Entre os meus haikus preferidos estão os de Bashô. Hoje deixo uma pequenina colecção de haikus dele. (As "ilustrações" foram escolhidas por mim neste site de arte japonesa)
sábado, outubro 31, 2009
quinta-feira, outubro 29, 2009
Hoje voltei aos bancos da escola ;)
Pois... Eu gosto muito de estar na situação de aluna. Gostei muito quando, em tempos, fiz um "curso pós-graduação" (entre aspas porque não sei se ainda se chama assim ou até se a modalidade ainda existe), tal como gostei muito quando fiz mestrado, então já avó. (Bem... não era assim tão velha, fui avó pela 1ª vez bastante cedo... lol).
Agora, é só um cursinho de um ano apenas com uma aula semanal, na SNBA, mas já várias pessoas me tinham dito que era muito interessante, pois o professor (por acaso meu amigo e também meu vizinho de prédio) dá-o de uma forma especial no modo como vai estabelecendo relações entre a pintura, por um lado, e outras formas de arte como o cinema e até a literatura. E esta primeira aula, hoje, até excedeu as minhas já boas expectativas.
quarta-feira, outubro 28, 2009
segunda-feira, outubro 26, 2009
Desejando a todos boa semana...
... hoje deixo apenas um pequeno poema.
Dir-se-ia de repente
O horizonte é mais vasto e generoso
O coração repousa
Um pouco
Distende as asas
Mas sem levantar voo
Alberto de Lacerda (1947- 2007)
(Via Amélia Pais)
Dir-se-ia de repente
O horizonte é mais vasto e generoso
O coração repousa
Um pouco
Distende as asas
Mas sem levantar voo
Alberto de Lacerda (1947- 2007)
(Via Amélia Pais)
domingo, outubro 25, 2009
terça-feira, outubro 20, 2009
Momento poético e musical
Poema:
Vem devagar sobre a corda da minha espera
ninguém saiu à rua mas há rosas
assim a tarde assim a mudança em disfarce
Demora-se a loucura e a camisa
e o teu corpo moreno espalha-se pelas ruas
Vem devagar
o sol teceu a tarde para o nosso encontro
o sol, caindo, insiste para que nos vejamos
Ossanha
Para acompanhar o poema:
Com o agradecimento à Amélia Pais
Vem devagar sobre a corda da minha espera
ninguém saiu à rua mas há rosas
assim a tarde assim a mudança em disfarce
Demora-se a loucura e a camisa
e o teu corpo moreno espalha-se pelas ruas
Vem devagar
o sol teceu a tarde para o nosso encontro
o sol, caindo, insiste para que nos vejamos
Ossanha
Para acompanhar o poema:
Com o agradecimento à Amélia Pais
segunda-feira, outubro 19, 2009
Uma manhã duplamente feliz
Feliz pela Teresa, pela sua dissertação de Mestrado, pelo Excelente bem merecido (nota rara em Mestrado, mas a Teresa também é rara, como a Teia tem mostrado desde que foi criada). Seria também excelente que muitos e muitos professores seguissem a Teia para serem contagiados pela magia da Teresa na arte de ensinar / fazer aprender e no amor pelos alunos.
Foto "roubada" do Terrear
Feliz também por ter finalmente conhecido o José Matias Alves no real (digo no "real", pois, para mim, já há muito era um amigo e eu sentia que o conhecia, apesar de só virtualmente)
Foto "roubada" do Aragem
quarta-feira, outubro 14, 2009
Para reflexão, com Rubem Alves
O texto que se segue é um pequeníssimo extracto de uma conferência(*) de Rubem Alves que reproduzo por escrito ouvindo o DVD(**), pelo que há uns pequenos intervalos.
«O que nós temos nas nossas escolas é que as nossas escolas se parecem mais com linhas de montagem. (...). Quando a criança é aprovada por causa das notas, os burocratas assumem que elas aprenderam. Vocês sabem que elas não aprenderam. E porque é que vocês sabem que elas não aprenderam? Porque vocês mesmos as esqueceram. (...) Se os professores que preparam os alunos para os vestibulares forem fazer o exame, eles serão reprovados, porque cada um só será aprovado na sua própria disciplina. É duvidoso que o professor de Português vá resolver problemas de Física ou de Química. Então façam a seguinte pergunta: Se todos serão reprovados, por que é que os nossos pobres adolescentes têm que saber tantas coisas que serão totalmente esquecidas? Mas os burocratas não percebem isso. Eles pensam que se você passar no exame, você sabe. Não sabe, é mentira.
