Já na noite do sábado passado me dera conta da emissão, pela RTP1, de um espectáculo em que teriam sido recordadas vozes do Festival da Canção. Vendo-o já mesmo no final, nem sei que vozes foram recordadas, nem isso importa, pois foi apenas o tema que me trouxe subitamente uma memória já quase esquecida - a do Festival Eurovisão de 1973. E agora, que também os festivais da canção foram lembrados na comemoração dos 50 anos da RTP, incluindo a canção de que me lembrara no sábado, não resisti a uma breve busca para a deixar aqui.
Naquela época, o concurso ao festival era acarinhado pelo regime, pelo que os nossos cantores de intervenção tendiam a não concorrer para não alinharem com essa conotação. Mas nem sempre assim decidiam e em 1973 Fernando Tordo concorreu com a Tourada (letra de Ary dos Santos), lembrança que agora me fez sorrir, divertida, porque a censura por vezes distraía-se, talvez por compreensão lenta, e quando se deu conta de que a canção não era nada "inocente" era tarde demais, pelo que esta foi mesmo representar a canção portuguesa ao festival da Eurovisão em Abril de 1973 (já só faltava um ano...)
Foi mais por a lembrança me ter feito sorrir que a vim deixar aqui. Se foi só por isso... bem, não o consigo garantir, mas também escusam de vislumbrar na minha cabeça outras associações de ideias quando trago tão "inocentemente" uma memória surgida por mero acaso ;)
Naquela época, o concurso ao festival era acarinhado pelo regime, pelo que os nossos cantores de intervenção tendiam a não concorrer para não alinharem com essa conotação. Mas nem sempre assim decidiam e em 1973 Fernando Tordo concorreu com a Tourada (letra de Ary dos Santos), lembrança que agora me fez sorrir, divertida, porque a censura por vezes distraía-se, talvez por compreensão lenta, e quando se deu conta de que a canção não era nada "inocente" era tarde demais, pelo que esta foi mesmo representar a canção portuguesa ao festival da Eurovisão em Abril de 1973 (já só faltava um ano...)
Foi mais por a lembrança me ter feito sorrir que a vim deixar aqui. Se foi só por isso... bem, não o consigo garantir, mas também escusam de vislumbrar na minha cabeça outras associações de ideias quando trago tão "inocentemente" uma memória surgida por mero acaso ;)
Assim, eis a...
Tourada
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficcionada e a caduca
mais o snobismo...
e cismo!
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficcionada e a caduca
mais o snobismo...
e cismo!
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.
__________
(Fotos: Podem encontrar-se facilmente por pesquisa em sites portugueses)
_________
Adenda
E... com a Tourada me estreio no vídeo aqui no meu cantinho...
Sem comentários:
Enviar um comentário