quinta-feira, dezembro 31, 2009
Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, dezembro 30, 2009
domingo, dezembro 27, 2009
Minha prenda de Natal para mim própria
No prato da balança um verso basta
quarta-feira, dezembro 23, 2009
Bom Natal e Feliz Ano Novo!
domingo, dezembro 20, 2009
DESTAQUE
sábado, dezembro 19, 2009
sexta-feira, dezembro 18, 2009
Só os MEDROSOS aceitam cometer injustiças
Sem comentários... o meu comentário já está no título deste post.
terça-feira, dezembro 15, 2009
sábado, dezembro 12, 2009
Red Carnatiom in Portugal-Cravo de Abril
Clicar na imagem para ver o projecto correr e ligar o som
quinta-feira, dezembro 10, 2009
Mas houve muito tempo...
A Batalha de Natal
— Só mais seis dias — disse Neli.
Enquanto a filha tentava assobiar Noite Feliz, a mãe repetiu, pensativa, numa voz que não soava alegre:
— Ainda seis dias.
Após uma curta pausa, prosseguiu, suspirando:
— Se tudo já tivesse passado!
Com o assobio suspenso no ar, Neli olhou para a mãe com ar estupefacto:
— Não estás contente?
— Claro que sim, mas já estou pelos cabelos com esta agitação toda!
Como Neli não tinha aulas à tarde, foi patinar com uma amiga. Ao cair da noite, dirigiu-se ao supermercado onde a mãe trabalhava. Havia tanto movimento que o lugar mais parecia uma colmeia. A mãe estava sentada numa cadeira giratória, diante de uma das seis caixas registadoras. Os produtos chegavam-lhe num tapete rolante. Enquanto a mão direita marcava os números no teclado, a mão esquerda rodava as embalagens para que a máquina pudesse ler os códigos. Finda a operação, os produtos eram colocados, um a um, no carrinho de compras. Quando acabava de marcar tudo, a mão direita carregava na tecla do total e rasgava o talão, enquanto a esquerda afastava o carro cheio e puxava o próximo, vazio, para junto dela.
— Que bem fazes isso — dissera-lhe Neli uma vez. — Eu faria tudo devagar e, ainda por cima, metade saía mal.
— Ora — dissera a mãe a rir. — É uma questão de treino. Quando comecei, também não era assim tão despachada. Não encontrava a etiqueta com o preço e, muitas vezes, carregava nas teclas erradas. Como tinham de esperar, as pessoas resmungavam. Agora já quase consigo fazer isto automaticamente.
— Como um robô! — Neli riu-se.
E se tivesse um robô como mãe? Nunca teria dores de cabeça, nem à noite estaria tão cansada. Mas um robô não tem coração e, por isso, Neli preferia a mãe tal como era, mesmo quando, em certas noites, quase nem conseguia falar de tão cansada!
Só mais quatro dias.
Só mais três.
As filas nas caixas eram cada vez mais longas. As pessoas abasteciam-se de comida como se o Natal durasse meio ano. Com um ruído sibilante, as portas automáticas abriam e fechavam, abriam e fechavam. A mãe sentia nas costas a corrente de ar e os cartões pendurados no tecto balançavam de um lado para o outro.
Um sino de Natal, por cima da cabeça da mãe, tinha escrito a vermelho: PROMOÇÃO: Bombons, 250 gr, a preço especial.
Perto dele balançava um anjo de papel com uma faixa nas mãos, como nas igrejas, mas onde não estava escrito Paz na terra aos homens de boa vontade, mas sim Fiambre para o Natal a 15,80€/kg.
Os altifalantes debitavam música de Natal:
Noite feliz…
Cabeça de anho
Noite feliz…
Descafeinado
Papel higiénico de três folhas
O Senhor…
Lenços com monograma
Mostarda
Nasceu em Belém…
A mãe suspirava e, com um movimento rápido, limpava o suor do lábio com as costas da mão. Os clientes, impacientes, esperavam, apoiando-se ora numa, ora na outra perna. De olhar ausente, nem olhavam para a senhora da caixa, pensando apenas no regresso a casa com os sacos pesados e o eléctrico cheio.
Ufa!
Só mais três dias, e acabaria tudo.
