quinta-feira, dezembro 31, 2009

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

domingo, dezembro 27, 2009

Minha prenda de Natal para mim própria

A menos de duas semanas do Natal, descobri na WOOK um livro que procurava há algum tempo: uma colectânia de poesia portuguesa que fosse bastante completa. E eis que vejo esta Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, prefaciada por Vasco Graça Moura.
Ao fim de quatro dias tinha-a em casa, mas guardei-a sem abrir para pôr junto da minha árvore de Natal, pois uma pessoa tem o direito de oferecer também uma prenda a si própria!
São 2095 páginas, mais um índice alfabético de autores e um extenso índice geral por ordem cronológica dos mesmos.

Comecei por procurar Eugénio de Andrade (54 poemas).


No prato da balança um verso basta
para pesar no outro a minha vida.

(Ofício da Paciência, 1994)


Também já contei os poemas de Fernando Pessoa e Heterónimos (cerca de 130) e os da Sophia (31).

domingo, dezembro 20, 2009

DESTAQUE

Não deixem de ouvir esta Conversa com Professores do JMA - conversa com professores à boa maneira de Rubem Alves ;)
(Às vezes o vídeo demora um bocadinho a abrir, é questão de minimizarem e continuarem a trabalhar por um minutinho)

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Só os MEDROSOS aceitam cometer injustiças

Não resisto a umas breves palavras, pois acabo de saber que a 3za, do Tempo de Teia, de cujo extraordinário trabalho com os alunos não preciso de falar pois bem o conhecemos e admiramos, e que, aliás, defendeu a sua tese de mestrado muito recentemente tendo a classificação excepcional de Excelente... a 3za, dizia, foi avaliada na sua escola com um Bom!!!
Sem comentários... o meu comentário já está no título deste post.

sábado, dezembro 12, 2009

Red Carnatiom in Portugal-Cravo de Abril

Embora muito simples e sem recursos matemáticos para obter efeitos mais bonitos, pois foi feito nesta tarde dado que há afazeres da época natalícia que tenho atrasados, gosto de o ter feito e publicado no site internacional MIT EDU (também no nosso Sapo Scratch) para que scratchers ou apenas visitantes conheçam algo do nosso Portugal (através das notas laterais ao projecto).

(Ter sido visto e comentado quase logo após a publicação por um dos mais conhecidos scratchers do MIT no domínio da aplicação da Matemática à Arte foi o estímulo deste sábado para a pouco mais do que principiante que eu sou)


Scratch Project

Clicar na imagem para ver o projecto correr e ligar o som

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Mas houve muito tempo...


