quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A grande ironia das minhas leituras

Encomendara um livro (que só comecei a ler ontem) quando ainda pensava adiar por dois ou três anos o pedido de aposentação a que já tinha direito. Trata-se de uma obra de autores de incontestada autoridade no domínio da investigação científica aplicável ao ensino-aprendizagem. (Citarei a obra mais abaixo*)
Tendo ficado ainda na Introdução, na noite passada, deparei-me hoje com um texto referenciado pelo
Henrique Santos neste seu post, e também pelo Paulo Guinote, que o transcreve no seu post aqui.
Infelizmente, esse texto não descreve uma fantasia, mas um futuro possível (e possivelmente muito próximo, pois as "evoluções" agora dão-se a velocidade vertiginosa). Por isso, ao pensar na leitura que ontem iniciei - eu, que já nem preciso de me inteirar de recentes investigações para nortear prática profissional (aliás, a 1ª edição do livro já é de 1999) -, não senti vontade de rir, também não propriamente de chorar, mas sim uma enorme ironia, como que parecendo rídicula a investigação realmente científica no terreno do ensino-aprendizagem face aos interesses, objectivos, perspectivas que imperam no mundo actual, nesta chamada sociedade do conhecimento - designação também a parecer irónica a quem vê o mundo como de e para todos e não de e para alguns apenas.

A quem eventualmente me leia e prossiga até final, peço que, se ainda o não fez, comece por ir ler o texto para o qual pus link acima, a fim de entender a que propósito aparece este meu post.
Da Introdução à obra que comecei a ler (e vou continuar) copio apenas alguns excertos - que limitam a apresentação e alcance da mesma, mas que reduzo até por serem em inglês - somente para dar uma ideia da ironia de que falei. (Ironia, mas não fatal, a meu ver, pois não desisto de uma coisa que se chama Esperança)
___
«From Speculation to Science
(...)
The revolution in the study of the mind that has occurred in the last three or four decades has important implications for education.
(...)
• Research from cognitive psychology has increased understanding of the nature of competent performance and the principIes of knowledge orga­nization that underlie people's abilities to solve problems in a wide variety of areas, including mathematics, science, literature, social studies, and his­tory.
(...)
• Research on learning and transfer has uncovered important principles for structuring learning experiences that enable people to use what they have learned in new settings.
(...)
• Emerging technologies are leading to the development of many new opportunities to guide and enhance learning that were unimagined even a few years ago .
(...)
FOCUS: PEOPLE, SCHOOLS, AND THE POTENTIAL TO LEARN
(...)
• First, we focus primarily on research on human learning (...)
• Second, we focus especially on learning research that has implica­tions for the design of formal instructional environrnents (...)
• Third, and related to the second point, we focus on research that helps explore the possibility of helping all individuals achieve their fullest potential.
(...)
Learning research suggests that there are new ways to introduce stu­dents to traditional subjects, such as mathematics, science, history and ljtera­ture, and that these new approaches make it possible for the majority of individuals to develop a deep understanding of important subject matter. (destaques meus)
(...)
»
* [Bransford, John D., Brown, Ann L. & Cocking, Rodney R. (Ed.) (2000). How People Learn: Brain, Mind, Experience, and School. Washington: National Academy Press].

2 comentários:

Anónimo disse...

Lá irei eu às compras na Amazónia.
;)

IC disse...

Paulo e outros caros visitantes: a minha intenção não foi recomendar o livro, ainda estou na Introdução ;)
(Compei-o sobretudo por um dos autores (editores, neste caso) ser Ann Brown, andei um tanto por estudos dela, mas já foi há anos)