E pela burocracia o aluno é uma coisa vazia dentro da qual você tem que colocar um saber. Fico pensando na situação de vocês, que são professores de uma única disciplina. Eu sinto que vocês são como aqueles guias turísticos que todos os dias repetem... (...). E o que está acontecendo então é que os pobres professores são colocados num canal de repetições no qual desaparece toda a alegria de aprender as coisas novas. (...)
Um amigo meu (...) me contou que uma vez resolveu fazer uma brincadeira com os alunos. Ele pediu aos alunos que escrevessem numa folha de papel a pergunta que mais provocava a sua curiosidade. As perguntas eram do tipo: por que é que a água fervendo endurece o ovo e amolece a cenoura? (Vocês já pensaram nisso?); por que é que a chuva cai em gotas e não cai toda de uma vez? (Eu sempre tive terror de que a chuva caísse toda de uma vez); o que é que veio primeiro, o ovo ou a galinha? (... Esse é um problema racional muito sério, um problema lógico que estava colocado na pergunta da criança. As crianças são extremamente inteligentes); por que é que as pessoas boas morrem mais cedo?; por que é que há pessoas que não gostam de árvores?.
Perguntas das crianças. Aí ele pensou: se as crianças fazem perguntas tão maravilhosas, os professores, que já se formaram, alguns têm mestrado, eles terão perguntas muito mais maravilhosas do que essas. Então ele sugeriu aos professores que fizessem perguntas, as perguntas que perturbavam os professores. Aí, o professor de Geografia perguntou: onde fica o cabo...? (não consegui perceber o nome); o professor de História perguntou: qual é a data da batalha de Gualdalquivir?; (...) Ou seja, os professores, por causa do seu costume, feito pela burocracia, de andarem sempre nos mesmos caminhos, estavam cegos, eles haviam perdido a capacidade de ver porque eles só viam o programa que a burocracia havia colocado em cima deles. Então não é possível que a gente se sinta feliz. (...)
Queria sugerir a vocês que vocês tratassem de raspar as tintas com que a burocracia pintou vocês, que raspassem as tintas para recuperarem a coisa maravilhosa que é a experiência de ensinar.»
Rubem Alves termina assim esta conferência (da qual o extracto acima é quase no início):
«Há coisas úteis que precisam de ser ensinadas. Mas todas as coisas úteis só têm um objectivo: tornar possível a beleza, a arte. E quando nós como professores nos descobrimos como aqueles que tornam possível o aparecimento da beleza, então nós nos sentimos bonitos, e então a gente funda a nossa banda de jazz.» (Destaque meu)
_______
* Conferência promovida pela Asa pela mão do JMA (Maio de 2003).
** DVD que é para mim uma preciosidade que o JMA teve a grande gentileza de me oferecer.
terça-feira, outubro 06, 2009
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colasanti
Com o agradecimento à Amélia Pais
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colasanti
Com o agradecimento à Amélia Pais
segunda-feira, outubro 05, 2009
No Dia do Professor...
Deixo apenas um pensamento de Rubem Alves, que diz imenso.
O olhar do professor tem o poder de transformar uma criança
em inteligente ou burra.
Rubem Alves (2003)
Em conferência promovida pela Asa pela mão do JMA
sábado, outubro 03, 2009
Aquisição súbita
Hoje estive com a Teresa Marques e outros amigos na FPCE. Ela levava um portátil branquinho e maneirinho (um netbook - acho que é assim que se chama) que me encantou e tentou. Ora eu só tive um portátil há anos, que já foi para a sucata, e não voltei a pensar noutro dado o elevado custo, para mais não tendo especial necessidade. Mas ando desactualizada, pois fiquei surpreendida com o preço daquele portátil tão prático, pelo tamanho, para levar para uma esplanada ou mesa de um parque. Foi pena isto não ter acontecido antes do Verão, pois, "viciada" no Scratch, tenho ficado demasiado tempo em casa quando até tenho a uns passos a agradável Quinta das Conchas e dos Lilases. Mas ainda vamos ter muitos dias agradáveis antes dos invernosos.
E, assim, foi uma decisão súbita, tudo num dia (mas tinha que ser aquele branquinho!). Logo que recebi o email da Teresa com as características todas... zás... fui direitinha à FNAC. E como disse à Teresa que, se me decidisse à aquisição, logo lhe diria demonstrando com uma foto...
E, assim, foi uma decisão súbita, tudo num dia (mas tinha que ser aquele branquinho!). Logo que recebi o email da Teresa com as características todas... zás... fui direitinha à FNAC. E como disse à Teresa que, se me decidisse à aquisição, logo lhe diria demonstrando com uma foto...
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