É bem diferente ouvir “stora, não vale a pena, eu para matemática não dou nada” entre os 5º e 7º anos , inclusive, de o ouvir quando se recebeu o aluno já no 8º ou 9º (últimos anos da escolaridade obrigatória). Neste segundo caso, de pouco serve o facto de, devido ao processo geral de desenvolvimento que em todos decorre com a idade, já possuir uma capacidade metacognitiva que lhe permite compreender quanto as suas dificuldades anteriores se deveram não a falta de capacidade, mas a não terem descoberto no tempo certo como pôr o raciocínio em marcha e dirigi-lo, como noutro artigo referi. Porque a Matemática básica é um edifício em que não se pode morar no 4º ou 5º andar subindo de elevador – é necessário percorrer os degraus até lá. E percorrê-los quando, já nesses anos mais avançados, sonham com uma profissão que requer a disciplina de Matemática (e com sucesso) no ensino secundário... bem, isso fica para aqueles cujas famílias podem gastar uma pequena fortuna em explicações particulares – a legislação que implementou aulas suplementares de apoio para recuperação até ainda está em vigor, só que a verba para elas sumiu, ficando apenas no papel mais um (des)investimento na educação no nosso país.
Não é só a experiência que me diz que todas as crianças sem deficiências patológicas têm capacidade para aprender – di-lo literatura do campo da investigação em educação.
“Pois.... eu fico preocupada em saber como se resolve o problema e não chego a meter a cabeça nele”, “Eu no teste queria lembrar-me, eu tinha estudado, e não consegui... afinal era só preciso pensar eu, o problema até era fácil!" "Acho que já ando a ver o que a stora quer dizer com aquilo... que os problemas não se decoram...” – estes são apenas três exemplos entre tantos outros surgidos em pequenas sessões devidamente planeadas da chamada actividade metacognitiva quando leccionava o 6º ano.
A “história” relativamente recente da Cláudia, que contarei num próximo dia, mostrará o que quero dizer com descobrir como se põe o raciocínio em marcha (e como essa descoberta ainda a tempo pode mudar tudo na relação de alguns alunos com a mat).
Sem comentários:
Enviar um comentário