— Vou fazer um jantar como o do ano passado — disse a mãe, à noite, virando-se para Neli. — Patê em folhas de alface, porco assado, batatas fritas, feijão e, para sobremesa, creme de chocolate de lata com peras.
No dia 24 de Dezembro, a loja só estava aberta até às quatro horas da tarde. Em seguida, os empregados podiam comprar, com um desconto de 15%, os produtos que tinham sobrado. A mãe de Neli achava que valia a pena e, por isso, tinha guardado as compras maiores para essa altura: uma pasta escolar para Neli, uma boneca, lápis de cor, um anoraque para o pai, e a comida para a ceia de Natal.
Na sala do pessoal, houve um lanche para todos os empregados.
— A batalha de Natal foi mais uma vez vencida — alegrou-se o chefe do pessoal, que proferiu mais umas palavras elogiosas.
Depois foram servidos pãezinhos com fiambre e um copo de vinho a cada um.
Após o lanche, a mãe de Neli deixou ficar os gordos sacos de compras esquecidos na sala do pessoal. Só reparou quando já estava na paragem do autocarro. “As minhas prendas! Todas aquelas coisas boas para a ceia!”, pensou assustada.
Mas a loja já estava fechada e, antes do dia 27, não voltava a abrir. Chegou a casa de mãos vazias.
Nessa noite, apesar de tudo, festejaram o Natal. O pai acendeu as velas da árvore de Natal e Neli recitou um poema. Só se lembrou das duas primeiras estrofes e depois encravou, mas a mãe achou-o muito bonito e o pai nem reparou que ainda continuava. O jantar foi mais curto do que o planeado. Por sorte, a mãe já tinha comprado o assado e havia batatas em casa, mas não houve entrada nem sobremesa. Trincaram nozes e comeram maçãs.
— Assim, não fico com o estômago tão pesado como no ano passado — disse o pai. — Comidas pesadas não me caem bem.
Também não havia muito que desembrulhar.
Por isso, sobrou tempo. Muito tempo.
Neli foi buscar o jogo “Memory” que recebera no Natal anterior. Durante o ano inteiro, esperara, em vão, todos os domingos, que alguém tivesse tempo para jogar com ela.
Agora, os pais tinham tempo.
O pai nunca tinha jogado “Memory”. Ao fim de algum tempo, Neli já tinha encontrado sete pares de cartas, a mãe três, e o pai, que geralmente queria ganhar sempre, procurava constantemente no sítio errado.
Tentava alguns truques, pondo, sem ninguém dar conta, migalhinhas de pão em cima das cartas que tinha decorado, ou pousava as mãos na mesa, de forma a que o polegar indicasse a direcção em que estava uma determinada carta. Mas Neli descobriu-lhe a jogada. Jogaram mais duas ou três vezes e o pai não se zangou por perder sempre. Depois, ainda jogaram o jogo do assalto.
À meia-noite, o pai apagou a luz e ficaram a olhar pela janela. A neve reflectia uma luz clara e ouviam-se os sinos a tocar.
— A esta hora, há quase dois mil anos, nasceu Jesus — disse a mãe, e Neli reparou que, afinal, a mãe estava contente por ser Natal.
Ao ir para a cama, Neli disse:
— Este foi um Natal muito bonito.
— A sério? — perguntou a mãe, admirada. — Mas não houve ceia nem prendas quase nenhumas.
— Mas houve muito tempo — respondeu Neli.
Jutta Modler (org.)
Brücken Bauen
Wien, Herder, 1987
(Tradução e adaptação)
quarta-feira, dezembro 09, 2009
terça-feira, dezembro 08, 2009
Convite/Desafio Natalício
1. Eu já... vivi Natais longe de alguns dos meus entes mais queridos, mas com toda a força do meu pensamento e do meu infinito amor a acompanhá-los.
2. Eu nunca... deixei de fazer uma árvore de Natal muito grande e bonita para alegria, primeiro das minhas filhotas, agora dos netos que tenho perto, nem nunca deixei de satisfazer o pedido ao Pai Natal das netas que estão longe.
3. Eu sei... que o Natal é para muitos uma histeria de consumismo, enquanto para muitos mais no mundo é fome e miséria como em todos os outros dias, sem que os 'senhores do mundo' cuidem de um Natal todos os dias para todos.
