Limito-me a transcrever (os destaques são meus), na sequência da minha última visita à a Página da Educação.
Primeiro, em jeito de introdução, palavras de José Paulo Serralheiro no artigo A vida social e política ao sabor do telecomando:
"(...)
A política e a vida transformadas em espectáculo televisivo não são uma questão local mas global. Os média [em geral] deixaram desde há muito de ser espaços de discussão, de debate, de informação pertinente e fiável, de racionalidade, de análise da realidade, para serem lugares promotores de espectáculos onde cabem, cada vez mais, a vulgaridade, (...) O que cada vez mais espectadores esperam é o «espectáculo da vida» e imaginar-se participante dele.
(...)
A crença de que «o que não passa na comunicação social não existe» tem efeitos devastadores nas sociedades. E se não importa fazer, mas fazer constar que se faz, que consequências tem tal realidade na carreira e na prática docente?
(...)
Os objectivos educacionais são políticos, não são técnicos. E por isso a profissão docente não dispensa nem o pensar nem a política.
(...)
Também nesta Pós-Modernidade portuguesa, onde florescem novos «ismos», a nova gerência do Estado ambiciona dispensar-nos do pensamento critico e convida-nos a bastarmo-nos com o espectáculo comunicacional. É que não aprender a pensar é condição indispensável para se aceitar que os caminhos do mundo não são diversos, mas são só um e mais nenhum. "
A seguir, palavras de Sara Pereira, no artigo Educação para os Media: por onde começar?:
Primeiro, em jeito de introdução, palavras de José Paulo Serralheiro no artigo A vida social e política ao sabor do telecomando:
"(...)
A política e a vida transformadas em espectáculo televisivo não são uma questão local mas global. Os média [em geral] deixaram desde há muito de ser espaços de discussão, de debate, de informação pertinente e fiável, de racionalidade, de análise da realidade, para serem lugares promotores de espectáculos onde cabem, cada vez mais, a vulgaridade, (...) O que cada vez mais espectadores esperam é o «espectáculo da vida» e imaginar-se participante dele.
(...)
A crença de que «o que não passa na comunicação social não existe» tem efeitos devastadores nas sociedades. E se não importa fazer, mas fazer constar que se faz, que consequências tem tal realidade na carreira e na prática docente?
(...)
Os objectivos educacionais são políticos, não são técnicos. E por isso a profissão docente não dispensa nem o pensar nem a política.
(...)
Também nesta Pós-Modernidade portuguesa, onde florescem novos «ismos», a nova gerência do Estado ambiciona dispensar-nos do pensamento critico e convida-nos a bastarmo-nos com o espectáculo comunicacional. É que não aprender a pensar é condição indispensável para se aceitar que os caminhos do mundo não são diversos, mas são só um e mais nenhum. "
A seguir, palavras de Sara Pereira, no artigo Educação para os Media: por onde começar?:
"(...) Esta reflexão surge num momento simbólico para esta área – a celebração do 25º aniversário da Declaração de Grunwald, um documento publicado pela UNESCO a 22 de Janeiro de 1982 que expressa as razões da premência e da pertinência da EPM. Um quarto de século depois desta Declaração, pouco se avançou neste domínio em Portugal. (...) Em 1993 o então Secretário de Estado dos Ensinos Básico e Secundário encomendou à Universidade do Minho um estudo que teve como finalidade apresentar propostas de implementação da EPM nos vários níveis de ensino. A iniciativa foi encarada, na altura, como uma excelente possibilidade para que esta área entrasse formalmente nos curricula de crianças e jovens, porém, com a mudança de Governo, o estudo acabou por ficar na gaveta, sem qualquer seguimento. A EPM permaneceu, deste modo, um domínio de ninguém, empurrado muitas vezes da escola para a família e vice-versa. (...) Por motivos de vária ordem, alguns conhecidos, outros ainda por apurar, esta área tem tido uma aceitação e uma recepção difíceis por parte dos que poderiam ser seus protagonistas (os vários agentes educativos – professores, pais, técnicos dos serviços educativos, etc). Um desses motivos é, necessariamente, a pouca oferta de formação dirigida aos actuais e futuros profissionais da educação (...)
Na minha perspectiva, é fundamental que as famílias sejam envolvidas na EPM pois um trabalho desta natureza unilateralmente considerado pode não ter as condições necessárias para o seu desenvolvimento e pode não alcançar resultados efectivos. (...) Porém, nas duas últimas acções desenvolvidas percebi a resistência de alguns pais em aceitar os media, especificamente a televisão, como motivo e mote de diálogo e de reflexão. Percebi alguma dificuldade em aceitarem que o seu principal meio de entretenimento, de distracção, de informação, de companhia e até de catarse dos problemas do dia-a-dia possa, também ele, constituir razão de preocupação e de discussão. A televisão assume um lugar tão central nas casas e nas vidas de algumas famílias que não é fácil deixarem, por uma noite, de ver televisão para irem falar sobre ela.
Perante este cenário, coloca-se a questão: por onde começar então esta formação considerada pela UNESCO, e por outras organizações internacionais, uma componente essencial da formação básica de qualquer cidadão? A questão fica em aberto, como apelo à reflexão do leitor. "
______
Adenda
Também de Sara Pereira, um artigo mais antigo - Fevereiro de 2006 -, mas ainda pertinente (sugiro a sua leitura, até porque refere alguns dados de um estudo realizado com crianças) : Os "Morangos com Açúcar" têm lugar na escola?
2 comentários:
Concordo com o JPS que a profissão docente não dispensa nem o pensar nem a política. Paradoxalmente, não me conformo com a resignação embora compreenda que sobram os motivos para baixarmos os braços. Custa-me a acreditar que a classe política, que nos governa e que já nos governou, admita, mesmo por hipótese, de que é possível domesticar os professores. E dói ainda mais pensar que há professores que ficam indiferentes diante do processo de domesticação em curso. É para mim evidente que a educação para os media é tudo aquilo que menos interessa à casta (como podia ter dito: à corja) de políticos que usam os media para venderem a sua imagem… e o país…
PS: Peço desculpa por ter deixado destravar a língua, Isabel.
Pedes desculpa, Miguel?! Mas eu agradeço esse "destravar da língua" aqui no meu cantinho quando há sobejas razões para isso - cada um de nós não deixa de se sentir mais alentado para persistir em deixar alertas quando percebe que estes são partilhados por outros. ;)
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