quarta-feira, julho 25, 2007
Boas férias!
sábado, julho 21, 2007
Para o fim de semana deixo...
(...)
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P.S.:
Já tinha entrado em fim de semana, mas o artigo de Carlos Ceia no Público de hoje (só acessível online a assinantes) relativo ao regime jurídico da habilitação profissional para a docência faz-me transcrever um excerto, no qual consta o endereço para documento mais completo do mesmo autor.
«(...)Já expliquei em longo documento técnico os vários problemas que o decreto-lei levanta (ver www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/Educacao/que_profs_formar.pdf). Este parecer, o do Conselho Nacional de Educação, e todos os que as universidades e politécnicos enviaram foram ignorados até à data. Este decreto-lei não tem uma filosofia, uma literatura, uma bibliografia ou uma ciência a apoiá-lo ou a justificar as suas opções, logo o debate parece ser inútil. Mas as consequências graves que transporta para o futuro da formação inicial de professores, hipotecando a qualidade da formação das próximas gerações e afastando-se de todas as tendências internacionais nesta área, obrigam-nos a continuar o protesto. (...)»
quinta-feira, julho 19, 2007
De como um(a) aposentado(a) também precisa de férias
[Não só não me falta em que me ocupar, como continuo com coisas pendentes, à espera de tempo. Aliás, é espantoso como aquela grande organização que o trabalho profissional exige para que se consiga que o tempo chegue para todas as prioridades da nossa vida faz que se encaixe tudo nas horas de cada dia ou semana e depois, quando deixa de haver horários e obrigações a cumprir (pelo menos em boa parte do tempo, pois continua a ter-se responsabilidades e obrigações - na vida elas não são só as profissionais), parece que cada dia não chega para quase nada.]
Mas, dizia eu, não consigo alhear-me especificamente das questões da educação, e pergunto-me porquê (ou para quê), dado que já não tenho que - nem posso - lidar com elas. Poder, até podia ainda escrever - não importava que fosse lida só por dois ou três, cada um dá o seu minúsculo grãozinho de contributo e, se todos dessem, já fazia um saco cheio. Mas, a verdade é que a experiência dos 'velhos' fica ultrapassada nestes tempos de mudanças vertiginosas e não faz muito sentido que os velhos continuem a ler-estudar tudo o que é necessário só para actualizarem a sua experiência quando já não a podem aplicar no terreno próprio.
E todo este palavreado só para dizer que também estou a precisar de umas férias - férias de observar todos os dias esta política (des)educativa em curso, escape desse clima de mediocridade e de obsessões a resvalarem para doença maníaca que sinto emanar dos gabinetes que decidem, regulamentam e despacham essa "política" quer nas suas linhas de fundo, quer em múltiplos pormenores absurdos, contraditórios e impositivos de uma burocracia insana. Não sei é se consigo fazer essas férias antes da semaninha em que vou mudar de ambiente, e sem net fico sem informação, que pela tv mal chego a ela - mas falta pouco, é já de hoje a oito dias, e depois, quando voltar, apesar do Agosto no calor de Lisboa, sempre respiro ar menos poluído durante mais um mês, pois estarão os senhores governantes em férias, e os senhores deputados também (mas certos silêncios destes últimos nem se vão notar - serão só uma continuação).
terça-feira, julho 17, 2007
Compartimentos
Como não vou descrever em público conversas particulares, deixo apenas um ou dois exemplos vagos e não situados:
1 - Se eu abordar a questão do novo regime jurídico da habilitação profissional para a docência no ensino não superior e, nomeadamente, a do professor generalista, já sei que é melhor preparar-me para ouvir alguma resposta no género de 'já é assim em muitos países da Europa'. E cá temos a ideia falaciosa instilada pela "política global" de que o que é é o que deve ser ou o que tem que ser.
