Estou precisando de algum tempo para trazer aqui a memória (devidamente comprovada, que memória só por si, tenho-a bem presente) da evolução (ou involução) do sistema de formação de professores para leccionação do 2º Ciclo do Ensino Básico desde que, em 1986, tivemos a 1ª Lei de Bases do Sistema Educativo. 2º ciclo, porque o conheço bem; 2º ciclo, também porque ninguém negará decerto a importância determinante da aquisição de "bases" no futuro escolar dos alunos e nas possibilidades (que há o possível, mas também há o impossível) que terão os professores dos ciclos seguintes (e até também conheço bem o imediato, o 3º Ciclo).
Entretanto, encontrei quase por acaso um documento do Conselho Nacional da FENPROF, de 25 de Novembro de 2004, de que deixo abaixo dois breves extractos (do 1º parágrafo e do ponto 6, relativo à formação de professores, inicial e contínua). Inicial - já neste blog toquei nela, se a Srª Ministra vai tocar é que não sei; Contínua - a tal que se tem dito, com razão, que dá créditos que tornam as mudanças de escalão equivalentes a automáticas, sem se acrescentar que do modelo disponível conhecido por FOCO e da degradação subsequente do mesmo não são responsáveis os docentes, que sempre defenderam o direito a uma formação contínua de qualidade e pertinente.
"A chamada Lei de Bases da Educação, que a maioria de direita aprovou sozinha na Assembleia da República, foi posteriormente sujeita a veto presidencial..."
"Uma nova Lei de Bases para a educação deve inscrever também a profissão docente como eixo central da qualidade de todo o sistema educativo, valorizando o papel que cabe aos professores nos processos de ensino e aprendizagem e na actividade global das escolas, exigindo que na sua formação, para além dos métodos e das técnicas científicas e pedagógicas ajustadas, se contemple também uma formação pessoal, cultural, social e ética, adequada ao exercício da profissão. A formação de professores, numa perspectiva de educação permanente, deve associar a formação inicial à formação contínua (...) A consagração de uma formação que favoreça e estimule a inovação e a investigação, para todos os níveis de ensino, com incidência particular no ensino superior, projectada a partir da própria actividade educativa, visando práticas reflexivas e atitudes críticas e actuantes no domínio social, deve ser posta em consonância com a relevância social da profissão docente e com a dignificação do seu estatuto de carreira."
(...www.fenprof.pt/?xpto=27&cat=53&doc=566&mid=115 - Princípios de uma nova Lei de Bases do Sistema Educativo)
7 comentários:
depois de ser dois anos conescutivos orientador pedagógico de escola, deixe-me que lhe diga que a qualidade de estágio deve passar pela obrigatoriedade dos orientadores se formarem especificamente para a função..pois partir do simples facto que basta ser professor para orientar...demonstrou-me, nest experiencia ser curto.
Miguel, mas nisso estou totalmente de acordo - se nalguma entrada aqui interpretou que não, algo terei expresso mal. O meu conhecimento da actual formação no 2º Ciclo baseia-se, por exemplo, no facto de ter voltado a leccionar há poucos anos um 6º ano e ter sido cooperante (apenas cooperante, havia o orientador pedagógico) com determinado Instituto no "estágio" de quatro formandas.Elas começaram a assistir às minhas aulas quase em Março e vieram a dá-las rotativamente, uma semana cada uma, o que totalizou, para cada, duas semanas - e a uma turma que não conheciam. Haverá orientador formado para a função que possa substituir esta escassíssima formação na prática (de que as próprias formandas, aliás, se queixavam?)
P.S. Esqueci esclarecer, para quem não temha 2º Ciclo na sua escola, que, neste, o orientador não tem turmas, pertence à instituição formadora (instituto superior ou ESE), pelo que são pedidos professores que se disponibilizem a cooperar, nomeadamente disponibilizando as suas aulas.
(Esse "comment deleted" era meu, que esquecera a identificação :) )
sabe, infelizmente os analistas deste pais (alguns porque têm formação n área têm ainda mais culpas quando abrem a boca para dizer barbaridades)só olham para os resultados dos exames, sem ver as condições como essa gente faz o seu estagio pedagógico. É que condições dessas, nem se pode exigir que repitam o que fizeram no estágio. Há pouco acabei de escrever noutro blogue que olhar os números dessa maneira levava todos os portugueses a questionarem para que serviu o 25 de abril se antes estavamos na cauda da europa e depois continuamos na mesma (vou escrver um post com isto)...é preciso avaliar o processo.....e uma parte do processo é a formação de professores
Pois, Miguel, e insisto na formação quando se anda a insistir na avaliação sem se tocar naquela (e, pelos vistos, até a tocar, mas para a degradar também agora em ciclos posteriores ao 2º). Mas, sobre os resultados em Matemática, também já foquei outras possíveis causas, em 2º comentário no mesmo blog que referiste (o outroolhar).E não deixarei de abordar a questão aqui no meu.
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