemática da I.
Entre aspas, pois não fui professora da I. Apenas a acompanhei quando, com 11 anitos, começou a vir a minha casa porque a mãe estava preocupada não só com o muito pouco gosto da I. pela Matemática, como também com a professora, com formação para a lecionação de Ciências e pouco dada ao ensino da referida disciplina.
E a I. (agora já na casa dos 30) aqui continuou a vir até meados do seu 10º ano, em que já ia longe o tempo da nota positiva "pequenina". E ainda bem que esse tempo ia longe, pois precisou de alta média em Matemática para o curso que seguiu.
Até aqui, nada de especial nesta estória. Mas, o que foi especial, o que foi não digo revelação, mas alguma surpresa, foi a I. ter-me dito: "Sem dúvida que mudaste a minha vida, e sei isso bem; eu detestava a Matemática e hoje é com ela que lido todos os dias".
Não, não fui eu, foi ela, pois o mérito do trabalho e da responsabilidade foi dela desde pequenita. Contudo, ainda agora estou a vê-la ali na mesa comigo, e a ouvi-la logo num dos primeiros dias em que cá veio, 11-12 anitos: "Ah! Que engraçado! Nunca me tinham explicado isso assim!" Como também ainda me lembro que foi essa expressão "que engraçado" que me fez logo pensar que não ia ser difícil mudar a sua aversão à matemática em gosto.
Por favor, não deixem avançar a ideia dos professores generalistas para o 2º Ciclo! Sendo muito importante um bom 1º Ciclo, não deixa de ser verdade que é no 2º que verdadeiramente se inicia a Matemática, e que este ciclo pode ser decisivo para o bem ou para o mal do futuro de muitos alunos.
Etiquetas:
especialmente para profs de mat,
formação de professores,
matemática odiada,
relacionado com sucesso-insucesso em matemática
Critérios jornalísticos...
Passando os olhos pelas capas dos jornais (que recebo no mail), hoje noto mais uma vez habituais critérios divergentes nos títulos das notícias, consoante as 'tendências' dos jornalistas ou dos respectivos orgãos de "informação".
«FMI: Buraco na Madeira força revisão da ajuda a Portugal» (Diário Económico)
«FMI diz que Portugal não precisa de novo resgate» (Diário de Notícias)
Os conteúdos das notícias acabam por não ser diferentes, mas a verdade é que é no título que se pretende o 'impacto'...
terça-feira, outubro 04, 2011
Respondendo à crítica de um amigo
Tenho um grande amigo, que não é autor de blogue, que me critica por agora escrever muito pouco, por agora denunciar muito pouco...
Talvez tenha alguma razão, dado que escrevi muito no tempo de MLR e rebati muito a sua política educativa apoiada por José Sócrates. Mas, nessa altura, este meu cantinho centrava-se essencialmente nas questões da Educação. Ora, acontece que, no actual momento, por mais que me preocupe o rumo da Educação, o meu pensamento, as minhas preocupações, os meus desgostos e as minhas revoltas não conseguem isolar um pouco a política educativa porque a global é (para mim) demasiado triste, preocupante, revoltante e destituída de qualquer boa perspectiva.
A minha esperança (que nunca perco) passou para longo prazo.
Há, sim, alternativa ao actual rumo (e esse é o meu grito, que não preciso de repetir pois permanece bem "audível" aí no topo do meu blogue). Mas não basta haver alternativa: É precisa uma lucidez generalizada, que não existe; é precisa uma tomada de consciência muito ampla, que gere aquela Liberdade que Marx definia como "a consciência da necerssidade"; é preciso que o povo português deixe de ser matraqueado por comentadores que o alienam ou lhe instalam o medo a fim de que permaneça dócil perante os verdadeiros objectivos do neoliberalismo exacerbado; é preciso, muito provavelmente, que também os outros povos da Europa gritem em uníssono um enorme NÃO aos senhores que comandam, nomeadamente os povos que até deram o poder aos mais soturnos líderes (como também cá, com a diferença que os líderes de cá nada mandam, apenas são subservientes, com gosto e crença).
