sábado, julho 09, 2011

Do estado de graça ao 'nim' foi um passo, mas falta o salto de grande altura

Com todo o respeito e solidariedade que tenho pela "classe docente", da qual me sentirei sempre a fazer parte, apesar de aposentada, é inegável e os próprios professores reconhecem em si um defeito que desde sempre foi uma característica da maioria: só se informam devidamente, só lêem legislação (e, agora, programas eleitorais), só começam a prestar atenção pelas suas próprias cabeças ao que lhes diz respeito quando males já estão a cair em cima da sua. Os professores não têm que ser muito politizados, mas deveriam assumir aquilo que se espera deles: serem intelectualmente informados, pesquisadores, se necessário, das ideias daqueles em quem vão votar e daqueles que andam "na berra" como possíveis ministros, especialmente da Educação; e também participarem activamente nos seus sindicatos em vez de se limitarem a atirar culpas aos dirigentes, como se os sindicatos fossem apenas as direcções e não tb os próprios sindicalizados.
 Eu e bastantes outros, se conhecemos bem Nuno Crato há que tempos não foi por que tenhamos feito algum curso para identificar ideias e ignorâncias!
Além disto, a obcessão com a ADD (embora havendo toda a razão para contestar fortemente modelos de avaliação injustos, não formativos mas sim penalizadores por motivos economicistas, carregados de burocracia e desestabilizadores das relações de trabalho e da cooperação) cegou muitos quanto ao resto, nomeadamente quanto ao perigo de destruição da Escola Pública de qualidade para todos.
O povo português foi iludido, mas depressa o percebeu, o que se observa nos comentários "de rua" de pessoas com pouca instrução mas que já descortinaram esse "programa oculto" sob o chamado "programa do governo", que se irá revelando a pouco e pouco. Por isso, custa-me dizer, mas é preciso dizer aos caros colegas professores que têm obrigação de descortinar mais depressa o programa do governo, ao menos no que respeita à Educação-Ensino (embora esta parte não se possa desligar do todo). Além de que não se pode ser bom professor quando a cabeça se descentra (e é empurrada por bastante "blogosfera" a desviar-se) da sala de aula, dessa sala onde pais e mães desde a classe média até à mais desfavorecida deverão poder ter os seus filhos, confiantes de que serão instruídos e bem formados.

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