Perdi a paciência, afinal já estou fora, e para que hei-de preocupar-me e até ficar efervescente com as notícias, aliás ainda muito escassas, que há sobre o assunto? Hoje despeço-me dele, pois de nada serve a preocupação de um simples professor, nem de vários, nem de muitos que o conhecem bem por terem acompanhado no terreno as evoluções do sistema de formação de professores após a Lei de Bases do Sistema Educativo, especialmente no que respeita às formações para a leccionação no 2º Ciclo. Mas também não pensem os colegas do 3º Ciclo e do Secundário que o assunto não lhes diz respeito, ou então não se venham a queixar quando os futuros alunos lhes chegarem às mãos.
Bati na tecla de algumas formações vigentes para o 2º ciclo e, recentemente, alertei para a visão da actual equipa do Ministério da Educação, relativamente à qual, no respeitante ao 2º ciclo, até um grupo de trabalho constituído por responsáveis de várias ESEs esteve contra, apesar de as ESEs serem as instituições que maioritariamente têm a cargo essa formação. (Esse meu alerta, incluindo informação de pareceres, está aqui).
O novo regime de formação para a docência na Educação Pré-Escolar e nos ensinos Básico e Secundário foi aprovado em conselho de ministros em 28 de Dezembro sem que dele fosse dado conhecimento público ou aos sindicatos de professores. Foram ontem divulgados alguns aspectos desse Decreto-Lei, e as posições da FENPROF (que acabo de ler) sobre o que já é conhecido não me indiciam que tenha sido corrigida a visão que mais me preocupava, embora ainda não tenha acesso ao diploma para ler com os meus próprios olhos. Entretanto, não preciso de ler para conhecer, desde a aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo, quer o facto de nunca terem sido postas em prática algumas disposições dela, quer o modo como foram sendo contornados e mesmo desvirtuados princípios nela inscritos depois de processo árduo para se conseguir uma lei que, pela sua importância, requeria a obtenção de consenso.
A pôr ponto final num assunto com que me preocupei longamente (e disso, já tive quanto baste), deixo apenas e sucintamente uma memória que até devo ter escrito com mais pormenores algures neste cantinho. É a memória de quatro estagiárias que tive numa turma minha de 6º ano, a partir só de finais de Fevereiro desse ano, e tive apenas na qualidade de cooperante, não de orientadora. (Para não cometer injustiças, esclareço que não frequentavam uma ESE, mas um desses institutos privados, igualmente credenciados para a referida formação).
Bati na tecla de algumas formações vigentes para o 2º ciclo e, recentemente, alertei para a visão da actual equipa do Ministério da Educação, relativamente à qual, no respeitante ao 2º ciclo, até um grupo de trabalho constituído por responsáveis de várias ESEs esteve contra, apesar de as ESEs serem as instituições que maioritariamente têm a cargo essa formação. (Esse meu alerta, incluindo informação de pareceres, está aqui).
O novo regime de formação para a docência na Educação Pré-Escolar e nos ensinos Básico e Secundário foi aprovado em conselho de ministros em 28 de Dezembro sem que dele fosse dado conhecimento público ou aos sindicatos de professores. Foram ontem divulgados alguns aspectos desse Decreto-Lei, e as posições da FENPROF (que acabo de ler) sobre o que já é conhecido não me indiciam que tenha sido corrigida a visão que mais me preocupava, embora ainda não tenha acesso ao diploma para ler com os meus próprios olhos. Entretanto, não preciso de ler para conhecer, desde a aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo, quer o facto de nunca terem sido postas em prática algumas disposições dela, quer o modo como foram sendo contornados e mesmo desvirtuados princípios nela inscritos depois de processo árduo para se conseguir uma lei que, pela sua importância, requeria a obtenção de consenso.
A pôr ponto final num assunto com que me preocupei longamente (e disso, já tive quanto baste), deixo apenas e sucintamente uma memória que até devo ter escrito com mais pormenores algures neste cantinho. É a memória de quatro estagiárias que tive numa turma minha de 6º ano, a partir só de finais de Fevereiro desse ano, e tive apenas na qualidade de cooperante, não de orientadora. (Para não cometer injustiças, esclareço que não frequentavam uma ESE, mas um desses institutos privados, igualmente credenciados para a referida formação).
Eram jovens trabalhadoras, empenhadas, entusiastas e que queriam mesmo ser professoras (e boas professoras). Apesar de assoberbadas por outros trabalhos além daquele (pseudo) estágio, arranjavam disponibilidade para todas as horas (muitas) que elas próprias eram as primeiras a pedir, dado que eram críticas quanto à insuficiência da duração da formação em tantas vertentes como as científica, didáctica, pedagógica e não só. Dei-lhes muitas horas para além do que se inseria nas minhas obrigações como cooperante apenas, e dei com gosto porque elas iam tendo consciência das lacunas a nível científico e de dificuldades até elementares que queriam ultrapassar.