O que tenho respondido ao meu amigo? Tenho respondido que a minha escrita não tem visibilidade, pelo que não faz sentido andar a repetir mais do mesmo. Não que não seja preciso que as vozes imprescindíveis, as que conseguem ter alguma audição, não se cansem de repetir mais do mesmo enquanto for sempre mais do mesmo (e sempre a somar) os actos governamentais a denunciar. Quanto à minha quase invisível pessoa, quem por aqui passar que ouça o meu grito aí acima. E, se quiser saber o que penso, o que denuncio nos últimos tempos de poucos escritos (poucos, saliento, não só no tempo mais recente de novo governo ), pois tem as "etiquetas" aí ao lado, é só clicar nas de "política" que logo fica disponível o meu pensamento.
ACORDAI!
ACORDAI!
sexta-feira, setembro 30, 2011
Coisa rara: um anúcio cheio de Valores
De levar para a sala de aula!
(Via José Paulo, no Interactic 2.0)
quinta-feira, setembro 29, 2011
Quando um governo perfilha ideologicamente os reais objectivos de "troikas"...
«(...)O objectivo dos ideólogos, escondidos sob o “manto diáfano” da competência técnica, como Vítor Gaspar e outros membros deste Governo, a começar por Passos Coelho, é o lançamento irreversível das bases económicas que permitam construir um outro modelo de sociedade. Um modelo que nada tem de novo – um modelo repescado do que começou a ser posto em prática, com outros meios e noutras conjunturas, principalmente a partir das últimas duas décadas do século XIX com o desenvolvimento do capitalismo è escala transnacional. Numa palavra o que hoje se pretende é: assegurar ao capital a maior liberdade de movimentos, fazer regressar o trabalho à condição de mercadoria igual a qualquer outra e reconduzir o Estado ao exercício de funções mínimas: defesa da propriedade e garantia da liberdade de acção dos titulares dos meios de produção. E mais uma ou outra função imposta pelas específicas situações do tempo presente.(...)
Claro que as alternativas existem. Mas fora do sistema, não dentro. Por isso não serão fáceis de pôr em prática e levarão anos a consolidar-se…»
JM Correia Pinto
(O meu agradecimento ao Francisco pelo texto, que pode ser lido na íntegra aqui)
domingo, setembro 25, 2011
Regressando...
Por hoje, só um poema...
Solitária,
a Poesia percorre a Terra.
Sua voz possui as notas da
dor do mundo.
Ela nada pede,
sequer palavras.
Vem de longe, jamais
avisa a hora de sua chegada:
suas são as chaves da porta.
Entra. Olha-nos profundamente.
Depois, suas mãos se abrem:
Entrega-nos uma flor,
um seixo? Algo secreto,
tão intenso que o coração
dispara.
Então, despertamos.
Eugénio Montejo
Tradução: Sandra Baldessin
(Via Amélia Pais)
Encontro com a Poesia
Solitária,
a Poesia percorre a Terra.
Sua voz possui as notas da
dor do mundo.
Ela nada pede,
sequer palavras.
Vem de longe, jamais
avisa a hora de sua chegada:
suas são as chaves da porta.
Entra. Olha-nos profundamente.
Depois, suas mãos se abrem:
Entrega-nos uma flor,
um seixo? Algo secreto,
tão intenso que o coração
dispara.
Então, despertamos.
Eugénio Montejo
Tradução: Sandra Baldessin
(Via Amélia Pais)
quarta-feira, setembro 21, 2011
Intervalo alongado
Há bastantes dias que tenho este meu cantinho esquecido. Hoje vim cá confidenciar-lhe que vou estar mais uns dias ausente, agora não por esquecimento, mas por uns dias de férias "hospitalares".
