Li, há poucos dias, um trabalho realizado no âmbito de uma tese de mestrado(1). Esse trabalho chegou-me às mãos devido a que a respectiva investigação foi assumida como replicação parcelar daquela que eu própria fizera, publicada pelo (extinto) IIE em 2001(2). Ao trazer-me à memória os depoimentos dos "meus" informantes, que durante tanto tempo andaram no meu pensamento, e ao constatar que o estudo agora feito revela as mesmas tendências, em depoimentos igualmente obtidos por entrevistas abertas, realizadas mediante técnicas de entrevista "em profundidade", não dirigida, decidi-me a ultrapassar a grande relutância em citar um modesto trabalho meu.
Numa época em que as escolas se debatem com a integração de crianças e adolescentes cujos comportamentos são quase inevitáveis consequências dos que observam (e sentem na pele) no dia a dia do meio em que vivem, e não cabendo num blog explanar investigações existentes mais autorizadas mas de difícil acesso para quem não seja professor do ensino superior nem tenha cartão de estudante do mesmo a facultar bases de dados para pesquisa dessas investigações, acabei por pensar que não devo deixar de, ao menos, divulgar alguns dados que eu mesma tenho à mão porque os recolhi directamente e agora os vejo também recolhidos e a apontarem para as mesmas tendências no âmbito do pensamento moral. Para mais, a amostra, na investigação que acabei de ler, circunscrita a crianças e pré-adolescentes vivendo num meio caracterizado como sociomoralmente problemático, é maior do que a minha - embora não permitindo análise comparativa com a de depoimentos de alunos vivendo em meio de características opostas, o que, no meu caso, foi incluído.
Assim, decidi-me a abordar o tema, talvez não só no próximo post, mas também em mais um ou dois a colocar qualquer dia, esses não meus, mas escritos com palavras "deles" - desses meninos e meninas na pré-adolescência ou no início da adolescência que, perante o tema inesperado O Bem e o Mal, começavam, alguns, a falar com dificuldade para, a pouco e pouco, irem falando... falando...
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(1) Helena C. C. Costa Gonçalves (2006). Subúrbios da Utopia. Percepções e crenças sobre o bem e o mal de crianças e adolescentes de um bairro sociomoralmente degradado. Tese de mestrado, Universidade Nova de Lisboa.
(2) Campeão, I. (2001). Cognição Sociomoral: percepções e crenças sobre o Bem e o Mal de pré-adolescentes com diferentes espaços de vida. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional
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Adenda:
Não é publicidade, pois, extinto o IIE, deve ser como procurar agulha em palheiro encontrar o livrinho para venda, além de que não recebi um tostão das vendas, o direito foi de receber um monte de exemplares para a família e alguns amigos guardarem na prateleira sem abrir, que este tipo de trabalho é de leitura superchata excepto para quem ande a estudar o respectivo assunto. Mas, já que venci o constrangimento de o referir, alguém eventualmente interessado em conhecer o resumo pode encontrá-lo aqui.
3 comentários:
Isabel, preciso ler sobre a moral, já que ela est+a associada aos valores, um tema importante no meu doutoramento, será que tens a tua tese em pdf para que me possas ceder? beijos
Miguel, não tenho em pdf, eu nunca a divulguei, foi o IIE. Mas tenho exemplares, manda-me o teu endereço por e-mail, terei muito gosto em te enviar uma. Pelo menos tens lá bastante bibliografia (a minha tese foi só um estudo exploratório, mas investi na parte teórica)
P.S.:
Miguel, nem a tenho em disco, tinha-a em disketes que já foram ao ar.
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