Em suma, pensando nessa frasse de Ortega y Gasset, penso nas "circunstâncias" com um sentido terrivelmente amplo e avassalador, a parecerem irreversíveis, irremovíveis, imutáveis. Será de estranhar que muitos optem por não resistir, até por sentimento de impotência?
terça-feira, fevereiro 27, 2007
"Circunstâncias" não são irreversíveis nem imutáveis
Em suma, pensando nessa frasse de Ortega y Gasset, penso nas "circunstâncias" com um sentido terrivelmente amplo e avassalador, a parecerem irreversíveis, irremovíveis, imutáveis. Será de estranhar que muitos optem por não resistir, até por sentimento de impotência?
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Adenda (?)
Não sei se vou dizer uma barbaridade, mas começo a pensar na necessidade de os professores se descentrarem do ECD para se voltarem para a denúncia do real significado das actuais políticas educativas (relativas ao ensino, aos alunos), voltadas exclusivamente para os interesses económicos e, portanto, para os interesses relativamente ao mercado de trabalho. Não são os professores sozinhos que vão conseguir lutar contra isso, claro, mas as lutas laborais sectoriais actualmente pouco ou nada demovem governos (...).
sábado, fevereiro 24, 2007
"Animar a malta", "acordar a malta"...
Não me apetece escrever, não vou alongar-me, mas este post impôs-se-me ao recordar como era a "carreira" de professor quando nela ingressei, inclusivamente no aspecto remuneratório - isso não foi eterno, e as lutas não foram inúteis! Ao recordar também que mesmo no tempo do "Estado Novo" (no qual ainda vivi já como professora) "sempre existiu um respeito pelo saber próprio, disciplinar, dos docentes. Poderia existir um esforço de inculcação ideológica, mas não era negado o valor do saber académico e científico, a que se juntava uma formação pedagógica" - uso as palavras do Paulo Guinote não só porque, como disse, não me apetecia escrever, mas também porque o Paulo tem feito um extenso trabalho de análise e desmontagem cuja leitura recomendo a quem eventualmente não esteja a acompanhá-lo.
A degradação do ensino público no nosso país não começou, como todos sabemos, com Maria de Lurdes Rodrigues e, se a qualidade desse ensino não desceu ainda mais, tal deve-se aos professores, à sua dedicação, ao seu empenhamento (àqueles que não se podem honrar disso, avalie-se, forme-se, e excluam-se até da profissão os que eventualmente se fechem a qualquer avaliação formativa).
E mais não escrevo - deixo o "animar" e o "acordar" para os mais novos (e também para os que ainda estão nas escolas por serem menos 'velhos') do que eu.
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Deixou-nos há 20 anos...
Que amor não me engana Com a sua brandura Se de antiga chama Mal vive a amargura Duma mancha negra Duma pedra fria Que amor não se entrega Na noite vazia E as vozes embarcam Num silêncio aflito Quanto mais se apartam Mais se ouve o seu grito Muito à flor das águas Noite marinheira Vem devagarinho Para a minha beira Em novas coutadas Junto de uma hera Nascem flores vermelhas Pela Primavera Assim tu souberas Irmã cotovia Dizer-me se esperas O nascer do dia José Afonso |
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Coisas de avó e neto
(Pois... podia ser um clip de vídeo, mas não me apetece pôr vídeos no meu cantinho, pode ser que qualquer dia vá bater à porta do You Tube ou de outro seu concorrente, mas por enquanto não estou nada virada para aí)
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
...
Como sei que a expressão 'férias' de carnaval só é apropriada para os alunos (de mim pensarão muitos que agora estou sempre em férias), não digo que este cantinho vai fazer umas feriazinhas, prefiro dizer que vai fazer um intervalo (como, aliás, vem sendo frequente).
Mas deixo um quadro pendurado na parede e, na mesinha por baixo, mais um desses poemas em que Bashô exprimia um momento, uma percepção, um estado interior, com a fascinante criação de beleza conseguida em apenas três versos.
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F. Vallotton (1893). La Manifestation.
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P.S. - Destaque para um artigo
Já tinha publicado este post (a iniciar o meu "intervalo") quando li o artigo para que o Henrique Santos chama a atenção aqui. Não resisti a vir reforçar a sugestão do Henrique, para a eventualidade de algum visitante a este cantinho não ter ainda visto essa sugestão de leitura, pois consideraria bem oportuno se o artigo fosse divulgado tanto quanto possível. E não resisti porque o referido artigo não é escrito por um português, o autor não estaria a pensar especificamente na actual política educativa no nosso país, mas (a meu ver) até poderia perfeitamente estar a pensar nela também.
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Os professores da Finlândia
Título: El país de los maestros
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Isto já não é só arbitrariedade prepotente, é demência (e violenta)
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
O que eu esperaria agora se fosse ingénua
Este post não tem a ver com o referendo de ontem, em si, e é independente do resultado pois já estava em draft aguardando apenas pelo dia seguinte. Também (e isto sublinho) não toca os que, contrariamente ao meu voto, optaram pelo não de acordo com a sua reflexão autónoma e séria, baseada em convicções ou na interpretação que pessoalmente fizeram do seu significado - não me pronunciei em lado nenhum público e respeito todas as opções honestas de todas as pessoas que procuram pensar honestamente consigo próprias. Dado este esclarecimento, passo ao que motiva o título do post.