Bom motivo para dizer que há que aproveitar enquanto posso ter estas "férias" quase gratuitas. Sou simplesmente professora aposentada, o que, até há pouco tempo, ninguém diria que isso me (nos) inclui na classe dos ricos. Mas agora, já não sei... Se calhar este Governo vai alargar os critérios que definem os que podem pagar a saúde, e... o que é monetariamente uma operação cirúrgica para os "ricos" ? Os ricos sem aspas nunca dispensaram as comodidades de clínicas particulares, pelo que não é por aí que o sr. PC e o sr. VG conseguirão aumentos fáceis de receitas (ou, como preferem dizer, diminuições de despesas do Estado).
terça-feira, setembro 13, 2011
Visão necessária que talvez não agrade a professores
(...) A crise não pode servir de justificação para que se destrua o essencial, a base da construção do futuro; a Educação é, efetivamente, a base dessa construção! (...)
Não tive acesso ao jornal, mas Paulo Guinote mostra no seu blogue um caderno incluído no Público, no qual Mário Nogueira terá dito, em entrevista, o que, em parte, a seguir se lê, e que, por muito que pese aos professores, especialmente aos "umbiguistas", na minha opinião revela a honesta coragem de uma visão necessária, sabendo MN que não será a visão "popular" para muitos(?) dos associados na FENPROF.
Não falo assim por agora estar de fora como professora aposentada, nem por continuar a ser sindicalizada no maior sindicato da FENPROF - o SPGL. Falo como cidadã muito preocupada (e muito triste) com o rumo e o futuro do meu país, e toda a minha vida, embora lutando sempre pela Educação na Escola Pública, mantive a consciência da responsabilidade da cidadania.
segunda-feira, setembro 12, 2011
Aos netos da madrugada...
Zeca cantou 'Filhos da Madrugada'. Vinde, também, netos da madrugada!
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"O que faz falta é animar a malta
O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta é empurrar a malta"
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"Não me obriguem a vir para a rua gritar"
Ainda trabalhei no tempo da ditadura; vivi com indescritível alegria aquela "madrugada", agarrando as mãozinhas das minhas filhas pequenotas e repetindo, repetindo a mim mesma: Elas vão viver num país livre!
Agora sou velhota, mas disposta a ainda ir para a rua gritar.
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"O que faz falta é animar a malta
O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta é empurrar a malta"
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"Não me obriguem a vir para a rua gritar"
Ainda trabalhei no tempo da ditadura; vivi com indescritível alegria aquela "madrugada", agarrando as mãozinhas das minhas filhas pequenotas e repetindo, repetindo a mim mesma: Elas vão viver num país livre!
Agora sou velhota, mas disposta a ainda ir para a rua gritar.
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(Publicado previamente no FB mas tendo como
ttítulo o que agora se lê no topo desta página)
ttítulo o que agora se lê no topo desta página)
domingo, setembro 11, 2011
Aos blogues de docentes faço um voto...
Terminou (pelo menos por uns tempos) a história (de demasiadas páginas) da ADD. Cada professor considerará, consoante o seu ponto de vista, que o final foi feliz, ou assim assim, ou infeliz, ou omisso para que cada um, individual ou coletivamente, o redija. (A mim, parece-me que o final da história, por si, não contém tragédias ou dramas, embora as malfadadas quotas tenham muito que se lhes diga; parece-me também que o muito desejável é organizarem-se as escolas de modo a permitirem tempo e a fomentarem o trabalho colaborativo/formativo)
O voto que deixo aos blogues de docentes é que agora passem a propiciar e partilhar reflexões, em primeiro lugar sobre as aulas, os alunos, e as práticas, ou, nos casos mais vocacionados para outras grandes questões relativas à Escola Pública, que tragam para as postagens as análises, os alertas, as denúncias e a mobilização em torno de políticas que têm sido e continuam a ser perniciosas ou mesmo destrutivas da qualidade da Educação a que todas as crianças e todos os jovens têm direito, bem como o país precisa para ter um futuro digno.