A Batalha de Natal


— Só mais seis dias — disse Neli.
Enquanto a filha tentava assobiar Noite Feliz, a mãe repetiu, pensativa, numa voz que não soava alegre:
— Ainda seis dias.
Após uma curta pausa, prosseguiu, suspirando:
— Se tudo já tivesse passado!
Com o assobio suspenso no ar, Neli olhou para a mãe com ar estupefacto:
— Não estás contente?
— Claro que sim, mas já estou pelos cabelos com esta agitação toda!
Como Neli não tinha aulas à tarde, foi patinar com uma amiga. Ao cair da noite, dirigiu-se ao supermercado onde a mãe trabalhava. Havia tanto movimento que o lugar mais parecia uma colmeia. A mãe estava sentada numa cadeira giratória, diante de uma das seis caixas registadoras. Os produtos chegavam-lhe num tapete rolante. Enquanto a mão direita marcava os números no teclado, a mão esquerda rodava as embalagens para que a máquina pudesse ler os códigos. Finda a operação, os produtos eram colocados, um a um, no carrinho de compras. Quando acabava de marcar tudo, a mão direita carregava na tecla do total e rasgava o talão, enquanto a esquerda afastava o carro cheio e puxava o próximo, vazio, para junto dela.
— Que bem fazes isso — dissera-lhe Neli uma vez. — Eu faria tudo devagar e, ainda por cima, metade saía mal.
— Ora — dissera a mãe a rir. — É uma questão de treino. Quando comecei, também não era assim tão despachada. Não encontrava a etiqueta com o preço e, muitas vezes, carregava nas teclas erradas. Como tinham de esperar, as pessoas resmungavam. Agora já quase consigo fazer isto automaticamente.
— Como um robô! — Neli riu-se.
E se tivesse um robô como mãe? Nunca teria dores de cabeça, nem à noite estaria tão cansada. Mas um robô não tem coração e, por isso, Neli preferia a mãe tal como era, mesmo quando, em certas noites, quase nem conseguia falar de tão cansada!
Só mais quatro dias.
Só mais três.
As filas nas caixas eram cada vez mais longas. As pessoas abasteciam-se de comida como se o Natal durasse meio ano. Com um ruído sibilante, as portas automáticas abriam e fechavam, abriam e fechavam. A mãe sentia nas costas a corrente de ar e os cartões pendurados no tecto balançavam de um lado para o outro.
Um sino de Natal, por cima da cabeça da mãe, tinha escrito a vermelho: PROMOÇÃO: Bombons, 250 gr, a preço especial.
Perto dele balançava um anjo de papel com uma faixa nas mãos, como nas igrejas, mas onde não estava escrito Paz na terra aos homens de boa vontade, mas sim Fiambre para o Natal a 15,80€/kg.
Os altifalantes debitavam música de Natal:
Noite feliz…
Cabeça de anho
Noite feliz…
Descafeinado
Papel higiénico de três folhas
O Senhor…
Lenços com monograma
Mostarda
Nasceu em Belém…
A mãe suspirava e, com um movimento rápido, limpava o suor do lábio com as costas da mão. Os clientes, impacientes, esperavam, apoiando-se ora numa, ora na outra perna. De olhar ausente, nem olhavam para a senhora da caixa, pensando apenas no regresso a casa com os sacos pesados e o eléctrico cheio.
Ufa!
Só mais três dias, e acabaria tudo.
— Vou fazer um jantar como o do ano passado — disse a mãe, à noite, virando-se para Neli. — Patê em folhas de alface, porco assado, batatas fritas, feijão e, para sobremesa, creme de chocolate de lata com peras.
No dia 24 de Dezembro, a loja só estava aberta até às quatro horas da tarde. Em seguida, os empregados podiam comprar, com um desconto de 15%, os produtos que tinham sobrado. A mãe de Neli achava que valia a pena e, por isso, tinha guardado as compras maiores para essa altura: uma pasta escolar para Neli, uma boneca, lápis de cor, um anoraque para o pai, e a comida para a ceia de Natal.
Na sala do pessoal, houve um lanche para todos os empregados.
— A batalha de Natal foi mais uma vez vencida — alegrou-se o chefe do pessoal, que proferiu mais umas palavras elogiosas.
Depois foram servidos pãezinhos com fiambre e um copo de vinho a cada um.
Após o lanche, a mãe de Neli deixou ficar os gordos sacos de compras esquecidos na sala do pessoal. Só reparou quando já estava na paragem do autocarro. “As minhas prendas! Todas aquelas coisas boas para a ceia!”, pensou assustada.
Mas a loja já estava fechada e, antes do dia 27, não voltava a abrir. Chegou a casa de mãos vazias.
Nessa noite, apesar de tudo, festejaram o Natal. O pai acendeu as velas da árvore de Natal e Neli recitou um poema. Só se lembrou das duas primeiras estrofes e depois encravou, mas a mãe achou-o muito bonito e o pai nem reparou que ainda continuava. O jantar foi mais curto do que o planeado. Por sorte, a mãe já tinha comprado o assado e havia batatas em casa, mas não houve entrada nem sobremesa. Trincaram nozes e comeram maçãs.
— Assim, não fico com o estômago tão pesado como no ano passado — disse o pai. — Comidas pesadas não me caem bem.
Também não havia muito que desembrulhar.
Por isso, sobrou tempo. Muito tempo.
Neli foi buscar o jogo “Memory” que recebera no Natal anterior. Durante o ano inteiro, esperara, em vão, todos os domingos, que alguém tivesse tempo para jogar com ela.
Agora, os pais tinham tempo.
O pai nunca tinha jogado “Memory”. Ao fim de algum tempo, Neli já tinha encontrado sete pares de cartas, a mãe três, e o pai, que geralmente queria ganhar sempre, procurava constantemente no sítio errado.
Tentava alguns truques, pondo, sem ninguém dar conta, migalhinhas de pão em cima das cartas que tinha decorado, ou pousava as mãos na mesa, de forma a que o polegar indicasse a direcção em que estava uma determinada carta. Mas Neli descobriu-lhe a jogada. Jogaram mais duas ou três vezes e o pai não se zangou por perder sempre. Depois, ainda jogaram o jogo do assalto.
À meia-noite, o pai apagou a luz e ficaram a olhar pela janela. A neve reflectia uma luz clara e ouviam-se os sinos a tocar.
— A esta hora, há quase dois mil anos, nasceu Jesus — disse a mãe, e Neli reparou que, afinal, a mãe estava contente por ser Natal.
Ao ir para a cama, Neli disse:
— Este foi um Natal muito bonito.
— A sério? — perguntou a mãe, admirada. — Mas não houve ceia nem prendas quase nenhumas.
— Mas houve muito tempo — respondeu Neli.


Jutta Modler (org.)
Brücken Bauen
Wien, Herder, 1987
(Tradução e adaptação)

Via Clube de Contadores de Histórias

terça-feira, dezembro 08, 2009

Convite/Desafio Natalício

O Raul Martins, do blogue Por Um Mundo Melhor, lançou-me o desafio que consiste em revelar um pouco de nós, em época natalícia, completando as frases que foram propostas. Aqui ficam as minhas respostas e, seguindo as regras, no fim, apresento os CINCO blogues que convido a responderem ao desafio.

1. Eu já... vivi Natais longe de alguns dos meus entes mais queridos, mas com toda a força do meu pensamento e do meu infinito amor a acompanhá-los.

2. Eu nunca... deixei de fazer uma árvore de Natal muito grande e bonita para alegria, primeiro das minhas filhotas, agora dos netos que tenho perto, nem nunca deixei de satisfazer o pedido ao Pai Natal das netas que estão longe.

