Ai o ponteiro da tortura
naquela sala
que a matemática tornava mais escura
em vez de iluminá-la.
Felizmente só o nada-de-mim ficava lá dentro.
O resto corria no pátio-em-que-nos-sonhamos,
pássaro a aprender os cálculos do vento
aos saltos do solo para os ramos.
Mas só quando voltava para casa à tardinha
encontrava a minha verdadeira matemática à espera
na lógica dura das teclas do piano,
no perfil-oiro-pedra da vizinha,
na flauta de água macia do tanque
- chuva de Mozart nos zincos da Primavera...
Matemática cantante.
-
(José Gomes Ferreira, 1957-58)
1 comentário:
:) pois é.
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