Nessas questões incluo:
- (a recusa de) revisões curriculares desqualificadoras e feitas por opções economicistas, ainda que publicamente negadas;
- (a exigência de) melhoria das formações inicial e contínua nos múltiplos casos em que os respectivos cursos e acções são deficientes ou inadequados;
- (a mobilização em torno da) revisão do atual regime de autonomia e gestão das escolas.
sexta-feira, setembro 09, 2011
Ah! Terão sido os "States" que fizeram a cabeça de Nuno Crato?
«So, Finland basically focuses on teachers and not on domestic testing. Those PISA tests that you cite are international assessments.»
«This is the antithesis of what we're hearing about in the United States in terms of so-called education "reform." When you hear the debate in the United States over education, the idea is that we need to demonize teachers and that the real way to fix our education system is to simply test the hell out of kids. Why do you think there is such a difference between the attitudes of our two countries? »
Então terá sido esta influência das ideias de reforma nos EU que Nuno Crato "assimilou" e o levou a andar a defender na TV exames e mais exames? Pois então... mandará fazer os exames (se tiver dinheiro), e é possível que, a seguir, venha a alardear a sua satisfação com os resultados, já que é capaz de ser fácil (infelizmente) levar a maioria dos professores a não fazerem outra coisa que treinar e treinar os meninos para responderem bem às questões desses exames, mesmo que os meninos esqueçam as respostas no dia seguinte aos ditos exames. E se os nossos alunos aprenderem a decorar em vez de aprenderem a pensar, quando isso se perceber Nuno Crato estará fora do governo, ilibado, como é costume, de responsabilidades sobre o que tenha feito à Educação das nossas crianças.
Já agora, continuo mais um bocadinho com o artigo:
«But beyond that, what I find so striking is that the reforms in [the U.S.] have been driven and led by businesses for the last quarter century. It was David Kearns at Xerox and Lou Gerstner at IBM calling for a national summit on education and they didn't invite any educators. They invited CEOs and governors and senators and congressmen.
Now, I understand and respect business needs for better skills, and I understand a certain mistrust of the education system based on the fact that it's the only profession where you're guaranteed a job for life. But what's different in Finland is that there has been a bipartisan consensus over 30 years about the importance of education and the importance of high-quality teaching as the real solution. It's been a partnership between businesses, policy makers and educators, and that's what we need in this country but don't have.»
«This is what Finland has done that's different - they've defined what is excellent teaching, not just reasonable teaching, and they have a standard for that. Second, they've defined what is most important to learn, and it's not a memorization-based curriculum, but a thinking-based curriculum. So even in our wealthiest districts we're not approaching that global standard of success and excellence.» (Destaque meu)
«How did Finland manage to elevate the role of teacher in the eyes of the population to something that is not just an honorable profession, but a revered profession, whereas in the United States, teachers are so regularly denigrated?
They really think about teachers as scientists and the classrooms are their laboratories. (...) They're taking content courses that enable them to bring a higher level of intellectual preparation into the classroom.
The second point is that they've defined professionalism as working more collaboratively. They give their teachers time in the school day and in the school week to work with each other, to continuously improve their curriculum and their lessons. We have a 19th century level of professionalism here, or worse, it's medieval. A teacher works alone all day, everyday, and isolation is the enemy of improvement and innovation, which is something the Finns figured out a long time ago. Get the teachers out of their isolated circumstances and give them time to work together.» (destaques meus neste parágrafo)
Pois... Rever a formação dos professores e investir nela custa dinheiro (Onde estava Nuno Crato quando havia dinheiro?)
segunda-feira, setembro 05, 2011
Será que...?
"Será que cada um tem apenas direito ao tipo de cultura que pode comprar?"
