quinta-feira, setembro 02, 2010

(Re)Acordar o Educador para um ano escolar diferente


Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor.
Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.


De educadores para professores realizamos o salto de pessoa para funções.

Eu me atrevo a dizer que o fantasma que nos assusta e que nos causa pesadelos mesmo antes de adormecer, o fantasma que nos faz contar, apressados, os anos que ainda nos faltam para a aposentadoria, é a absoluta falta de amor e paixão, o absoluto enfado das rotinas da vida do professor.
São causas como esta, a aposentadoria do professor, que nos mobilizam. Não me entendam mal. Não vai aqui uma crítica. Vai apenas uma constatação: como deve ser sem sentido a vida de alguém que, após vinte e cinco anos, se sente exaurido!

Por que nos esquecemos dos nossos sonhos? Que ato de feitiço fez adormecer o educador que vivia em nós? Aqui é fácil encontrar explicações apontando para os donos do poder: foram eles que nos castraram. Tenho, entretanto, a suspeita de que esta não é toda a estória a ser contada. Pergunto-me se nós mesmos não preparamos o caminho. Quando os ferros em brasa nos marcaram, não é verdade que já éramos bois de carro?

A um discurso que não é uma expressão de amor falta o poder mágico de acordar os que dormem, falta o poder mágico para criar.
E eu pensaria que o acordar mágico do educador tem então de passar por um ato de regeneração do nosso discurso, o que sem dúvida exige fé e coragem.

Talvez que um professor seja um funcionário das instituições que gerenciam lagoas e charcos, especialista em reprodução, peça num aparelho ideológico de Estado. Um educador, ao contrário, é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos.

Não sei como preparar o educador. Talvez que isto não seja nem necessário, nem possível... É necessário acordá-lo.
E aí aprenderemos que educadores não se extinguiram.

Excertos de texto de Rubem Alves em Conversas com quem gosta de ensinar.

1 comentário:

Isabel Preto disse...

Lindo este excerto...tão verdadeiro e necessário.
queria também agradecer o convite para o chá...tenho andado triste, novamente, mas ansiosa pelos meus alunos...A tristeza tem a ver com a família, não com a Escola, pois com os alunos nunca me decepcionei a valer. Mesmo com espinhos, amo estar com os alunos, partilhar com eles saberes, aprender, por vezes mais que ensinar.
Um beijo doce e obrigada pela tua amizade, que tanto me tem ajudado.