Desejo que estejam colocadas e não duvido de que sejam professoras competentes, mas também não tenho dúvidas que terão tido que fazer, para isso, um considerável esforço pessoal adicional à formação recebida. Porque só cabeças tais como as da actual equipa ministerial podem não perceber que não chega uma formação (agora, pelos vistos, ainda mais "generalista") que não dê a preparação científica especializada indispensável para que o professor saiba mais do que ensina, mesmo a nível ainda elementar/inicial, sob pena de não ficar capacitado para, por exemplo, iniciar os alunos no processo progressivo de aquisição/elaboração de conceitos, devido a não ter ele alguns bem elaborados ou sequer minimamente, mas correctamente, adquiridos.
E pronto. Prossigam os ministros da educação com uma política de formação de professores que fique o mais barata possível, com a justificação de que os meninos ficam traumatizados com a passagem do professor único do 1º ciclo para vários professores - justificação de que até se ririam os próprios alunos, pelo menos após a primeira ou segunda semana dessa transição -, prossigam, que eu fico-me com a minha opinião mas não vou insistir mais no assunto.
E pronto. Prossigam os ministros da educação com uma política de formação de professores que fique o mais barata possível, com a justificação de que os meninos ficam traumatizados com a passagem do professor único do 1º ciclo para vários professores - justificação de que até se ririam os próprios alunos, pelo menos após a primeira ou segunda semana dessa transição -, prossigam, que eu fico-me com a minha opinião mas não vou insistir mais no assunto.
10 comentários:
Realmente esta é uma questão a que estive meio (quase totalmente?) desatento.
A culpa é só minha porque cheguei a receber o ante-projecto do actual diploma por parte de colegas e - sinceramente - não o li com toda a atenção e sempre pensei que, como ainda existiam negociações, o disparate fosse barro atirado à parede.
Displiscência e credulidade em excesso.
Deixemo-nos de generalistas e generalidades.
Queremos especialistas e especialidades.
Queremos que pessoas especiais tenham, no seu aniversário, um dia especial.
Beijo de parabéns!! *
De facto Isabel, bem alertaste para o que se estava a cozinhar. Isto é demais.
Ainda em "transe" com a notícia de ontem, venho dar-te um grande beijinho de parabéns. [A mesa está posta no Aragem :)].
De parabéns pela tua força, energia, vontade de viver e capacidade de nunca te deixares adormecer.
Parabéns pelo amor que transmites pela Educação, nomeadamente pelos alunos e pela Matemática.
Parabéns pela tua presença.
Um abraço***
Eu ainda não estou de saída, mas tenho pena.
Já devia ter saído deste antro que é a educação.
Mas como não posso sair, vou escrevendo:
Notícias Boas
Vi com agrado as notícias da TV. Estou a acabar a minha licenciatura em "Saber umas coisas", que neste momento já sei. Agora vou fazer o mestrado em "Saber umas cositas mas", com 30 créditos e 0 débitos em "Saber umas cositas mas 1", "Saber umas cositas mas 2", "Saber umas cositas mas 3", "Saber umas cositas mas 4"... Vou a ficar a saber muito mais coisitas para depois estar preparado para responder a qualquer coisita que os alunos me perguntem sobre "Saber umas cositas mas ". Fantástico, não é???!!!
Manel Banha ( 16.01.2007 | 21:16:03 )
http://www.educare.pt/educare/Detail.aspx?opsel=3&schema=3DC95E67317F0B43A7054E8975CA4107&contentid=AAA18AA3C8E14D86ABF7077F37A4E343&channelid=D0F0AC0200F0F04D97BB3763715B729A&forumchannel=0745B14B979BC24A968DE617BF8A8958&forumcontent=1E47D2B8D221056DE0440003BA2C8E70&forumtitulo=Concurso%20de%20docentes&linkpai=sim
Vim deixar um beijinho de parabéns atrasado...
Obrigada a todos pela visita.
Obrigada aos confrades do Aragem, que lá descobriram um segredito que não tem a ver com este post [mimos para eu não ficar amuada com isto da contagem de anos ;), nomeadamente de uma parceira nessa disciplina que tanta tinta tem feito correr nos últimos tempos]
Beijinho de parabéns tão atrasaaaaaado.... Ai que turbilhão!
Encontrei este post por acaso numa pesquisa sobre utilização de blogues em contexto educativo (trabalho inserido no mestrado em Multimédia em Educação da Universidade de Aveiro), mas como o assunto aqui em análise diz-me directamente respeito, fica aqui o meu comentário.
O país precisa de professores unidos, agora mais do que nunca. Precisa de bons professores unidos a favor de uma escola pública de qualidade. A nossa classe sofre de uma grave doença que a impossibilita de mostrar aso nossos governantes o caminho, não através de contínuos protestos que já vimos não adiantarem nada, mas de trabalho efectivo e no terreno. Precisamos de Conselhos Executivos capazes de mostrarem às direcções regionais o porquê de determinadas medidas não serem executáveis.
Precisamos de uma ordem que regule a nossa actividade, que regule a nossa formação, de um modo consciente e exigente, sem rodeios, sem pressões economicistas...
Continuação de boas reflexões,
Hugo Monteiro (professor do 1.º Ciclo).
Hugo, obrigada por ter comentado.
Bom trabalho nesse mestrado numa área que actualmente abre tantas possibilidades de actuialização e inovação nas estratégias de ensino-aprendizagem!
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