Esta é a pergunta com que termina o comentário do Fred ao meu último post. Mais do que um comentário, é um texto como que "irmão" do meu, e que trago para aqui.
«Fico, às vezes a olhar a estante com não sei já numerar que geração de livros, dado que os mais antigos repousam encaixotados na cave, imprestáveis, à espera da minha coragem de os selecionar para enviar doação a um país de expressão oficial portuguesa, sempre a pensar comigo, egoisticamente, “será que os vão tratar bem?”
Livros que a minha filha não quis levar quando casou e a minha neta não quer ler porque tem mais o que fazer. Tristes, defendidos da poeira mas não do amarelar do tempo, um ou outro obsoleto, desprezados, humilhados e, contudo, sei que basta abrir um caixote para que saltem de novo à minha mão, como cães alegres com o regresso dos donos.
Já soube encontrar neles as imagens de que precisei em determinada altura. Hoje apenas sei dizer “esse já li há muitos anos”. Tenho na memória o título e o autor, se algo me despertar esse meandro cerebral onde arquivei tanta coisa que me ensinaram. Por isso hesito em dá-los. Devia fazê-lo para lhes dar uma nova vida e tenho pena de o fazer, porque ninguém deita fora um amigo e até talvez se riam por os ver tão simples, tão “de bolso”, tão pouco encadernados, tão velhos.
Talvez seja só preguiça. Na estante, por trás de mim, alinham-se os últimos que comprei e ainda muitos das velhas gerações que eu reli ou planeei reler e que, de certa maneira, ainda me consolam apenas com a visão da lombada e a recordação imediata do essencial do seu conteúdo. Os pormenores, a localização de trechos, perderam-se há muito nas teias de aranha que a idade vai tecendo à volta das recordações.
De vez em quando, tiro um da prateleira, procuro com dificuldade algo que sei estar lá e leio para a minha neta, na esperança que ela me peça para o levar. Debalde. Decididamente, os livros já não fazem parte da vida das pessoas; contudo, nunca vi publicar tantos livros como agora, disponíveis nos escaparates dos supermercados, sobre todos os assuntos, muitas vezes valendo-se de um nome que os meios de comunicação elegeram por motivos pouco intelectuais. Será que se vendem? Pergunto-me. Mas se não se vendessem, não se publicariam, por certo.
O que será que se pode aprender com a vida íntima de uma princesa, a experiência de balneário de um futebolista, o golpe maquiavélico de um burlão ou o crime passional de um maluco qualquer? Também há alguns livros sérios, com esplêndidas encadernações e ilustrações, a preços proibitivos, claro. Será que cada um tem apenas direito ao tipo de cultura que pode comprar?»
Frederico
Livros que a minha filha não quis levar quando casou e a minha neta não quer ler porque tem mais o que fazer. Tristes, defendidos da poeira mas não do amarelar do tempo, um ou outro obsoleto, desprezados, humilhados e, contudo, sei que basta abrir um caixote para que saltem de novo à minha mão, como cães alegres com o regresso dos donos.
Já soube encontrar neles as imagens de que precisei em determinada altura. Hoje apenas sei dizer “esse já li há muitos anos”. Tenho na memória o título e o autor, se algo me despertar esse meandro cerebral onde arquivei tanta coisa que me ensinaram. Por isso hesito em dá-los. Devia fazê-lo para lhes dar uma nova vida e tenho pena de o fazer, porque ninguém deita fora um amigo e até talvez se riam por os ver tão simples, tão “de bolso”, tão pouco encadernados, tão velhos.
Talvez seja só preguiça. Na estante, por trás de mim, alinham-se os últimos que comprei e ainda muitos das velhas gerações que eu reli ou planeei reler e que, de certa maneira, ainda me consolam apenas com a visão da lombada e a recordação imediata do essencial do seu conteúdo. Os pormenores, a localização de trechos, perderam-se há muito nas teias de aranha que a idade vai tecendo à volta das recordações.