4. Eu quero... que minha mãe, com os seus 96 anos, ainda viva bastantes Natais na companhia da nossa família.
5. Eu sonho... com a paz, o progresso, a liberdade e a eliminação de qualquer forma de miséria ou de discriminação para toda a humanidade, independentemente de opções religiosas.
E agora, os meus convites para adesão a este desafio (por ordem alfabética dos autores dos respectivos blogues):
- Fátima André - Revisitar a Educação
[Desculpem a incapacidade de contar até cinco ;) ]
terça-feira, dezembro 01, 2009
Um momento de beleza...
Nota: O vídeo tem apenas a segunda parte. Podem vê-lo mais completo aqui, onde é pena faltar no título a referência de "Ballet Chinês".
domingo, novembro 29, 2009
sexta-feira, novembro 27, 2009
Objectivo: eliminar parte da população mundial? Infelizmente, não me espanta!
E a influência e os interesses das grandes companhias farmacêuticas são terríveis.
Não deixem de ver o vídeo.
domingo, novembro 22, 2009
O fascinante "número de ouro"
[Ando a fazer um projecto no Scratch em partilha com o meu amigo e grande Scratcher Fred para mostrar ao menos dois exemplos dessa geometria na natureza- ele está a fazer o nautilus e eu estou a tentar fazer uma pinha mostrando as espirais que a formam (ainda não sei é se conseguirei, pois uma coisa é entender a matemática no papel, outra ainda complicadíssima para mim é aplicá-la no Scratch)]
A propósito, lembrei-me de deixar aqui dois exemplos, mas não na natureza (ambos quadros de Seurat). Porque todos (ou quase todos) os grandes pintores usaram essa proporção em que a razão é o "número de ouro" (número irracional, tal como o conhecido Pi).
sábado, novembro 21, 2009
Que bom o YouTube fazer esta publicidade!
segunda-feira, novembro 16, 2009
A Casa de nossos filhos ou netos - a Terra - em perigo
domingo, novembro 15, 2009
Descobrindo mais potencialidades pedagógicas do Scratch
Clicar na imagem para ver o projecto e ligar o som:
Uma imagem do projecto onde se verá tenuamente o rasto do voo da borboleta
em espiral de Fibonacci:
Nesta, como se vê, apenas arcos de circunferência
depois de completada a visualização do enchimento:
Nota: Os inscritos no MIT ou no Sapo Scratch que tenham o programa instalado podem fazer o download de qualquer projecto, o qual abre automaticamente no nosso programa permitindo vê-lo "por dentro", ou seja, como foi feita a programação (a fim de estudar procedimentos, não de copiar, claro).
__________
Adenda
Deixo aqui os meus parabéns à 3za (já lhos dei, mas repito) por o seu "Scratch Time" (clube para os alunos) estar entre os 50 finalistas (TOP50) de um concurso internacional 2009.
quarta-feira, novembro 11, 2009
terça-feira, novembro 10, 2009
Flores do meu "jardim"
Mas antes das minhas flores...
Para receber o orvalho as flores abriram as suas portas ao dia. Albano Martins (*) |
_______
(*) Albano Martins (1995). Com as Flores do Salgueiro. Porto, Ed. Universidade Fernando Pessoa.
Imagem daqui
sábado, outubro 31, 2009
Haikus (ou Haikais)
quinta-feira, outubro 29, 2009
Hoje voltei aos bancos da escola ;)
quarta-feira, outubro 28, 2009
segunda-feira, outubro 26, 2009
Desejando a todos boa semana...