2- E se eu for mais longe e lembrar a ideia (que ainda não é uma proposta, mas que já apareceu publicamente como hipótese a considerar) de fusão dos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico num só, a resposta então é certa: "Isso não é possível, é claramente contra a Lei de Bases do Sistema Educativo". E cá fico eu com a sensação de que o meu interlocutor do ensino superior se anda a dar pouco conta do que, dizendo mais respeito ao ensino não superior, tem vingado com atropelos de direitos adquiridos e ambiguidades em termos constituicionais, ultrapassando-se rapidamente ilegalidades mediante revogação de decretos e aprovação de novos. (Alterações profundas a uma lei são mais difíceis? Ora! Vamos ver o (pouco) tempo que vão demorar alterações à Lei Sindical...)
Podia dar outros exemplos mais elucidativos dessa percepção de compartimentação das preocupações de professores de graus diferentes de ensino, mas já teria que descrever conversas tidas - não que elas tenham algo que não se possa contar (apenas significam que cada um está envolvido no seu 'terreno', e isso até é natural, ainda que, a meu ver, não deva bastar).
P.S.:
sábado, julho 14, 2007
Bom fim de semana!
(Clicando na imagem tranporta-nos melhor para ele)
Thomas Moran (1909)
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ADENDA
E, já agora, deixo um artigo do Público de hoje (clicar no excerto para leitura do texto integral).
«(...)
Sobre a ideia consequente apontada de falta de estruturas pessoais que definam os indivíduos para as metas da competitividade laboral, sobre esta obsessão pela máquina liberal, como professor, defino como minha prioridade absoluta a formação dos indivíduos como seres pensantes e capazes de actuar em sociedade, de se reconhecerem pessoal e humanamente (e daí também como seres capazes de se integrarem na organização social e profissional). A primeira linha da competitividade na formação dos jovens é o conhecimento nas suas mais diversas vertentes. Os padrões económicos são uma necessidade de sobrevivência, não uma necessidade de essência do ser humano. (...)»
Jorge Silva, professor
Braga
sexta-feira, julho 13, 2007
A minha estranha rejeição de escrever
De náusea, ou enjoo, já falei aqui. É uma náusea espantada, também um tédio que não consegue limitar-se a tédio porque a situação não me é indiferente - a escola foi parte da minha vida e o sistema educativo foi parte das lutas em que participei, não me é possível ficar agora indiferente. Mas tanto disparate, tanta estreiteza de vista na catadupa de medidas legislativas (agora mais uma série de regulamentações que mais uma vez nenhuma negociação concreta vão aceitar), tanta avaliação que não deixa tempo para mais nada (mais parecendo doença maníaca), tanta incapacidade para perceber que todo o clima de sufoco que é gerado nas escolas (sufoco em papelada/burocracia e sufoco sob múltiplas pressões externas) só contribuirá para as afundar esvaziando-as dos objectivos e preocupações essenciais... Está a ser demais!
Talvez eu ande com uma rejeição a escrever, apesar de tanta coisa que me vem à mente, para proteger as minhas memórias. No entanto, também sei que ando como uma balança a que falta um prato - tenho só o prato, e pesado, da actual política educativa, faltando-me o outro, o das aulas, o dos alunos. Falta-me porque não o posso ter não estando já na escola, falta-me também porque dos alunos não ouço falar - a não ser por números estatísticos - nas intervenções da ministra da educação e seus colaboradores (incluido-se nestes muitas vozes "sonantes" deste país), que nem pejo têm de fazer dos alunos cobaias.
Enfim, eu, que nunca fui pessoa para ficar calada (bem o sabem todos os que me conhecem de perto), ando cada vez mais a encarar com estranha recusa este cantinho onde tenho oportunidade de falar se quiser. Talvez porque, como já tenho dito, faço questão de persistir na esperança e, estando a ficar sem ela em termos de curto prazo, prefiro não mostrar o pessimismo (ou descrença) que começa a ser inevitável. Entretanto, estou a dizer isto porque tenho a acrescentar que acredito que este meu estado de espírito seria diferente se tivesse ainda o tal outro prato da balança que agora me falta - os alunos. Porque o trabalho com estes e para estes tem que continuar, é por isso que se escolheu a profissão de professor, e essa razão maior há-de prevalecer como motivação.