De vez em quando, tiro um da prateleira, procuro com dificuldade algo que sei estar lá e leio para a minha neta, na esperança que ela me peça para o levar. Debalde. Decididamente, os livros já não fazem parte da vida das pessoas; contudo, nunca vi publicar tantos livros como agora, disponíveis nos escaparates dos supermercados, sobre todos os assuntos, muitas vezes valendo-se de um nome que os meios de comunicação elegeram por motivos pouco intelectuais. Será que se vendem? Pergunto-me. Mas se não se vendessem, não se publicariam, por certo.
O que será que se pode aprender com a vida íntima de uma princesa, a experiência de balneário de um futebolista, o golpe maquiavélico de um burlão ou o crime passional de um maluco qualquer? Também há alguns livros sérios, com esplêndidas encadernações e ilustrações, a preços proibitivos, claro. Será que cada um tem apenas direito ao tipo de cultura que pode comprar?»
Frederico
sexta-feira, agosto 26, 2011
Os livros... Outrora?
Ontem tive pinturas na minha casa. O pintor, que é meu conhecido e amigo, às tantas perguntou-me:
_ Não quer fazer mudanças? Esta estante podia sair daqui!
Isto porque tenho a estante a ocupar toda uma parede da minha sala de trabalho e estar, e o televisor que uso é o mais pequeno cá de casa, pois só cabe mesmo à medida num espaço mais alto da dita estante. Ora, estou em vias de substituir um outro pelo que era da minha mãe, bem grande e mais moderno, que poderia pôr ao pé de mim na parede, se tivesse espaço.
Respondi:
_Ah, isso nem pensar! Os livros são uma companhia, gosto muito de os ter aqui ao meu lado.
E perguntou ele:
_Leu estes livros todos?
_ Alguns são para consulta, os outros li, sim, e boa parte quando era adolescente e jovem adulta (respondi eu, que tenho os livros menos antigos e os recentes no quarto, uns arrumados, outros empilhados à espera de prateleiras).
Seria difícil explicar ao meu amigo pintor por que é que os livros da minha salinha de estar são uma companhia, como que viva, quando a minha memória de galinha não consegue descrever os seus conteúdos. Mas, aqui, posso explicar...
Não é por já não conseguir descrever os conteúdos que os livros me são menos familiares. Conheço-os todos, seja por ideias essenciais - algumas marcantes -, seja por emoções, seja pela memória de encantamentos. Todos fazem parte da minha vida, e são sobretudo os de leitura mais longínqua que são companhia mais viva. Porque eu sei que, sem os ter lido, seria uma pessoa diferente, uma pessoa mais pobre interiormente - sem dúvida.
Naquele tempo, quando casei, para mobília o dinheiro só dava para aquela estritamente indispensável, mas a estante não era dispensável e, então, era improvisada com uns cubos abertos e sobrepostos. E o valor do recheio da casa era criado só pelos livros para os quais os salários tinham que esticar (no meu caso, também com a coleção de clássicos do meu avô paterno, que não conheci).
Hoje, os netos não lhes atribuem o valor que lhes dávamos (e que as minhas filhas ainda deram também). Não estou a pensar que os jovens de hoje vão ser interiormente mais pobres - eles têm agora outros meios de formação e comunicação. Nem penso que isso tenha a ver com serem criados com grandes estantes em casa e com estímulos à leitura, pois conheço bem um parzinho querido de irmãos - ele (17 anos) pouco mais leu que os livros obrigados pela escola, e ela (13 anos) é mais receptiva ao estímulo mas, mesmo assim, demora a ler um livro o tempo que a mãe (e a avó) levava a devorar vários.
Isto não é um escrito saudosista, é só uma constatação de tempos tão aceleradamente novos, embora sem deixar de conter um ponto de interrogação. De qualquer modo, este é um blogue de memórias...
