O RELÓGIO
(adereço conceptual para usar no pulso)
Pára-me um tempo por dentro
Passa-me um tempo por fora.
O tempo que foi constante
no meu contratempo estar
passa-me agora adiante
como se fosse parar.
Por cada relógio certo
no tempo que sou agora
há um tempo descoberto
no tempo que se demora.
Fica-me o tempo por dentro
passa-me o tempo por fora.
Ary dos Santos. Adereços, Endereços (1965)
2 comentários:
o tempo que passa por fora envelhece mas o que fica por dentro enriquece, nao e?
Digo eu, que ainda estou pouco experinete nestas coisas de passagem do tempo!
Beijitos IC e bom fim-de-semana!
Espero que o tempo passe bem devagarinho!
No tempo psicológico, no que "me pára por dentro", Ary estará sempre vivo, mas, no que passa por fora, Ary deixou-nos já há uma eternidade... (e aqui juntam-se os tempos - o cronológico com o psicológico.)
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