Dir-se-ia de repente
O horizonte é mais vasto e generoso
O coração repousa
Um pouco
Distende as asas
Mas sem levantar voo
Alberto de Lacerda (1947- 2007)
(Via Amélia Pais)
domingo, outubro 25, 2009
terça-feira, outubro 20, 2009
Momento poético e musical
Vem devagar sobre a corda da minha espera
ninguém saiu à rua mas há rosas
assim a tarde assim a mudança em disfarce
Demora-se a loucura e a camisa
e o teu corpo moreno espalha-se pelas ruas
Vem devagar
o sol teceu a tarde para o nosso encontro
o sol, caindo, insiste para que nos vejamos
Ossanha
Para acompanhar o poema:
Com o agradecimento à Amélia Pais
segunda-feira, outubro 19, 2009
Uma manhã duplamente feliz
Foto "roubada" do Aragem
quarta-feira, outubro 14, 2009
Para reflexão, com Rubem Alves
«O que nós temos nas nossas escolas é que as nossas escolas se parecem mais com linhas de montagem. (...). Quando a criança é aprovada por causa das notas, os burocratas assumem que elas aprenderam. Vocês sabem que elas não aprenderam. E porque é que vocês sabem que elas não aprenderam? Porque vocês mesmos as esqueceram. (...) Se os professores que preparam os alunos para os vestibulares forem fazer o exame, eles serão reprovados, porque cada um só será aprovado na sua própria disciplina. É duvidoso que o professor de Português vá resolver problemas de Física ou de Química. Então façam a seguinte pergunta: Se todos serão reprovados, por que é que os nossos pobres adolescentes têm que saber tantas coisas que serão totalmente esquecidas? Mas os burocratas não percebem isso. Eles pensam que se você passar no exame, você sabe. Não sabe, é mentira.
Um amigo meu (...) me contou que uma vez resolveu fazer uma brincadeira com os alunos. Ele pediu aos alunos que escrevessem numa folha de papel a pergunta que mais provocava a sua curiosidade. As perguntas eram do tipo: por que é que a água fervendo endurece o ovo e amolece a cenoura? (Vocês já pensaram nisso?); por que é que a chuva cai em gotas e não cai toda de uma vez? (Eu sempre tive terror de que a chuva caísse toda de uma vez); o que é que veio primeiro, o ovo ou a galinha? (... Esse é um problema racional muito sério, um problema lógico que estava colocado na pergunta da criança. As crianças são extremamente inteligentes); por que é que as pessoas boas morrem mais cedo?; por que é que há pessoas que não gostam de árvores?.
Rubem Alves termina assim esta conferência (da qual o extracto acima é quase no início):
«Há coisas úteis que precisam de ser ensinadas. Mas todas as coisas úteis só têm um objectivo: tornar possível a beleza, a arte. E quando nós como professores nos descobrimos como aqueles que tornam possível o aparecimento da beleza, então nós nos sentimos bonitos, e então a gente funda a nossa banda de jazz.» (Destaque meu)
terça-feira, outubro 06, 2009
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colasanti
Com o agradecimento à Amélia Pais
segunda-feira, outubro 05, 2009
No Dia do Professor...
sábado, outubro 03, 2009
Aquisição súbita
E, assim, foi uma decisão súbita, tudo num dia (mas tinha que ser aquele branquinho!). Logo que recebi o email da Teresa com as características todas... zás... fui direitinha à FNAC. E como disse à Teresa que, se me decidisse à aquisição, logo lhe diria demonstrando com uma foto...
quarta-feira, setembro 30, 2009
Para sonhar com um futuro longínquo
Havia um navio a vapor, em águas inglesas, velho, pesado e aparentemente impróprio para continuar navegando, que toda vez que chegava às docas, de forma desajeitada, derrubava alguma parte do portão de entrada.
Porém, um certo dia, quando se aproximava e todos observavam para ver que tipo de estrago faria, ele passou suavemente, deslizando sobre as águas, sem que nada de anormal fosse visto.
Um dos espectadores gritou: - "O que houve com o velho navio? Alguma coisa aconteceu."
Um dos membros da tripulação, respondeu: "É o mesmo navio velho de sempre, mas temos um novo capitão."
domingo, setembro 27, 2009
Eleições: Pelo menos uma coisa positiva...
sábado, setembro 19, 2009
segunda-feira, setembro 14, 2009
Regresso (mas devagarinho...)
E este meu regresso vai ser ainda muito devagarinho, pois o clima político, mais ainda agora que começaram as campanhas eleitorais, não é propício aos motivos e conteúdos deste meu blogue.