3. Eu sei... que o Natal é para muitos uma histeria de consumismo, enquanto para muitos mais no mundo é fome e miséria como em todos os outros dias, sem que os 'senhores do mundo' cuidem de um Natal todos os dias para todos.

4. Eu quero... que minha mãe, com os seus 96 anos, ainda viva bastantes Natais na companhia da nossa família.

5. Eu sonho... com a paz, o progresso, a liberdade e a eliminação de qualquer forma de miséria ou de discriminação para toda a humanidade, independentemente de opções religiosas.





E agora, os meus convites para adesão a este desafio (por ordem alfabética dos autores dos respectivos blogues):





- Fátima André -
Revisitar a Educação


- Isabel Preto - Histórias con(m) Vida!


- Madalena Mendonça - Chora Que Logo Bebes


- Matias Alves - Terrear


- Miguel Pinto - outrÒÓlhar


-Teresa Marques - tempo de teia





[Desculpem a incapacidade de contar até cinco ;) ]

Consertar o Mundo

A estória é conhecida, corre por email, mas acho importante não a esquecer...


clicar para ler

terça-feira, dezembro 01, 2009

Um momento de beleza...

... numa interpretação ousada.

Nota: O vídeo tem apenas a segunda parte. Podem vê-lo mais completo
aqui, onde é pena faltar no título a referência de "Ballet Chinês".

domingo, novembro 29, 2009

sexta-feira, novembro 27, 2009

Objectivo: eliminar parte da população mundial? Infelizmente, não me espanta!

Não sei se isto é totalmente verdade, mas estou convencida de que tem pelo menos algo de verdade. Sabemos que é preocupante o crescimento quase exponencial da população mundial, mas resolver o problema matando grande parte dessa população é diabólico.
E a influência e os interesses das grandes companhias farmacêuticas são terríveis.
Não deixem de ver o vídeo.

domingo, novembro 22, 2009

O fascinante "número de ouro"

Sempre me fascinou essa proporção a que alguns chamam "divina", sobretudo por se encontrar por todo o lado na natureza.

[Ando a fazer um projecto no Scratch em partilha com o meu amigo e grande Scratcher Fred para mostrar ao menos dois exemplos dessa geometria na natureza- ele está a fazer o nautilus e eu estou a tentar fazer uma pinha mostrando as espirais que a formam (ainda não sei é se conseguirei, pois uma coisa é entender a matemática no papel, outra ainda complicadíssima para mim é aplicá-la no Scratch)]


A propósito, lembrei-me de deixar aqui dois exemplos, mas não na natureza (ambos quadros de Seurat). Porque todos (ou quase todos) os grandes pintores usaram essa proporção em que a razão é o "número de ouro" (número irracional, tal como o conhecido Pi).



sábado, novembro 21, 2009

Que bom o YouTube fazer esta publicidade!

É a minha sugestão de prenda de Natal para pré-adolescentes e adolescentes que não tenham lido o Principezinho. (Para adultos também, mas que adulto dos nossos conhecidos não o terá lido?)

segunda-feira, novembro 16, 2009

A Casa de nossos filhos ou netos - a Terra - em perigo

Recebi em pps como "premiado como o mais valioso pps de 2008" (autor não identificado) e converti em vídeo, pois é importante a sua divulgação e urgente a acção de TODOS.
(Decerto haverá no YouTube outros vídeos com o mesmo alerta)


domingo, novembro 15, 2009

Descobrindo mais potencialidades pedagógicas do Scratch

Estou descobrindo como o Scratch também pode ser uma ferramenta incentivadora do gosto pela Matemática para os alunos mais velhos, do E. Secundário, sobretudo para aqueles que gostem da disciplina de EV ou gostem de projectos artísticos. Eu não tenho a mínima "veia" artística, mas vejo trabalhos lindíssimos no MIT.Edu programados mediante conhecimentos de Matemática, alguns avançados, mas outros não requerendo mais do que os que os alunos aprendem no E. Secundário (ou os professores se esforçam por que aprendam) - vale a pena uma visita aqui e aqui (não é precisa inscrição só para ver ou pesquisar, basta clicar no projecto que se quiser ver a funcionar).

É verdade que ainda não foi no projecto que publiquei hoje que me aventurei a tentar aplicar funções/equações, pois ainda sou quase principiante no Scratch, e há uma distância considerável entre saber no papel e saber aplicar no programa, mas este permite inclusivamente usar funções trigonoméricas e logatítmicas, embora com uma programação complicada na base da criação de diversas variáveis se se quiser fazer um projecto bonitinho.

No projecto que hoje acabei ainda só usei cálculos bastante simples no papel baseados apenas nos procedimentos para construção geométrica de certas curvas, mas já fiquei toda contente por ter conseguido no Scratch duas rosáceas e a conhecida (pelo menos entre o pessoal da mat) espiral de Fibonacci, que respeita a "razão áurea" - essa proporção mágica que existe tanto na natureza e é usada em muitas das grandes obras de arte (talvez em quase todas).

