sexta-feira, setembro 29, 2006

Respeito. I - Uma questão de direito.

Lembro-me de (já lá vai mais de um ano) ter ficado triste e revoltada por ter lido insultos a um colega de Matemática, bloguista - colega que de nenhum modo o merecia até por ser patente o seu empenhamento no ensino e o seu amor pelos alunos. Compreendi que ele não tenha querido apagar os comentários, tanto mais que eram apenas dirigidos directamente a ele (autor dos respectivos posts), não abrangendo comentadores do mesmos. Mas não consegui deixar de escrever no meu próprio cantinho umas palavras sobre o assunto, sob o título Infiltrados?, pois ficara revoltada.

Ao lembrar-me (não por acaso) desse episódio, ocorreram-me as considerações que se seguem.

Cada vez mais se alarga o hábito de as pessoas comunicarem pela Internet. Embora estejam escritas algumas normas éticas a respeitar, sabe-se que sempre aparecem pessoas (sob a capa do anonimato, claro) que fazem da falta de respeito e do insulto um dos seus entretenimentos, não lhes interessando (ou não tendo capacidade) seja para um convívio saudável, seja para confronto de ideias e opiniões de forma minimamente civilizada. (Um debate aceso é uma coisa, a falta de respeito, até à ofensa gratuita, àqueles de quem nada se sabe é outra)

Porque, infelizmente, isso faz parte da realidade, as diversas formas de comunicação têm funcionalidades para protecção do direito ao respeito. Assim é, por exemplo, com as "salas" de chat e com o msn, e também assim é com os blogues.

Alguém que crie um blogue apenas para se expressar para si próprio sem desejar dialogar, pode optar por não activar a opção "comentários". Também, outra pessoa, pode optar por limitar os comentários ao seu envio por e-mail (como é o caso de um dos mais conhecidos blogues portugueses). Pode ainda protejer-se de insultos escolhendo a moderação de comentários, bem como pode simplesmente apagar os comentários insultuosos. Mas, em geral, qualquer destes dois últimos recursos é esporádico, pois quem os origina depressa desiste.

Isto para dizer que, no entanto, a maioria dos que são alvo dessas tristes atitudes, apesar de terem esses recursos, prefere não os usar, ou usar momentaneamente se não é ele próprio - 'dono' do blog - o único alvo, mas também os que nele comentam, opinam, debatem. Entretanto, eu pergunto-me:
Afinal, se alguém se empenha em desacreditar opiniões ou ideias, porque não o faz com argumentos e civilizadamente? A menos que não tenha argumentos e lhe reste o recurso de perturbar ambientes que, por algum motivo, tema, ou não lhe reste senão a agressividade irracional para, de algum modo em algum lugar, se "afirmar" (entre aspas, pois ninguém se afirma sem dar cara ou nome).

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P.S.:
Confesso que prefiro lidar com os putos como esse que vou referir no post seguinte - por esses vale a pena lutar e passar pelas dificuldades que criam aos professores, vale a pena lutar para que venham a tornar-se Homens e Mulheres.

2 comentários:

Miguel Quintão disse...

<<…Afinal, se alguém se empenha em desacreditar opiniões ou ideias, porque não o faz com argumentos e civilizadamente…>>

Esta afirmação deveria ser extensiva também a Professores mas … segundo alguns relativamente à Ministra, tudo é permitido!
A moral pratica-se não se apregoa!

Miguel Pinto disse...

De facto, há que pensar num antibiótico para tratar desses vírus infiltrados. Há várias soluções imunológicas… Abraço, Isabel ;)