quarta-feira, julho 11, 2007
Resultados em Matemática - Acusar e pressionar professores não resultou
Não me pronunciei aqui sobre o grau de dificuldade da prova (ou grau de facilidade - como preferirem), mas comentei em mais do que um post publicado sobre o assunto noutros blogues que não estava tão certa como muitos acharam da facilidade dela para os nossos alunos, quer porque conheço o tipo de dificuldades que têm 'à primeira vista' de um teste (e, num exame, não pode haver quem os faça ler com uma 'segunda vista'), quer porque as notícias que tive na altura iam bastante no sentido de os alunos terem saído do exame considerando-o difícil. E, embora a prova não tivesse itens que ultrapassassem os conhecimentos e o nível de desempenho que é de exigir, a verdade é que a facilidade que parece haver aos olhos dos adultos não é confirmada pelos alunos que temos.
Mas, como comecei por dizer, não posso analisar as causas destes resultados - e não penso, de modo nenhum, que seja ao conteúdo da prova que elas se podem atribuir.
O que me parece óbvio (aliás, sempre me pareceu - não é apenas hoje que o digo) é que acusar professores, intimidá-los e pressioná-los para trabalharem para um exame treinando e treinando os alunos para ele não resulta. A educação matemática das nossas crianças está cada vez mais difícil (e, claro, os professores têm responsabilidade pelo facto, mas também a têm os ministérios da educação, as famílias e a sociedade em geral), mas não é a trabalhar com os olhos postos nas estatísticas a obter que alguma vez se irá longe numa verdadeira educação matemática (a qual, aliás, começa incutindo-se nas crianças o gosto por ela).
E, como a paciência me anda a faltar, fico por aqui.
sábado, julho 07, 2007
E para fim de semana deixo...
... deixo um quadro de Chagall (1887-1985), pois hoje seria seu aniversário - agradeço à Amélia Pais ter lembrado.
Marc Chagall (1974). L’Ange du Jugement.
Mas o que é isto??
Por agora, deixo dois destaques elucidativos:
E faço também as perguntas que faz a FENPROF:
«Surpreendente é que, apesar dos sucessivos ataques movidos pelo Governo aos Sindicatos, à liberdade de exercício da actividade sindical, às regras da negociação e, de uma forma geral, às mais elementares normas do Estado de Direito Democrático, se tenham deixado de ouvir os verdadeiros socialistas que é suposto existirem no Grupo Parlamentar do PS. Por onde andarão?! Por que continuam a assumir este insuportável silêncio?!»
sexta-feira, julho 06, 2007
Gerações...
«Houve quem dissesse um dia que as gerações dos homens são como as das folhas, passam umas e vêm outras.
Está na nossa mão o desmentir o significado pessimista desta frase.
Só figuram de folhas caídas, para uma geração, aquelas gerações anteriores cujo ideal de vida se concentrou egoisticamente em si e que não cuidaram de construir para o futuro, pela resolução, em bases largas, dos problemas que lhes estavam postos, numa elevada compreensão do seu significado humano.
Essa concentração egoísta tem um nome - traição, e, se hoje trairmos, será esse o nosso destino - ser arredados com o pé, como se arreda um montão de folhas mortas.
E não queiramos que amanhã tenham de praticar para connosco esse gesto, impiedoso mas justiceiro, exactamente o mesmo que hoje nos vemos obrigados a fazer para com aquilo que, do passado, é obstáculo no nosso caminho.»
quinta-feira, julho 05, 2007
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quarta-feira, julho 04, 2007
Excertos de uma Conferência* (1933). II - E aqui reside o grande drama
«(...)
E aqui reside o grande drama em que, de todos os tempos, se tem debatido a humanidade - condenada a só poder evolucionar e progredir sob a acção vivificadora e fecunda de alguns dos seus indivíduos, ela vê-se ao mesmo tempo impotente para impedir que esses indivíduos se tranformem em seus verdugos. Ela assiste, incapaz de o evitar, à criação das castas que são como outras tantas sanguessugas sobre o seu corpo, sem, ao menos, lhe restar a solução de as eliminar, porque isso equivaleria à sua morte no pântano estéril da incapacidade.
