Passei pelo site da FENPROF mas, como era de esperar (Agosto não terminou), ainda está em silêncio, lêem-se as intenções escritas em Julho e subscritas por 13 organizações. Resta aguardar.
Mas, do que estou mais expectante é da disposição com que os professores regressarão ao trabalho. Sei que o novo ECD já não é meu, mas acho que ainda não interiorizei bem que passarei a saber dele, bem como das escolas, do estado do ensino público e da política educativa apenas por notícias. De qualquer modo, a minha atitude não é só expectante, é preocupada também. Por um lado, porque tenho dois netos em idade escolar que vão crescer e fazer a sua vida neste país; por outro lado, porque, quando são goradas no imediato esperanças em que se investiram muitos pedaços de vida, uma pessoa transfere-as para prazo mais alargado, teimando em que não fiquem afinal sem sentido.
A minha maior interrogação, neste momento, é a que aqui deixo: Quais vão ser as consequências do ataque à classe docente feito ao longo do último ano, da culpabilização que tão amplamente foi lançada sobre os professores (do ensino não superior), e também da mais e mais burocracia em que escolas e professores foram enredados - quais vão ser as consequências?
5 comentários:
Tremo de pensar nelas... e, ao mesmo tempo... a nossa classe às vezes deixa-se anestesiar e enredar sem estrebuchar como peixe descontente. Quando tentei dinamizar sessões para discussão do ECD na escola... o resultado foi próximo de nada (claro, com "desculpa"... é final do ano tudo cansado e tal e tal)... agora... é início do ano... ai tanta coisa para fazer e tal e tal! (Como se o ECD fosse qq coisa para encaixar nos "afazeres")... Não sei não... não sei quais vão ser as consequências...
Faltou algo: beijinhos!!!!!
Cara Isabel
bem sei que estás do lado de fora da escola e que tens todo o direito de te dedicares a outros "assuntos". No entanto gostava de te fazer um pedido: pelo menos aqui no teu blog, por vezes, dá testemunho da tua experiência de vida como professora, como professora de matemática que se formou e teve a oportunidade de trabalhar num tempo em que algumas utopias pareciam mais reais e mais fácéis de obter do que realmente eram. Dá testemunho do gosto de ensinar aliado à necessidade de lutar pela Dignidade dos alunos e dos professores.
Estamos num tempo em que muita acomodação e descrença se instalou na mente de muitos de nós. Aqueles de nós que mantiveram os ideais pedagógicos, apesar da poeira dos anos têm a possibilidade de transmitir esse Saber e esses Valores.
Se te for possível faz isso...
Caro Henrique
Um obrigada muito sincero pelas tuas palavras, pois deixaste-as precisamente quando, desde há dois ou três dias, andava a olhar para o título deste cantinho a pensar que devia desistir dele (o título) e mudá-lo. Porque eu não sei se as memórias de professora ainda fazem sentido actualmente, não porque pense que certos ideais pedagógicos já não fazem sentido, mas porque, no imediato, o urgente é criar as condições para que voltem a fazer, nomeadamente as condições de trabalho com os alunos, cada vez mais generalizadamente dificultadas pela indisciplina, o facilitismo, a falta de inculcação desde cedo de hábitos de atenção, esforço e responsabilidade, o que pessoalmente considero dos maiores problemas de hoje na escola pública portuguesa, mas que a escola sozinha não pode resolver.
Mas, acho que as tuas palavras me ajudaram a desviar-me da ideia de ambadonar o título "memórias" - tenho que repensar isso ;)
Um abraço.
3za, retribuo os beijinhos :)
Venho também por minha vez agradecer as palavras do Henrique e renovar o desafio ;)
Beijinhos.
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