O que eu esperaria agora (se fosse ingénua) é que essa tão grande mobilização conseguida, levando a grandes manifestações "pelo direito à vida", fosse aproveitada para continuarem manifestações por esse direito nas situações verdadeiramente inequívocas. E gostaria também que a política até agora levada a cabo por quem governa me permitisse confiar que medidas sociais, medidas no domínio da assistência na saúde e também medidas que levem a todos, incluindo adolescentes, informação e apoio atempado sobre como evitar gravidez indesejada caminharão no sentido da prevenção, pois julgo que não há mulher nenhuma que tenha praticado aborto (ou que venha a praticá-lo) que não preferisse não ter tido (ou não ter) que enfrentar tal decisão - mas confiar depois de se andar a observar as prioridades do actual governo, concorde-se que não é simples.
O que eu esperaria, se fosse ingénua, era que a TV não perdesse o balanço, lembrando-se agora dos milhões de crianças que nasceram mas eu não sei se se pode chamar vida às suas vidas, morrendo milhares por dia de fome, vivendo muitos e muitos mais milhares sob o terror quotidiano no meio das guerras, inclusive aquelas (a maioria) que são desencadeadas directa ou indirectamente pelos grandes senhores do mundo sob argumentos hipócritas e interesses escondidos, enquanto outros que não são senhores do mundo mas governam em seus países fecham os olhos, subservientes às políticas "globais".
Mas esses milhões de crianças a cujas vidas é difícil chamar vida estão lá longe, noutros sítios do mundo. Pois... Certas bocas só se enchem publicamente em nome da "globalização" quando lhes convém. Denúncias e imagens na TV , por exemplo, não convêm aos que a controlam, incomodam e o que é preciso é acomodar-se - não incomodar-se. E que as pessoas comuns se distraiam, não vão elas lembrar-se, aqui e por outros países, de começarem a incomodar-se demasiado e acabarem por encher as ruas. (Países afastados e protegidos dos dramas da outra metade do mundo pois neles vidas que também não são vida são em proporção ínfima face a esses dramas - são agora, quiçá até um dia...)
(Eu disse no meu post anterior que explicaria a "estranha" associação de ideias que me levara à colocação de uma foto. Eu acredito na sinceridade de muitos que ergueram cartazes "Pelo direito à vida", como na de muitos que ergueram outros contra uma lei punitiva, agora cá, noutros países noutras alturas, mas estou farta dos hipócritas de cá e de lá (e obviamente que agora já não estou a referir-me ao referendo), esses até não precisam de descer à rua para defenderem o que querem defender, esses ou têm na mão os cordelinhos poderosos das políticas, ou penduram-se neles pois isso de não se deixarem ir a reboque exigiria coragem demais...)
sábado, fevereiro 10, 2007
Cá estou eu com as minhas estranhas associações de pensamentos...
Mas eu não tenho culpa que o meu pensamento faça sozinho umas associações de ideias, e eu hoje não consigo detê-lo se não lhe fizer a vontade deixando aqui escondidinha no meu cantinho essa foto... (só uma entre tantas acessíveis)
(O meu pensamento não me é assim tão insondável, acho que depois do fim de semana já poderei explicá-lo)
(Foto recolhida há um tempo na net, peço desculpa por não ter guardado o endereço)
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
A grande ironia das minhas leituras
Tendo ficado ainda na Introdução, na noite passada, deparei-me hoje com um texto referenciado pelo Henrique Santos neste seu post, e também pelo Paulo Guinote, que o transcreve no seu post aqui.
Infelizmente, esse texto não descreve uma fantasia, mas um futuro possível (e possivelmente muito próximo, pois as "evoluções" agora dão-se a velocidade vertiginosa). Por isso, ao pensar na leitura que ontem iniciei - eu, que já nem preciso de me inteirar de recentes investigações para nortear prática profissional (aliás, a 1ª edição do livro já é de 1999) -, não senti vontade de rir, também não propriamente de chorar, mas sim uma enorme ironia, como que parecendo rídicula a investigação realmente científica no terreno do ensino-aprendizagem face aos interesses, objectivos, perspectivas que imperam no mundo actual, nesta chamada sociedade do conhecimento - designação também a parecer irónica a quem vê o mundo como de e para todos e não de e para alguns apenas.
A quem eventualmente me leia e prossiga até final, peço que, se ainda o não fez, comece por ir ler o texto para o qual pus link acima, a fim de entender a que propósito aparece este meu post.
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«From Speculation to Science
(...)
The revolution in the study of the mind that has occurred in the last three or four decades has important implications for education.
(...)
• Research from cognitive psychology has increased understanding of the nature of competent performance and the principIes of knowledge organization that underlie people's abilities to solve problems in a wide variety of areas, including mathematics, science, literature, social studies, and history.
(...)
• Research on learning and transfer has uncovered important principles for structuring learning experiences that enable people to use what they have learned in new settings.
(...)
• Emerging technologies are leading to the development of many new opportunities to guide and enhance learning that were unimagined even a few years ago .
(...)
FOCUS: PEOPLE, SCHOOLS, AND THE POTENTIAL TO LEARN
(...)
• First, we focus primarily on research on human learning (...)
• Second, we focus especially on learning research that has implications for the design of formal instructional environrnents (...)
• Third, and related to the second point, we focus on research that helps explore the possibility of helping all individuals achieve their fullest potential.
(...)
Learning research suggests that there are new ways to introduce students to traditional subjects, such as mathematics, science, history and ljterature, and that these new approaches make it possible for the majority of individuals to develop a deep understanding of important subject matter. (destaques meus)
(...) »
* [Bransford, John D., Brown, Ann L. & Cocking, Rodney R. (Ed.) (2000). How People Learn: Brain, Mind, Experience, and School. Washington: National Academy Press].