Penso que o meu projectozinho de hoje serve para mostrar como tanto os alunos do 2º ou do 3º ciclo podem usar, por exemplo, apenas a circunferência escolhendo raios e coordenadas de centros para obterem efeitos que, se calhar, alguns conseguirão mais bonitos dos que os meus, como podem os mais velhos apenas basear-se nas construções geométricas de outras curvas para as programar sem grande dificuldade no Scratch.


Clicar na imagem para ver o projecto e ligar o som:

Uma imagem do projecto onde se verá tenuamente o rasto do voo da borboleta
em espiral de Fibonacci
:


Nesta, como se vê, apenas arcos de circunferência
depois de completada a visualização do enchimento:


Nota: Os inscritos no MIT ou no Sapo Scratch que tenham o programa instalado podem fazer o download de qualquer projecto, o qual abre automaticamente no nosso programa permitindo vê-lo "por dentro", ou seja, como foi feita a programação (a fim de estudar procedimentos, não de copiar, claro).

__________

Adenda

Deixo aqui os meus parabéns à 3za (já lhos dei, mas repito) por o seu "Scratch Time" (clube para os alunos) estar entre os 50 finalistas (TOP50) de um concurso internacional 2009.

terça-feira, novembro 10, 2009

Flores do meu "jardim"

Entre aspas porque é um jardim na minha varanda. É bom ter flores, e eu tenho sempre, pois umas vezes são umas floreiras ou vasos que estão floridos, outras vezes são outros e... quando tal não acontece sou logo cliente do Horto do Campo Grande. ;)

Mas antes das minhas flores...


Para receber o orvalho
as flores abriram
as suas portas ao dia.

Albano Martins (*)

_______






__________

(*) Albano Martins (1995). Com as Flores do Salgueiro. Porto, Ed. Universidade Fernando Pessoa.

Imagem daqui

sábado, outubro 31, 2009

Haikus (ou Haikais)

Entre os meus haikus preferidos estão os de Bashô. Hoje deixo uma pequenina colecção de haikus dele. (As "ilustrações" foram escolhidas por mim neste site de arte japonesa)


Ah este caminho
que já ninguém precorre
a não ser o crepúsculo


A nuvem atenua
O cansaço das pessoas
Olharem a lua



Por este caminho,
ninguém mais passa -
tarde de outono.

Extingue-se o dia
mas não o canto
da cotovia



Neste outono,
Como estou ficando velho!
Pássaros nas nuvens.

Não há arroz
mas tenho na malga
uma flor


quinta-feira, outubro 29, 2009

Hoje voltei aos bancos da escola ;)

Pois... Eu gosto muito de estar na situação de aluna. Gostei muito quando, em tempos, fiz um "curso pós-graduação" (entre aspas porque não sei se ainda se chama assim ou até se a modalidade ainda existe), tal como gostei muito quando fiz mestrado, então já avó. (Bem... não era assim tão velha, fui avó pela 1ª vez bastante cedo... lol).
Agora, é só um cursinho de um ano apenas com uma aula semanal, na SNBA, mas já várias pessoas me tinham dito que era muito interessante, pois o professor (por acaso meu amigo e também meu vizinho de prédio) dá-o de uma forma especial no modo como vai estabelecendo relações entre a pintura, por um lado, e outras formas de arte como o cinema e até a literatura. E esta primeira aula, hoje, até excedeu as minhas já boas expectativas.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Desejando a todos boa semana...

... hoje deixo apenas um pequeno poema.

Dir-se-ia de repente
O horizonte é mais vasto e generoso

O coração repousa
Um pouco

Distende as asas
Mas sem levantar voo


Alberto de Lacerda (1947- 2007)

(Via Amélia Pais)

domingo, outubro 25, 2009

Mudou a hora...

Anoitece mais cedo —
As estrelas brilham
Sobre o campo seco.


Buson

  Suzuki Shonen

terça-feira, outubro 20, 2009

Momento poético e musical

Poema:

Vem devagar sobre a corda da minha espera
ninguém saiu à rua mas há rosas
assim a tarde assim a mudança em disfarce

Demora-se a loucura e a camisa
e o teu corpo moreno espalha-se pelas ruas

Vem devagar
o sol teceu a tarde para o nosso encontro
o sol, caindo, insiste para que nos vejamos


Ossanha

Para acompanhar o poema:




Com o agradecimento à Amélia Pais

segunda-feira, outubro 19, 2009

Uma manhã duplamente feliz

Feliz pela Teresa, pela sua dissertação de Mestrado, pelo Excelente bem merecido (nota rara em Mestrado, mas a Teresa também é rara, como a Teia tem mostrado desde que foi criada). Seria também excelente que muitos e muitos professores seguissem a Teia para serem contagiados pela magia da Teresa na arte de ensinar / fazer aprender e no amor pelos alunos.


Foto "roubada" do Terrear


Feliz também por ter finalmente conhecido o José Matias Alves no real (digo no "real", pois, para mim, já há muito era um amigo e eu sentia que o conhecia, apesar de só virtualmente)

Foto "roubada" do Aragem

quarta-feira, outubro 14, 2009

Para reflexão, com Rubem Alves

O texto que se segue é um pequeníssimo extracto de uma conferência(*) de Rubem Alves que reproduzo por escrito ouvindo o DVD(**), pelo que há uns pequenos intervalos.