Encarada sob este ângulo, a História da Humanidade aparece-nos como uma gigantesca luta, gigantesca no espaço e no tempo, entre o indivídual e o colectivo. Luta gigantesca, e trágica, e sangrenta, em que transparece um domínio quase permanente do individual sobre o colectivo e, de longe em longe, um estremecimento do grande corpo mortificado, um movimento de revolta, um triunfo efémero do colectivo, que logo cai sob outro ou o mesmo jogo pela sua incapacidade de se reconhecer e dirigir.
E esse grande corpo, curvado ao peso dos seus donos, segue o seu caminho sem parar, cai aqui, levanta-se além e aspira, aspira sempre a qualquer coisa de melhor. Mas esse «qualquer coisa» é vago e impreciso e, por isso mesmo que o é, leva a todos os desvios e todos os erros, pressurosamente amparados e com cuidado mantidos, precisamente por aqueles - o princípio individual em acção - a quem uma consciência colectiva forte ameaçaria no seu poderio egoísta.
(...)
A vitória duma ideia revolucionária significa, na época em que se dá, um acontecimento momentaneamente estável, mais perfeito que o anterior, entre as forças em presença; significa que se deu um novo passo no sentido de subtrair o colectivo à tirania do individual; sentem-no bem as massas, que, nessas épocas de comoção dos fundamentos da sociedade, se lançam, num explosão de entusiasmo, ao assalto do corpo decrépito e parasitário que sobre elas vive.
Mas a sua falta de preparação cultural, o não reconhecimento de si mesmas como um vasto organismo vivo e uno, torna-as incapazes de levar a sua obra mais além da destruição do passado; impossibilita-as de proceder à construção da ordem nova que a sua revolta preparou.
(...)
Passa algum tempo e começa nova diferenciação - os interesses egoístas dos dirigentes sobrepõem-se aos interesses gerais, são novos elementos individuais que começam a exercer opressão sobre a colectividade (...)
Tudo recomeça, disse acima, mas seria vão pretender-se que recomeça exactamente nas mesmas bases. Não; da etapa anterior, alguma coisa, às vezes muito, ficou definitivamente adquirido.
(...)»
(Escolho esse último parágrafo para terminar este post com um pensamento de algum conforto. Haverá um terceiro post com excertos da parte final da mesma conferência.)
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* Bento de Jesus Caraça. A Cultura Integral do Indivíduo-Problema Central do Nosso Tempo. Conferência proferida em 1933.
In Cultura e Emancipação (seguir link)
terça-feira, julho 03, 2007
Destaque
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domingo, julho 01, 2007
Excertos de uma Conferência (1933). I - As ilusões nunca são perdidas
Selecção difícil...
A Maria Lisboa nomeou-me e já lhe agradeci. Não acho nada que este cantinho mereça tal voto, mas tomo-o como um carinho.
Para verem a origem desta ideia e o respectivo regulamento, cliquem na imagem.
É difícil escolher, entre muitas maravilhas, um número tão reduzido - mesmo para mim que alargo pouco as minhas visitas na blogosfera por condicionamentos de tempo. Mas não quero deixar de corresponder ao desafio, pelo que aqui vão as minhas nomeações, por ordem alfabética.
Da crítica da Educação à Educação Crítica
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** O difícil não foi nomear, mas sim deixar alguns mais por nomear - nesta iniciativa há um regulamento, as nomeações são para enviar por mail, tive que cumprir. Mas deixo aqui ao menos a referência a mais cinco das minhas maravilhas, assim faz a dúzia, que é conta mais a meu gosto (e ainda mais seria se fosse para as duas dúzias, uma nem sequer vai dar para referir as maravilhas todas que são minhas companhias no Aragem). Também por ordem alfabética: Madalena, Marina, Miguel, Tit, Tsiwari.