Não é que não me interesse muito por política geral (pelo contrário, acompanho-a atentamente, interessada mesmo que desgostosa), mas simplesmente porque este blogue não foi pensado para isso. Ele foi criado pensando nos alunos, não em ebstracto, mas como seres concretos, cada um único, pensando na Educação e no Ensino lá no terreno, lá mesmo dentro de cada escola, pensando também no seu futuro quer pessoal, quer como cidadãos de cuja qualidade de formação tanto depende o futuro e o progresso do nosso país - o país em que viverão quando adultos e que progredirá ou permanecerá na mediocridade consoante a formação dos actuais jovens. Daí que também a política educativa é decisiva, por isso ela esteve muito presente neste blogue.
Mas, neste momento a política educativa está estagnada, num tempo de espera até ao futuro Governo no seu todo e, em particular, na decisão de quem será o próximo titular da pasta da Educação. Neste âmbto, o tempo até Outubro é um tempo de espera e um tempo parado no que respeita aos conteúdos deste blogue, que incluem a política para a Educação. E eu, como não farei aqui "campanha eleitoral", e nunca votei no PS e muito menos votaria alguma vez em partidos à sua direita (tenho a minha opção desde sempre), estou num momento em que não são oportunos os temas próprios do meu blogue.
Por tudo isto, o meu regresso por enquanto será para postagens e visitas a blogues espaçadas, pondo aqui apenas coisinhas soltas, abstidas da política ( a qual, aliás, mais que nunca me desgosta pois não vejo políticos elegíveis - sabemos com realismo que só há duas alternativas - que estejam à altura das responsabilidades, competência e seriedade de que o país necessita, e que me dêem confiança em que porão a preocupação pelo futuro deste e pelos problemas sociais acima dos seus interesses partidários ou de poder).
A terminar esta minha introdução ao meu (semi)regresso, deixo um trabalho no Scratch com que andei entretida ultimamente - trabalho que não foi nada fácil para mim que ainda pouco mais sou do que iniciante nesse programa.
Clicar na imagem para ver, e pôr o som alto
domingo, agosto 09, 2009
Scratch - uma ferramenta também para o professor
Mas o professor, até para aprender a usar o Scratch a fim de guiar os alunos, também pode construir projectos para uso na aula em qualquer disciplina, ou então recorrer a projectos feitos e publicados por professores no Sapo Scratch ou no MIT (aqui, a maioria são em inglês, mas também existem lá projectos com a opção por uma das duas línguas - português ou inglês).
Os alunos podem ver ou jogar no site, ou instalarem o Scratch nos seus computadores e fazer o rápido download de um projecto, o que tem a vantagem de poderem observar o projecto "por dentro" para verem como foi feito.
Apesar de já não ter oportunidade de uso em aulas (mas usarei para a minha neta Inês), ando com o "vício" do Scratch para aprender, e até já me atrevi a escrever em Inglês (com muito uso do tradutor do Google, embora este não seja muito fiável, e com uma ou outra busca em sites de Matemática em Inglês, dado que a mat é a "minha" disciplina).
No MIT já tenho uma galeria para alunos, ainda só com dois projectos (aqui).
E a minha aventura em duas línguas, acabada ontem, foi esta:
Clicar na imagem para acder
(Lá, clicar na bandeira e depois no idioma)
quinta-feira, julho 30, 2009
Blogue intermitente. Boas férias para todos!
Entretanto, estou com outras ocupações (incluindo projectos no Scratch), e também em tempo de lazer.
Van Gogh (1890). Pause de midi.
sábado, julho 25, 2009
D. Florinda
E num dia de cada mês há correspondência na sua caixa de correio.
— Vem na hora certa — diz a D. Florinda, sorrindo para o gato que anda sempre atrás dela.
D. Florinda veste roupa nova, penteia melhor o cabelo ralo, branco e curto. Calça os sapatos de pano e borracha, fecha a porta com muito cuidado, e mete a chave num saco bastante coçado.
Truc, truc, truc... lá vai ela muito direita. Lá vai ela a caminho do banco.
Quando entra, entrega a carta ao empregado, e diz baixinho:
— É a minha reforma!
Recebe o dinheiro e, truc, truc, truc..., lá vai ela muito direita.
Lá vai ela a caminho da livraria do Zé.
Depois de entrar percorre as estantes com o olhar.
Demora-se, indecisa na escolha.
E acaba por descobrir o livro, que paga e manda embrulhar.