«O que nós temos nas nossas escolas é que as nossas escolas se parecem mais com linhas de montagem. (...). Quando a criança é aprovada por causa das notas, os burocratas assumem que elas aprenderam. Vocês sabem que elas não aprenderam. E porque é que vocês sabem que elas não aprenderam? Porque vocês mesmos as esqueceram. (...) Se os professores que preparam os alunos para os vestibulares forem fazer o exame, eles serão reprovados, porque cada um só será aprovado na sua própria disciplina. É duvidoso que o professor de Português vá resolver problemas de Física ou de Química. Então façam a seguinte pergunta: Se todos serão reprovados, por que é que os nossos pobres adolescentes têm que saber tantas coisas que serão totalmente esquecidas? Mas os burocratas não percebem isso. Eles pensam que se você passar no exame, você sabe. Não sabe, é mentira.
E pela burocracia o aluno é uma coisa vazia dentro da qual você tem que colocar um saber. Fico pensando na situação de vocês, que são professores de uma única disciplina. Eu sinto que vocês são como aqueles guias turísticos que todos os dias repetem... (...). E o que está acontecendo então é que os pobres professores são colocados num canal de repetições no qual desaparece toda a alegria de aprender as coisas novas. (...)

Um amigo meu (...) me contou que uma vez resolveu fazer uma brincadeira com os alunos. Ele pediu aos alunos que escrevessem numa folha de papel a pergunta que mais provocava a sua curiosidade. As perguntas eram do tipo: por que é que a água fervendo endurece o ovo e amolece a cenoura? (Vocês já pensaram nisso?); por que é que a chuva cai em gotas e não cai toda de uma vez? (Eu sempre tive terror de que a chuva caísse toda de uma vez); o que é que veio primeiro, o ovo ou a galinha? (... Esse é um problema racional muito sério, um problema lógico que estava colocado na pergunta da criança. As crianças são extremamente inteligentes); por que é que as pessoas boas morrem mais cedo?; por que é que há pessoas que não gostam de árvores?.
Perguntas das crianças. Aí ele pensou: se as crianças fazem perguntas tão maravilhosas, os professores, que já se formaram, alguns têm mestrado, eles terão perguntas muito mais maravilhosas do que essas. Então ele sugeriu aos professores que fizessem perguntas, as perguntas que perturbavam os professores. Aí, o professor de Geografia perguntou: onde fica o cabo...? (não consegui perceber o nome); o professor de História perguntou: qual é a data da batalha de Gualdalquivir?; (...) Ou seja, os professores, por causa do seu costume, feito pela burocracia, de andarem sempre nos mesmos caminhos, estavam cegos, eles haviam perdido a capacidade de ver porque eles só viam o programa que a burocracia havia colocado em cima deles. Então não é possível que a gente se sinta feliz. (...)
Queria sugerir a vocês que vocês tratassem de raspar as tintas com que a burocracia pintou vocês, que raspassem as tintas para recuperarem a coisa maravilhosa que é a experiência de ensinar.»

Rubem Alves termina assim esta conferência (da qual o extracto acima é quase no início):

«Há coisas úteis que precisam
de ser ensinadas. Mas todas as coisas úteis só têm um objectivo: tornar possível a beleza, a arte. E quando nós como professores nos descobrimos como aqueles que tornam possível o aparecimento da beleza, então nós nos sentimos bonitos, e então a gente funda a nossa banda de jazz(Destaque meu)
_______
* Conferência promovida pela Asa pela mão do JMA (Maio de 2003).
** DVD que é para mim uma preciosidade que o JMA teve a grande gentileza de me oferecer.

terça-feira, outubro 06, 2009

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti


Com o agradecimento à Amélia Pais

segunda-feira, outubro 05, 2009

No Dia do Professor...

Deixo apenas um pensamento de Rubem Alves, que diz imenso.


O olhar do professor tem o poder de transformar uma criança
em inteligente ou burra.
Rubem Alves (2003)
Em conferência promovida pela Asa pela mão do JMA

sábado, outubro 03, 2009

Aquisição súbita

Hoje estive com a Teresa Marques e outros amigos na FPCE. Ela levava um portátil branquinho e maneirinho (um netbook - acho que é assim que se chama) que me encantou e tentou. Ora eu só tive um portátil há anos, que já foi para a sucata, e não voltei a pensar noutro dado o elevado custo, para mais não tendo especial necessidade. Mas ando desactualizada, pois fiquei surpreendida com o preço daquele portátil tão prático, pelo tamanho, para levar para uma esplanada ou mesa de um parque. Foi pena isto não ter acontecido antes do Verão, pois, "viciada" no Scratch, tenho ficado demasiado tempo em casa quando até tenho a uns passos a agradável Quinta das Conchas e dos Lilases. Mas ainda vamos ter muitos dias agradáveis antes dos invernosos.
E, assim, foi uma decisão súbita, tudo num dia (mas tinha que ser aquele branquinho!). Logo que recebi o email da Teresa com as características todas... zás... fui direitinha à FNAC. E como disse à Teresa que, se me decidisse à aquisição, logo lhe diria demonstrando com uma foto...