Contraste numa casa do 'antigamente'
domingo, agosto 21, 2011
Poema...
GACELA DEL AMOR DESESPERADO
La noche no quiere venirpara que tú no vengas,
ni yo pueda ir.
Pero yo iré,
aunque un sol de alacranes me coma la sien.
Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.
El día no quiere venir
para que tú no vengas,
ni yo pueda ir.
Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.
Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.
Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.
-1898-1936
Com o agradecimento à Amélia Pais
quinta-feira, agosto 11, 2011
Será o consumismo produto da inveja?
(Moral desta estória: Afinal, todos seríamos mais felizes seguindo os conselhos da Grande Coruja!)
Os esquilos Diogo e Diego moravam perto um do outro. Eram como irmãos gémeos, embora Diogo tivesse uma cauda totalmente ruiva e a cauda de Diego tivesse alguns pêlos brancos. Diogo tinha construído a sua casa no buraco de uma nogueira e Diego tinha escolhido uma aveleira. Cada um tinha decorado o ninho a seu gosto e ambos gostavam muito de cozinhar. Um dia, Diego levou um frasco de compota de avelãs a Diogo e este ofereceu-lhe licor de noz. Foi um comportamento gentil, não foi? E, contudo, nenhum deles pensou nisso. Enquanto provava a compota, Diogo ia pensando: "Estas compotas de avelã têm um sabor delicioso de madeira recém-cortada, de manteiga e de trigo." E a inveja apoderou-se dele. Enquanto sorvia o seu licor de noz, Diego resmungava: "Realmente, há quem tenha tudo. Este licor de noz é verdadeiramente suculento! Quando penso que o Diogo pode bebê-lo todas as noites." E o seu coração encheu-se de amargura.
A partir desse dia, cada um olhava o outro com inveja. Quando Diego pensava no ninho soberbo de Diogo, com uma cobertura mole de penas de avestruz, tinha vontade de amuar até ao raiar do sol. Quando Diogo pensava na cama de rede que Diego tinha fabricado, tinha vontade de lhe morder o nariz até fazer sangue.
Um dia, Diego cheirou um odor delicioso de Pinhão nº 5.
— Cheira tão bem em tua casa — disse, sem conseguir esconder o descontentamento.
— Foi uma prenda da minha tia — respondeu Diogo, que semicerrou os olhos para ver melhor o boné de Diego, feito de plumas de avestruz cosidas à mão. "Trá-lo de propósito para me fazer inveja", pensou logo Diogo.
— Que boné! — exclamou, fazendo uma careta.
— Oh, é uma coisinha de nada — respondeu Diego, que era muito vaidoso. — Uma prenda da minha tia costureira.
Nessa mesma noite, Diego pensou na despensa de Diogo e Diogo pensou no guarda-roupa de Diego. Quanto mais o tempo passava, mais eles pensavam no que não tinham: uma colecção de conchas de noz, um bocado de vaso encontrado num campo, uma espiga de milho para decorar a casa… A menor quinquilharia punha-os verdes de inveja. Tudo o que um deles tinha, o outro também
queria ter. Chegavam a brigar duramente para arrancar das mãos do outro uma casca de noz ou um pedacinho de castanha.
Um dia, quando Diego encontrou um trevo de quatro folhas, Diogo pôs-se a choramingar: o trevo era seu, fazia parte do seu território. E quando Diogo apanhou um ramo de papoilas, Diego bateu à porta do amigo para lhe pedir metade do ramo. Diego teve ciúmes do aniversário de Diogo e Diogo teve ciúmes da tosse convulsa de Diego. Diogo teve ciúmes da varicela de Diego e Diego teve ciúmes da constipação de Diogo.
Os ciúmes e a inveja davam-lhes dores de barriga. "Alguém me quer mal", pensava Diego, "a floresta já não gosta tanto de mim, já não me dá tantas coisas como outrora". Acabaram por fazer tanta algazarra que todos os vizinhos do bosque (as rolas, as andorinhas, as pombas e os ratos) se reuniram para trocar impressões.