Outra vez na rua, truc, truc, truc..., lá vai ela a caminho da casa onde mora o Rodrigo, o seu neto.
Toca à campainha, aparece o Rodrigo, e ela estende o embrulho e diz:
— É para ti, rapaz. Mais um livro para a tua biblioteca!
António Mota
sexta-feira, julho 24, 2009
domingo, julho 05, 2009
Boas férias!
Pode clicar na imagem para ficar "animada"
Na próxima 4ª feira vou fazer 10 dias de praia. Até lá tenho que resolver alguns problemas, nomeadamente o do carrito, que ia ardendo (um susto com a fumarada a sair do motor) e tem que regressar à oficina porque agora ficou quedo de repente, a cheirar a esturro.
terça-feira, junho 30, 2009
TikaTok - mais uma ferramenta
Pode clicar em fullscreen
Mimos
sábado, junho 27, 2009
terça-feira, junho 23, 2009
A prova de Matemática do 9º ano
A minha crítica é um tanto coincidente com a que faz a SPM, mas também um tanto diferente.
Em suma, a meu ver a questão não reside na prova ser demasiado fácil (a bem das estatísticas do insucesso), ou ser "normal", mas sim nos resultados que podem dar falsas expectativas aos alunos que prosseguem para o Secundário, bem como no abaixamento da exigência dos professores para com os alunos em condições de serem melhor preparados e de irem mais longe, o que é desejável e é seu direito.
domingo, junho 21, 2009
sexta-feira, junho 19, 2009
Valores
sábado, junho 13, 2009
Só para desejar bom fim de semana (Mais uma vez, o Scratch)
segunda-feira, junho 08, 2009
sábado, junho 06, 2009
Bom fim de semana! ;)
Brinquedos
Nós, que somos espantosamente grandes,
que já não deslizámos pelo gelo desde as duas guerras,
Ou se o fizemos alguma vez, sem querer
Já nos fracturámos um ano,
Um dos nossos importantes e duros anos
De gesso...
Oh, nós, os espantosamente grandes
Sentimos por vezes
Que nos faltam os brinquedos.
Temos tudo o que necessitamos,
Mas faltam-nos os brinquedos.
Temos saudades do optimismo
Do coração de algodão das bonecas
E da nossa nau
Com três fieiras de velas,
Que tanto sulcava as águas
Como a terra firme.
Gostaríamos de montar um cavalo de madeira
E que o cavalo relinchasse ao mesmo tempo que a madeira
E que nós lhe disséssemos: 'Leva-nos a algum sítio
Não importa qual,
Porque em qualquer sítio da vida
Propomo-nos levar a cabo
Formidáveis façanhas'.
Oh, quanta falta, por vezes, nos fazem os brinquedos!
Mas nem sequer podemos estar tristes
Por essa razão,
E chorar com toda a alma,
Agarrando a perna da cadeira
Porque somos tão adultos
Que não há ninguém mais velho que nós
Para nos acariciar.
Marin Sorescu
(Via Amélia Pais)
sexta-feira, junho 05, 2009
quinta-feira, junho 04, 2009
Pequeno intervalo
Pela marca que nos deixa |
terça-feira, junho 02, 2009
segunda-feira, junho 01, 2009
No Dia Mundial da Criança
Deixo este vídeo que também diz respeito às crianças porque os adultos, que já foram crianças, devem pensar nas crianças contribuindo para que cresçam em igualdade de direitos e se tornem adultos livres.
Final do vídeo:
Please, ask your government to put this document, the Universal Declaration of Human Rights, into every passport.
sábado, maio 30, 2009
A manifestação
Tencionava tirar fotos para pôr aqui, mas quando cheguei à manifestação dei conta de que a minha máquina estava sem bateria. Assim, remeto os visitantes para aqui.
sexta-feira, maio 29, 2009
Amanhã lá estarei
quinta-feira, maio 28, 2009
quarta-feira, maio 27, 2009
Folhas secas (Desencanto)
Dá para uma fogueira —
O tanto de folhas secas
Trazidas pelo vento.
Ryôkan
Tão miseráveis,
As glicínias sem folhas
Do velho templo.
Buson
Varrer o chão
E então parar de varrê-lo —
Estas folhas secas.
Taigi