quarta-feira, setembro 30, 2009

Para sonhar com um futuro longínquo

O Bom Capitão

Havia um navio a vapor, em águas inglesas, velho, pesado e aparentemente impróprio para continuar navegando, que toda vez que chegava às docas, de forma desajeitada, derrubava alguma parte do portão de entrada.
Porém, um certo dia, quando se aproximava e todos observavam para ver que tipo de estrago faria, ele passou suavemente, deslizando sobre as águas, sem que nada de anormal fosse visto.
Um dos espectadores gritou: - "O que houve com o velho navio? Alguma coisa aconteceu."
Um dos membros da tripulação, respondeu: "É o mesmo navio velho de sempre, mas temos um novo capitão."
Autor desconhecido
Via Clube dos Contadores de Histórias

domingo, setembro 27, 2009

Eleições: Pelo menos uma coisa positiva...

Não houve maioria absoluta (fosse de um lado ou do outro). Apesar dos argumentos contra maiorias relativas por poderem ocasionar instabilidade governativa, para mim têm maior peso os riscos de maiorias absolutas para a democracia. Sobretudo quando um primeiro mimistro é arrogante e prepotente, parecendo não ouvir nada nem ninguém senão ele próprio. E o que tivemos durante toda a legislatura que hoje terminou foi (a meu ver), não digo um país em ditadura, mas foi um país como se tivesse partido único.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Regresso (mas devagarinho...)

Depois das minhas férias na praia, continuei em férias não só do meu blogue, mas de toda a blogosfera que frequento. De tudo precisamos de vez em quando de férias.

E este meu regresso vai ser ainda muito devagarinho, pois o clima político, mais ainda agora que começaram as campanhas eleitorais, não é propício aos motivos e conteúdos deste meu blogue.
Não é que não me interesse muito por política geral (pelo contrário, acompanho-a atentamente, interessada mesmo que desgostosa), mas simplesmente porque este blogue não foi pensado para isso. Ele foi criado pensando nos alunos, não em ebstracto, mas como seres concretos, cada um único, pensando na Educação e no Ensino lá no terreno, lá mesmo dentro de cada escola, pensando também no seu futuro quer pessoal, quer como cidadãos de cuja qualidade de formação tanto depende o futuro e o progresso do nosso país - o país em que viverão quando adultos e que progredirá ou permanecerá na mediocridade consoante a formação dos actuais jovens. Daí que também a política educativa é decisiva, por isso ela esteve muito presente neste blogue.
Mas, neste momento a política educativa está estagnada, num tempo de espera até ao futuro Governo no seu todo e, em particular, na decisão de quem será o próximo titular da pasta da Educação. Neste âmbto, o tempo até Outubro é um tempo de espera e um tempo parado no que respeita aos conteúdos deste blogue, que incluem a política para a Educação. E eu, como não farei aqui "campanha eleitoral", e nunca votei no PS e muito menos votaria alguma vez em partidos à sua direita (tenho a minha opção desde sempre), estou num momento em que não são oportunos os temas próprios do meu blogue.
Por tudo isto, o meu regresso por enquanto será para postagens e visitas a blogues espaçadas, pondo aqui apenas coisinhas soltas, abstidas da política ( a qual, aliás, mais que nunca me desgosta pois não vejo políticos elegíveis - sabemos com realismo que só há duas alternativas - que estejam à altura das responsabilidades, competência e seriedade de que o país necessita, e que me dêem confiança em que porão a preocupação pelo futuro deste e pelos problemas sociais acima dos seus interesses partidários ou de poder).

A terminar esta minha introdução ao meu (semi)regresso, deixo um trabalho no Scratch com que andei entretida ultimamente - trabalho que não foi nada fácil para mim que ainda pouco mais sou do que iniciante nesse programa.

Clicar na imagem para ver, e pôr o som alto

domingo, agosto 09, 2009

Scratch - uma ferramenta também para o professor

Sabemos que o maior interesse do Scratch está na elaboração de projectos pelos próprios alunos, iniciando-os em programação, desenvolvendo o seu raciocínio e a sua criatividade, e também estimulando a persistência em descobrir a solução para problemas que vão tendo para conseguirem o seu objectivo (persistência que se verifica dado o seu entusiasmo por este programa).

Mas o professor, até para aprender a usar o Scratch a fim de guiar os alunos, também pode construir projectos para uso na aula em qualquer disciplina, ou então recorrer a projectos feitos e publicados por professores no Sapo Scratch ou no MIT (aqui, a maioria são em inglês, mas também existem lá projectos com a opção por uma das duas línguas - português ou inglês).
Os alunos podem ver ou jogar no site, ou instalarem o Scratch nos seus computadores e fazer o rápido download de um projecto, o que tem a vantagem de poderem observar o projecto "por dentro" para verem como foi feito.