— Não estamos para aturar as vossas disputas!
— Falem mais baixo!
— Já ninguém se entende!
Toda esta barulheira acabou por chegar aos ouvidos da Grande Coruja, que se deslocou pessoalmente para avaliar a disputa.
Ouviu então as queixas dos dois esquilos.
— O ninho dele é mais macio do que o meu!
— O dele é maior do que o meu!
— Até teve a varicela!
— E ele teve a tosse convulsa!
— Pois, mas a varicela é melhor do que a tosse convulsa! Faz comichão, mas não dói tanto!
A Grande Coruja ria-se por detrás dos seus óculos.
— Daqui a pouco quem tem ciúmes de vocês sou eu. Têm tantas coisas! E, no entanto, nunca estão contentes. Isso é pena! Se fosse a ti, Diego, teria orgulho em ter um amigo como o Diogo. E tu, Diogo, devias estar contente por teres um amigo que faz compota de avelãs tão bem! Vou ensinar-vos como uma pessoa aprende a gostar ainda mais de outra. Diego, tu vais dar compota de avelãs ao Diogo e vais fazer para ele um boné de plumas. Quanto a ti, Diogo, vais fazer licor de noz para o Diego e algumas almofadas para ele decorar o seu pequeno ninho. Sugiro ainda que, de vez em quando, troquem de casa. Terão assim a impressão de ir de férias.
E foi o que aconteceu.
Diego fez um boné de plumas soberbo para o seu amigo Diogo usar no Inverno e Diogo fez pequenas almofadas cheias de lasquinhas de avelã trituradas para Diego. De vez em quando, durante o fim-de-semana, trocavam de casa, só para sentirem como as suas próprias casas eram confortáveis. E Diogo e Diego tornaram-se os melhores amigos do mundo!
Cent histoires du soir
Paris, Ed. Marabout, 2000
Sophie Carquain
(Tradução e adaptação via Clube das Histórias)
domingo, agosto 07, 2011
Tenho esperança nos jovens...
NOTA PRÉVIA: Não pretendo reproduzir com precisão palavras de Eduardo Lourenço na última parte da entrevista ontem na SIC (não as anotei), nem sequer traduzir fielmente pensamento seu; a nossa mente receptora reinterpreta subjectivamente de acordo com a sua disponibilidade ou até necessidade.
De súbito, vem-me esperança renovada - esperança nos jovens, nas novas gerações de jovens.
"Cada geração só transmite à outra aquilo que ela não é"
"Cada geração só transmite à outra aquilo que ela não é"
Sim, parece-me que cada geração 'velha' já não é transmissora: A nova geração recebe (ou adopta?) não o que foi ou é da de seus pais, mas o que não é.
Os jovens de hoje juntam-se, fazem 'ajuntamentos', para estarem acompanhados - uma juventude que não sabe o que a espera. Vazios de um sentido...? Ou despojados de um sentido? Ou carentes de um sentido? Ou para encontrarem um sentido colectivo?
Não sei. Eduardo Lourenço ontem falou de triunfo do niilismo e definiu a crise ocidental como essencialmente crise de sentido civilizacional. O meu pedido de desculpa por eu não ter tido tempo para apreender (e o entrevistador não lhe deu mais tempo) se deixou uma mensagem de esperança... de esperança nos jovens, mas falou de um talvez nostalgia de qualquer coisa, ou talvez simplesmente um recomeço. De qualquer modo, fez-me ficar a pensar neles - nos jovens de hoje -, e não acredito que os jovens deixem de procurar um sentido, não acredito que deixem ou desistam de (re)construir um sentido para a humanidade.
Não me detenho a explicar (ou a explicar-me) porquê. Fiquei, de súbito, com uma nova esperança.
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