Apesar de já não ter oportunidade de uso em aulas (mas usarei para a minha neta Inês), ando com o "vício" do Scratch para aprender, e até já me atrevi a escrever em Inglês (com muito uso do tradutor do Google, embora este não seja muito fiável, e com uma ou outra busca em sites de Matemática em Inglês, dado que a mat é
a "minha" disciplina).
No MIT já tenho uma galeria para alunos, ainda só com dois projectos (aqui).

E a minha aventura em duas línguas, acabada ontem, foi esta:


Clicar na imagem para acder
(Lá, clicar na bandeira e depois no idioma)

quinta-feira, julho 30, 2009

Blogue intermitente. Boas férias para todos!

Este blogue não estará propriamente em férias, pois já fiz as minhas férias (dizem que os aposentados estão sempre em férias, mas não é bem assim) e agora fico por aqui. Mas estará muito intermitente, esperando a reabertura do ano escolar e as novidades de Setembro.

Entretanto, estou com outras ocupações (incluindo projectos no Scratch), e também em tempo de lazer.



Van Gogh (1890). Pause de midi.

sábado, julho 25, 2009

D. Florinda


Tem setenta anos a D. Florinda.
E num dia de cada mês há correspondência na sua caixa de correio.
— Vem na hora certa — diz a D. Florinda, sorrindo para o gato que anda sempre atrás dela.
D. Florinda veste roupa nova, penteia melhor o cabelo ralo, branco e curto. Calça os sapatos de pano e borracha, fecha a porta com muito cuidado, e mete a chave num saco bastante coçado.
Truc, truc, truc... lá vai ela muito direita. Lá vai ela a caminho do banco.
Quando entra, entrega a carta ao empregado, e diz baixinho:
— É a minha reforma!
Recebe o dinheiro e, truc, truc, truc..., lá vai ela muito direita.
Lá vai ela a caminho da livraria do Zé.
Depois de entrar percorre as estantes com o olhar.
Demora-se, indecisa na escolha.
E acaba por descobrir o livro, que paga e manda embrulhar.
Outra vez na rua, truc, truc, truc..., lá vai ela a caminho da casa onde mora o Rodrigo, o seu neto.
Toca à campainha, aparece o Rodrigo, e ela estende o embrulho e diz:
— É para ti, rapaz. Mais um livro para a tua biblioteca!

António Mota
Via Clube de contadores de histórias

sexta-feira, julho 24, 2009

domingo, julho 05, 2009

Boas férias!

Pode clicar na imagem para ficar "animada"

Na próxima 4ª feira vou fazer 10 dias de praia. Até lá tenho que resolver alguns problemas, nomeadamente o do carrito, que ia ardendo (um susto com a fumarada a sair do motor) e tem que regressar à oficina porque agora ficou quedo de repente, a cheirar a esturro.

Assim, deixo já os meus votos de boas férias para todos os amigos e colegas.

terça-feira, junho 30, 2009

TikaTok - mais uma ferramenta

Já a tinha visto há um tempo, mas esquecera. Agora caiu-me sob os olhos um livro sobre haikus feito por uma colega com os seus alunos.
Pensei na minha neta Inês, que adora desenhar e pintar (tem sempre 5 em EVT), para a entusiasmar a criar um livro com os seus desenhos para o seu blog (que está parado pois anda com muitos "afazeres", nomeadamente no Scratch). Então, fui ver como funcionava a ferramenta (é muito fácil), mas, feita criança, quis experimentar criar um livro. E como de vez em quando gosto de deixar aqui um quadro, juntei duas coisas: experimentar o TikaTok e pôr aqui no cantinho mais uns quadros.

Pode clicar em fullscreen

Mimos


Não vou cumprir a regra de nomear mais sete blogues para receberem o prémio. Desta vez vai só para um porque é um blogue que merece mais divulgação do que julgo ter. Um blogue dedicado principalmente aos alunos e às actividades com eles e cuja autora revela grande sensibilidade e muita dedicação e amor aos seus alunos:

terça-feira, junho 23, 2009

A prova de Matemática do 9º ano

Breve comentário

A minha crítica é um tanto coincidente com a que faz a SPM, mas também um tanto diferente.
O que critico não é o facto de a prova ter perguntas que só exigem os conhecimentos básicos e cálculos directos, mas sim ser toda assim. Não há ao menos uma pergunta para seleccionar os bons e muito bons alunos. (Até a última pergunta - volume de uma pirâmide - em que muitas vezes se dá a medida da aresta lateral, tendo os alunos que não confundir com a altura e primeiro calcular esta, na prova a altura é igual ao comprimento de uma das arestas, cuja medida é dada, excluindo assim a oportunidade de exigir raciocínio e respectivos cálculos mais elaborados).
Também concordo com a SPM ao criticar que pouco se testa do programa do 9º ano, mas concordo sobretudo porque, com excepção da equação do 2º grau, a prova ignora os conteúdos do 9º ano (e alguns do 8º) que os alunos têm que ter já dominados para enfrentarem o 10º ano, onde são considerados adquiridos (e, portanto, não são ensinados a não ser que o professor gaste parte do 10º ano com matéria do 9º).
Por último, a pergunta escandalosamente fácil (referida tanto pela SPM como pela APM) por ser ao nível de 3º ou 4º ano (tal como aconteceu com uma da prova do ano anterior, que a minha neta, então a terminar o 4º ano, resolveu), ela até é uma questão de proporcionalidade inversa, mas não é precisa essa noção para a resolver, nem sequer foi intenção de quem a fez que fosse usada, pois nos critérios de correcção é apresentada a resolução "à 4ª classe/4º ano".

Em suma, a meu ver a questão não reside na prova ser demasiado fácil (a bem das estatísticas do insucesso), ou ser "normal", mas sim nos resultados que podem dar falsas expectativas aos alunos que prosseguem para o Secundário, bem como no abaixamento da exigência dos professores para com os alunos em condições de serem melhor preparados e de irem mais longe, o que é desejável e é seu direito.

sexta-feira, junho 19, 2009

Valores

Recebi este prémio da Isabel do blogue Histórias (con)m Vida.

Como o prémio se inspira nos valores do humanismo, sobre os quais é pedido um comentário, em vez de comentário ocorre-me deixar esses dois vídeos, apesar de o primeiro ser bastante conhecido (mas sabe sempre bem rever), e de já ter posto o segundo aqui (pps que converti em vídeo)


sábado, junho 13, 2009

Só para desejar bom fim de semana (Mais uma vez, o Scratch)

Tenho andado tão ocupada com experiências no Scratch e com a aprendizagem no Grupo Scratch do Interactic que nem me tenho lembrado do meu bloguezito.

Hoje venho só desejar...
;)

sábado, junho 06, 2009

Bom fim de semana! ;)

(Para o fim de semana deixo só um poema)

Brinquedos

Nós, que somos espantosamente grandes,
que já não deslizámos pelo gelo desde as duas guerras,
Ou se o fizemos alguma vez, sem querer
Já nos fracturámos um ano,
Um dos nossos importantes e duros anos
De gesso...
Oh, nós, os espantosamente grandes
Sentimos por vezes
Que nos faltam os brinquedos.

Temos tudo o que necessitamos,
Mas faltam-nos os brinquedos.
Temos saudades do optimismo
Do coração de algodão das bonecas
E da nossa nau
Com três fieiras de velas,
Que tanto sulcava as águas
Como a terra firme.

Gostaríamos de montar um cavalo de madeira
E que o cavalo relinchasse ao mesmo tempo que a madeira
E que nós lhe disséssemos: 'Leva-nos a algum sítio
Não importa qual,
Porque em qualquer sítio da vida
Propomo-nos levar a cabo
Formidáveis façanhas'.

Oh, quanta falta, por vezes, nos fazem os brinquedos!
Mas nem sequer podemos estar tristes
Por essa razão,
E chorar com toda a alma,
Agarrando a perna da cadeira
Porque somos tão adultos
Que não há ninguém mais velho que nós
Para nos acariciar.

Marin Sorescu

(Via Amélia Pais)

quinta-feira, junho 04, 2009

Pequeno intervalo



Pela marca que nos deixa
A ausência de som que emana das estrelas
Pela falta que nos faz
A nossa própria luz a nos orientar
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segunda-feira, junho 01, 2009

No Dia Mundial da Criança

Deixo este vídeo que também diz respeito às crianças porque os adultos, que já foram crianças, devem pensar nas crianças contribuindo para que cresçam em igualdade de direitos e se tornem adultos livres.

Final do vídeo:
Please, ask your government to put this document, the Universal Declaration of Human Rights, into every passport.


sábado, maio 30, 2009

A manifestação

Foto do site da FENPROF

Tencionava tirar fotos para pôr aqui, mas quando cheguei à manifestação dei conta de que a minha máquina estava sem bateria. Assim, remeto os visitantes para
aqui.

sexta-feira, maio 29, 2009

Amanhã lá estarei

Estou aposentada, mas continuo a manifestar-me pelos meios ao meu alcance na defesa de uma Escola Pública de qualidade para todas as crianças e jovens (escola onde, aliás, tenho netos) e por uma Educação Integral, decisiva para o futuro do país, o que exige professores motivados, estimulados e apoiados adequadamente.
Não vou à manifestação apenas por solidariedade para com os meus colegas que, no activo, são e querem continuar a ser profissionais dedicados; vou para protestar contra uma política educativa desastrosa em muitos aspectos - cujas consequências não poderão ser remediadas no imediato nem a curto prazo -, na esperança de que venha a ser corrigida.

quinta-feira, maio 28, 2009

quarta-feira, maio 27, 2009

Folhas secas (Desencanto)

Desencatada da política - hipócrita e eleitoralista -, deixo haikus japoneses, que sempre me encantam.

Dá para uma fogueira —
O tanto de folhas secas
Trazidas pelo vento.

Ryôkan

Tão miseráveis,
As glicínias sem folhas
Do velho templo.

Buson

Varrer o chão
E então parar de varrê-lo —
Estas folhas secas.

Taigi

Kamisaka Sekka (1866 - 1942)